1. O problema.

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Já era a sexta combinação de roupa que eu experimentava e ainda assim estava insatisfeita. Meu cabelo também não era algo que agradava naquela manhã e já era a terceira vez que Gertrudes me chamava para tomar café antes de ir à escola, informando que já estava atrasada.

Andar no horário era algo totalmente incomum para Babi. Todos os dias, eu chegava a escola pelo menos 20 minutos atrasada, mas hoje, era o dia que nada me agradava. O período menstrual era algo que me tirava dos eixos.

Por fim, acabei escolhendo a roupa mais normal que possuía: uma saia curta de pregas cor de rosa, uma blusa de manga curta branca, e o casaquinho que fazia parte do conjunto com a saia. Coloquei a meia branca 3/4 e o saltinho rosa com pompom rosa. Prendi a parte da frente do cabelo para trás e retoquei o rímel (já que estava a com a maquiagem intacta feita pós-banho).

Dei um beijo em Lilith, a Yorkshire mini que havia ganhado em meu aniversário de 16 anos. Rapidamente desci as escadas e fui até a cozinha, onde um prato com minhas frutas favoritas (morango, abacaxi e kiwi) estavam picadas e com um garfo ao lado do prato prontas para serem devoradas.

Meu papi, naturalmente estava com um dos três celulares que usava em mãos, enquanto falava com alguém por outro aparelho, minha mami lia atentamente algum livro voltado a psicologia, e meu irmão Nico, jogava um jogo qualquer em seu tablet.

— Bom dia, família! — sentei-me à mesa, colocando a primeira garfada de fruta na boca.

— Você está atrasada — disse Leonor, sem tirar os olhos do livro. — O que houve?

— Ah, mami, não estou me sentindo bem hoje — disse fazendo bico, enquanto os olhos dela agora eram voltados para mim. — TPM e suas desvantagens desde sempre!

— Coisa de meninas! — meu irmão menor falou, enquanto mexia em seu tablet. Mostrei a língua para ele.

— Hoje você irá comigo — mami fechou o livro, guardou na bolsa e tomou mais um gole de café. — Aparentemente o colégio recebeu um aluno complicado e pediram para que eu faça um rápido atendimento.

— Amor, acho que não vou voltar hoje — finalmente papi se pronunciou, colocando os celulares na mesa. — Vou levar o Nico para o colégio e vou pedir para que Durval o traga para casa ao fim da tarde. Surgiu um imprevisto, terei que ir até o Rio. Preciso assinar alguns papéis na filial e em seguida eu prometo que iremos fazer nossa viagem, tá bom? — mami sorriu e segurou sua mão. — Babi, não sei se comentamos com você, mas um sobrinho meu está passando por algumas dificuldades e decidi convida-lo para passar um tempo aqui. Ele irá estudar no Paulo da Cunha. Quando você chegar lá, sua mãe irá apresentá-los.

— Eu não o conheço, né?

Achei um tanto estranho, pois o colégio é mega caro e se o garoto fosse estudar lá, significava puramente que Ângelo também estaria pagando seus estudos.

— Não — papi voltou os olhos para mami, que apenas assentiu.

— Ok — sorri e voltei a devorar as frutas.

Já dentro do carro, mami buscava ouvir uma rádio tranquila pela manhã, sempre a mesma rotina, sem nos falarmos. Estava muito acostumada com a vida boa, mas o trânsito de São Paulo definitivamente era algo que entrava para a lista de "odeios".

Ao chegar no colégio, peguei a bolsa cor de rosa e abri o carro, assim como mami fez ao pegar sua bolsa de mão. Enquanto ela caminhava para a direção, eu ia até o pátio, encontrando as minhas amigas logo na entrada.

— Você não vai acreditar — Tati caminhou em minha direção, trabalhada em branco. — Tem uma garota nova em nossa turma.

— E desde quando isso é uma grande novidade? — perguntei passando o dedo mínimo pelas sobrancelhas.

Declínios de Uma Adolescente Rica [COMPLETA]Where stories live. Discover now