2. Sob o Mesmo Teto.

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O silêncio reinou dentro do carro até chegarmos em casa. O banco de trás parecia confortável, pois quase não ouvia a respiração do novo morador da minha casa. Mami parecia muito confortável com aquele desconhecido entre nós e seguiu o caminho como sempre fazia: bem atenta ao trânsito. Eu por outro lado, agora tentava não pensar muito na cólica que estava sentindo, pois quanto menos eu pensasse, menos eu sentiria.

Em casa foi bem estranho, pois enquanto Mami tomou seu caminho para seu escritório, eu corri para o meu quarto e Gael ficou largado na sala. Ouvi minutos depois sua voz no corredor, quando Gertrudes estava lhe apresentando o quarto de hóspedes, que seria dele dali para frente.

Depois de tomar meu banho, consegui me acalmar. Nada como banho com sais de camomila e muita espuma. Coloquei um vestido cor de rosa e desci para o almoço que estava com um cheiro muito bom, mas eu não me daria ao luxo de comer tanto; coloquei algumas azeitonas, salada e tomates. Um pequeno pedaço de frango com queijo e coloquei o suco de uva em meu copo. Enquanto comia de pernas cruzadas, dando atenção unicamente a minha comida, o silêncio que me agradava tanto acabou quando o novo morador desceu as escadas parecendo uma cavalaria.

Ele estava de cabelos molhados e usava uma bermuda com uma regata. Puxou um prato e começou a fazer a montanha de comida. Era arroz, feijão, frango com queijo (muito inclusive) e catou um garfo. Sentou na parte da mesa a minha frente, colocou o suco e deu a primeira garfada, lotando a boca de comida. Antes mesmo que acabasse, colocou mais e fechou os olhos saboreando. Ok que a comida da Gertrudes era maravilhosa, mas ele estava se comportando como um ogro!

— Que foi, boneca? — perguntou ao abrir os olhos. — Incomodada?

— Sim! — exclamei com toda razão. — Coma direito, por favor.

Boneca — engoliu e já preparava outra colher —, isso está uma delícia! É que você não come, né? — apontou meu prato e eu olhei rapidamente para o mesmo. — Então não tem como saber.

— Eu preciso manter...—

— A forma, né? — deu de ombros e engoliu novamente.

— Sim, é isto — fiz cara de nojo ainda olhando. — Perdi o apetite — falei empurrando o prato mais para o centro da mesa e ele revirou os olhos.

— Você é uma chata.

Ignorei-o apenas e levantei-me da mesa, andando até a sala de TV, onde eu passei a maioria do meu restante de dia. Lilith estava o tempo todo deitada ao meu lado e vez ou outra ia até o hall de entrada tomar água. Não haviam deveres, mas eu já estava nervosa em pensar em ler Dom Casmurro. Não tinha o hábito de leitura e seria difícil para mim.

Por fim, no final da tarde mami mandou uma mensagem falando que teria que viajar às pressas. Nico ficaria na casa de um amigo e eu ficaria em casa, cuidando de tudo junto com o novo morador. Ela quis que Gertrudes ficasse o final de semana inteiro caso precisássemos de alguma coisa, mas falei que não precisava, que podia libera-la. Éramos grandinhos o suficiente para ficarmos em casa sem companhia.

Quando estava subindo as escadas, novamente a cavalaria estava descendo. Ele estava novamente de cabelo molhado, usava calças jeans e um moletom qualquer. Usava lápis de olho, o que eu achei bem diferente referente a sua personalidade.

Mami pediu para avisar que terá que viajar, então estamos responsáveis pela casa — alertei, começando a subir outros degraus.

— Quanto tempo? — sorriu de lado e cerrei os olhos.

— Se você está pensando em trazer alguma garota, pode parando — levantei um dos dedos. — Precisamos passar confiança para mami e papi.

Declínios de Uma Adolescente Rica [COMPLETA]Όπου ζουν οι ιστορίες. Ανακάλυψε τώρα