Um anjo que come pizza e bebe cerveja?

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Por: Vienna


Cheguei em casa mais derrotada do que nunca – como em praticamente todos os dias da minha vida – ainda me lembrando do Noah cercado pelos caras do time de basquete e mais um bando de garotas em volta dele, também assim como em todos os dias da minha vida. Todas aquelas pessoas pareciam tão confortáveis ao lado dele, como se ele não fosse aquele Deus grego intocável que ele era...

Ou talvez o problema fosse simplesmente eu e a minha baixa autoestima.

Subi as escadas até o meu quarto já imaginando que iria passar o resto do dia jogada na cama pensando sobre como eu era uma fracassada e quando eu tinha me tornado esse tipo de pessoa, já que costumava ser bem mais legal quando era criança. Talvez fosse todo esse processo esquisito de se apaixonar pela primeira vez depois dos vinte anos que tinha feito com que aquela criança legal de outrora virasse uma adulta doida, com baixa autoestima, e claro, perdida.

Foi em meio a esses pensamentos que abri a porta do quarto e não acreditei no que vi. Eu realmente, realmente não acreditei. Pisquei umas duas vezes para ver se não tinha ficado maluca de vez, mas eu parecia estar enxergando normal.

Tinha um cara. UM CARA NO MEU QUARTO. Um cara DENTRO do meu quarto!

Dei um grito histérico e comecei a chamar a minha mãe o mais rápido possível, já que eu não conseguia nem correr para longe, sentia minhas pernas fracas, como se fosse desmaiar. Foi só depois que me dei conta de que se o ladrão estivesse armado eu teria morrido ali mesmo, porque nem para fugir eu sirvo.

Se você acha que eu seria a primeira a morrer em um filme de terror ou num apocalipse zumbi, você está totalmente certo.

Mas, para minha sorte, o ladrão esquisito não fez nada além de ficar olhando assustado para a minha cara de boba e ouvindo as notas altas que eu estava atingindo com os meus berros. Naquele momento, minha mãe finalmente apareceu – com uma vassoura na mão – para enxotar o ladrãozinho.

Ela, aliás, seria a segunda a morrer em um filme de terror ou num apocalipse zumbi.

– Que gritaria é essa, garota? – ela perguntou e deu uma olhada pelo meu quarto com a vassoura em mãos – Cadê o ladrão?

– Ali mãe! – apontei para a frente e choraminguei, enquanto o cara continuava apenas me encarando.

– Ali aonde sua desmiolada? – ela virou para mim e deu com a vassoura na minha cabeça – Vienna, por acaso você saiu de novo para beber no meio do dia???

– Que??? – gritei e apontei para o cara, que obviamente continuava parado olhando para nós duas como se estivesse assistindo a uma comédia bem ruim – Mãe, ele está bem ali! A senhora está com algum problema de visão?

Ela olhou de novo para onde eu apontava e parecia realmente que ela não podia vê-lo. Não tinha como aquilo ser fingimento ou cegueira, já que minha mãe tinha a visão melhor do que a minha – ela sempre achava as coisas que eu perdia dentro da gaveta – e ela era do tipo que não conseguia fazer uma pegadinha de mau gosto nem com uma formiga. Resumindo...

– É sério Vienna, eu vou começar a proibir você de andar com aquela esquisita da irmã do Oliver – minha mãe bateu novamente com a vassoura na minha cabeça e saiu do quarto, como se a louca ali fosse eu.

E até a irmã do Oliver tinha entrado na jogada, sendo que a coitada não tinha nada a ver com isso. Tudo bem que foi ela quem conseguiu álcool para que meu melhor amigo e eu tivéssemos nosso primeiro porre juntos, e também era ela que tinha uma loja de roupas de banda e fornecia todas as camisetas pretas que eu usava para ir a todo o canto e minha mãe odiava. Mas eu realmente não tinha bebido uma gota de álcool sequer hoje, eu nem era do tipo que bebia. Só que claro que havia bastado uma única vez para que a pobre da irmã do Oliver virasse para sempre a "má influência da minha vida".

Estúpido CupidoWhere stories live. Discover now