Anjo caído

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Por: Vienna


Abri os olhos e senti a claridade batendo muito forte no meu rosto, sinal de que já era tarde. Me virei para o lado na cama e olhei para o relógio, que marcava duas e meia da tarde. Caramba... Tudo bem que hoje é domingo, mas por mais preguiçosa que eu seja, eu pelo menos costumo acordar para almoçar...

Sentei na cama e me espreguicei, sentindo dor de cabeça. Por que minha cabeça estava doendo? Olhei para os lados e tive a estranha sensação de que tinha alguma coisa faltando no meu quarto, mas eu não sabia o que era.

Levantei finalmente e fui até o banheiro, apenas para notar que meus olhos estavam inchados, como se eu tivesse chorado muito. Isso explicaria também a dor de cabeça, mas por que eu teria chorado? Eu nem era uma pessoa que chorava muito...

O que eu fiz ontem? Eu tinha uma vaga lembrança de ter ido à festa da prima do Noah, de ter dançado e me divertido. Também lembro de ter dito a ele que não gostava mais dele, mas por que mesmo eu não gostava mais dele?

Desci as escadas confusa e me deparei com minha mãe dando umas vassouradas no Ed, que pelo visto tinha quebrado um vaso caro que ela tinha na sala. Meu irmão estava ajoelhado gritando que não foi ele quem quebrou o vaso e sim seu anjo cupido, e então minha mãe deu ainda mais vassouradas nele, para ele deixar de ser mentiroso.

Anjo cupido? De onde esse menino tira essas coisas?

Fui até a cozinha me esquivando para não tomar uma vassourada também e peguei um copo de refrigerante. Pelo visto, todo mundo já tinha almoçado e minha mãe tinha guardado um pedaço de lasanha para mim.

Lasanha... De repente me lembrei de alguém que gosta de lasanha... Mas quem era mesmo?

Esquentei a comida e sentei para comer, me perguntando se eu estava com algum tipo de amnésia alcoólica. Eu tinha a sensação de ter esquecido diversas coisas, parecia que um pedaço da minha vida estava em branco.

Voltei para o meu quarto depois de comer e fiquei andando de um lado para o outro, ainda com a estranha sensação de que tinha algo errado. Foi então que uma brisa soprou da janela e derrubou algumas coisas de cima da minha mesa, dentre elas um desenho. Me agachei e o juntei, confusa. Era um desenho meu, muito bem feito, mas parecia inacabado. A parte do rosto estava pronta, assim como o pescoço, mas a camiseta estava pela metade. Aliás, era minha camiseta favorita, uma de banda que eu usava quase todo dia. Quem podia ter desenhado aquilo?

Peguei meu celular em cima da mesa e mandei uma mensagem para o Oliver, pedindo que ele me encontrasse. Ele respondeu dizendo que estava no parque tentando compor uma música, então eu coloquei o desenho dentro da minha mochila e parti ao encontro dele.



– É a primeira vez que vejo isso – Oliver disse enquanto olhava para o desenho – Não faço a menor ideia de quem possa ter feito.

– Isso é estranho, a gente conhece as mesmas pessoas... – suspirei – Eu sinto que estou esquecendo de alguma coisa, mas não sei o que é.

– Quanto que você bebeu ontem? – ele riu – Aliás, como foi a festa?

– Foi boa – falei com sinceridade – Mas eu disse ao Noah que não gosto mais dele.

Oliver olhou bem sério para mim, como se eu tivesse ficado maluca de vez. Bom, eu estava, né? Pelo visto.

– Como assim você não gosta mais dele???

– Não sei – dei de ombros – Eu só não gosto mais. Então agora você pode parar de ser um bom amigo e fazer as coisas que você quer fazer, ok?

Estúpido CupidoOnde histórias criam vida. Descubra agora