— Desde que a garota é uma loser! — Cami completou, fazendo meu sorriso se abrir. — Todos sabem do seu apego por losers, Babi! E outra, esse é o nosso último ano!

Dei de ombros. Ela tinha razão, eu gostava de transformar a vida desses losers. Eu via potencial neles.

Nós três andamos em direção à primeira aula, atrasadas, claro. O professor já estava em sala, mas ainda não havia começado nada. Sentei-me em meu lugar por direito: na primeira carteira do meio e as outras duas amigas ao lado. Tiramos todo o material perfeitamente organizado de dentro da bolsa, já que eu achava um absurdo não ter armários na escola assim como na escola da minha prima, nos Estados Unidos.

— Nós iremos retomar do assunto que paramos na semana passada — o professor falou olhando o diário enorme em cima de sua mesa. — Afinal, Capitu traiu ou não Bentinho?

Muitos se irritaram e gritaram que não, enquanto um ou outro falavam que sim e muitos burburinhos tomavam conta da sala. Aquele era o tipo de assunto que deixava muita gente fora de si, de todas as histórias de Machado de Assis; era como perguntar se Ross realmente traiu Rachel (o que claramente eu concordava que sim), mas sinceramente não sabia opinar muito sobre Dom Casmurro, afinal, nem havia começado a ler. Não era do tipo que lia muitas coisas.

— Acalmem-se, pessoal — pediu o professor, em meio a risos. — Vamos aos fatos: quem concorda que sim, fiquem de mãos levantadas — ele observou e riu. — Certo, chegaremos aos pontos finais. A primeira versão que fora publicada em 1899 tinha uma visão completamente de um homem traído, trazendo à tona a imagem do adultério, o que era um grande pecado na época.

Enquanto o professor prosseguia, a porta foi aberta e entrou uma garota com os cabelos pretos escorridos, toda vestida de preto e um outro garoto logo atrás, usando jeans rasgado, um tênis qualquer e blusa de frio com touca. Caminharam direto para o fundo da sala, mas senhor Ramiro não deixou passar e parou-os.

— Acredito que estejam atrasados, senhor Muniz e dona Silva — quando ele mencionou o sobrenome da garota, todos riram. Não entendi a graça e passei a encara-los.

O garoto tinha um olhar perdido, estava com a alça da mochila segura pela mão e era bem alto. Acredito que daria dois de mim facilmente. A menina era bem mais baixa e tinha os olhos azuis que destacava a maquiagem preta, ou vice-versa.

Enquanto eu colocava o fundo do lápis na boca para observá-los, ele me encarou. Seus olhos focaram em mim e por mais que eu quisesse tirar dali, não conseguia. Hipnotizada, a única coisa que desviou minha atenção fora a voz dele respondendo o professor Ramiro.

— Gael Muniz — disse, lambendo os lábios. Desviei os olhos e fiquei encarando a lousa branca. Senti meu corpo reagir aquele garoto e isso só poderia ser a maldita TPM.

— Suelen Silva — a menina respondeu, quando Ramiro perguntou seus nomes e pediu para se apresentarem.

Eu não lembro qual foi o seguimento da aula, pois eu estava mais preocupada em tirar certas imagens da minha cabeça, a começar pelas traiçoeiras que meu cérebro criou com ele.

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Antes de sair da aula, eu fui atrás da novata e tive que correr alguns metros com aquele saltinho. Ela não parecia nenhum pouco com vontade de conversar, mas consegui convencê-la a fazer o trabalho sobre Dom Casmurro. A mudança dela começaria ali!

— Podemos fazer na minha casa — disse, já com ideias bem preparadas em minha cabeça. — Fazer alguns lanchinhos, e...

— Tanto faz, patricinha — a garota falou, colocando-se para fora da escola, deixando-me um tanto incomodada com sua frieza em me afastar.

Bufei e andei até a parte da direção, onde mami aguardava depois da aula. Finalmente iria conhecer o sobrinho de Ângelo. Não estava nenhum pouco contente com as novidades, mas tudo bem, iria superar aquilo e acreditava que poderia sobreviver com um garoto dentro de casa.

Porém todas as chances se reduziram a 0 assim que avistei o estranho da sala ao lado de mami. Ele não tinha uma cara muito diferente da que havia entrado em sala pela manhã e mesmo que falasse algumas coisas para ele, o garoto apenas balançava a cabeça.

Mami, podemos ir? — chamei atenção assim que me aproximei e ela sorriu para mim.

— Babi, esse é o Gael, sobrinho do Ângelo — ele voltou os olhos para mim, o que me deixou com um pouco de vergonha. — Gael, essa é minha filha Bárbara, Babi. Ela é um pouco difícil, mas no fundo é gente boa — virou-se para mim arregalando os olhos. — Seja legal, sim!?

Mami andou na frente enquanto eu e ele ainda nos encarávamos. Eu estava MUITO ferrada e meu cérebro já começava uma brincadeira sem graça com meu corpo. Minhas mãos suavam e pareciam pedras de gelo. Ele já aparentava ter percebido essas sensações, pois sorriu de lado.

— Para você é Bárbara — tratei de demonstrar minha aversão por ele e demarcar meu território, mostrando até onde ele tinha direito a chegar.

— Fica tranquila, boneca — abaixou um pouco para falar em meu ouvido. — Tente controlar seus hormônios dentro do seu corpo, sua respiração forte está te entregando.

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N/A:

E aí, galerissss. Tudo bem por aí?
Aqui está o primeiro capítulo do meu novo livrinho. Espero que vocês gostem e aproveitem para entrar no mundinho da Babi. O que será que o Gael vai aprontar nessa estadia na casa dela? Hmmmm, prevejo tretas!

Fiquem atents, porque minha meta é liberar capítulo todo domingo! 🤩 Não esqueçam de comentar e se puder divulgar por aí com seus colegs, serão muito bem vinds. 💖

Declínios de Uma Adolescente Rica [COMPLETA]Where stories live. Discover now