2- Vai ter que conseguir fingir.

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Comentem e favoritem :)
Obrigada nenês

O senhor Chou convidou a mim e a meu pai para jantar, e quando, a semana toda, eu perguntei a Tzuyu o motivo do convite, ela não quis me dizer. Ela mudava de assunto imediatamente. É impossível fazer Tzuyu contar qualquer coisa quando ela não quer. Está escondendo algo de mim. Ela nunca fez isso antes.

Oppa coloca seu melhor terno. Ele é bonito apesar de sua aparência envelhecida. Pedi para ele conversar com o senhor Chou sobre esportes, já que o anfitrião odeia qualquer menção à política. Oppa não tem muito assunto para conversar, mas eu me asseguro de que ele só fale sobre esportes.

Estou com meu vestido rosa, um fino tecido que cumpre sua função de cobrir meu troco até metade das coxas. O vestido rosa é o favorito de Tzuyu, então não me importo, mas odeio usar salto alto. Não sei quem os inventou, mas essa pessoa deveria ser desfigurada em praça pública. Meu vestido tem um decote em V que mostra um pouco os seios, mas não é tão exagerado a ponto de me fazer passar por uma "mulher fácil", como os coreanos dizem. Os decotes cavados dos vestidos de Tzuyu podem fazê-la parecer fácil, o que me causa desconforto. Má reputação pode ser fatal. Eu não deveria ligar para o que coreanos pensam, mas infelizmente, eu ligo.

Quando aperto a campainha, não demora muito para a senhora Chou abrir o portão e nos dar as boas-vindas de braços abertos.

– Sana! Nossos convidados favoritos estão aqui! – ela grita e me abraça.

Ela me abraça bem apertado, o que significa que está muito animada. Eu trouxe astroemérias cor de laranja para a senhora Chou, simbolizando amizade e devoção, mas as flores parecem estar começando a murchar.

– Olá, como está? – Oppa diz com toda a formalidade.

Depois de me abraçar, a senhora Chou nos conduz para dentro de casa. A maioria das pessoas em Seul vive em prédios de apartamentos novos, mas os Chou têm essa casa antiga. É tipicamente rica, com grandes colunas e uma entrada proeminente como a de uma igreja, mas o estilo de decoração do interior é bem ocidental, com mobília moderna. Os Chou têm até uma piscina, cercada por algumas cerejeiras. Eu nunca me mudaria dessa casa.

Quando entramos na sala de estar, todos se levantam e eu sorrio para Jackson. Procuro por Tzuyu, mas não consigo encontrá-la. O senhor Chou acena calorosamente para mim. Muitos dos tios, primos e familiares de Tzuyu estão presentes. Há outras pessoas que eu não reconheço, mas tenho certeza de que são amigos do senhor Chou.

Soraya, a empregada dos Chou, pega as flores que eu trouxe e nos oferece chá. Há bebidas alcoólicas numa mesa ao lado, cerveja e vodca. Os Chou sempre contrabandearam álcool, mas nunca perguntei a Tzuyu como fazem isso. Nós recusamos o chá, mas eu sorrio para Soraya em agradecimento. Ela está na casa dos 60 anos e a filha dela, Sayura, que tem mais ou menos a idade de Jackson, frequenta a Universidade de Seul, para o desgosto dos Chou. Sayura foi criada no mesmo ambiente que os filhos dos donos da casa, mas deveria ter se tornado empregada doméstica, como a mãe. Sempre admirei ela e seu empenho nos estudos, e nós nos damos bem. Tzuyu costumava sentir ciúme, o que me deixava contente de uma maneira estranha.

Soraya e Sayura vieram do Afeganistão e Soraya tem um sotaque do qual as pessoas às vezes zombam nas festas, mas eu nunca faço isso. Meu pai tem um leve sotaque japones, pois ele é do Japão, mas isso não me deixa constrangida, embora as crianças às vezes zombem do sotaque do Japão. Eu cumprimento Soraya e ela abre um largo sorriso. Mesmo lhe faltando três dentes, é um dos sorrisos mais bonitos que eu já vi, sem contar o de Tzuyu.

O senhor Chou está entusiasmado, procurando alguma coisa.

– Onde está essa menina? – ele pergunta para a mulher.

MINE: Se você pudesse ser minha. - SaTzuOnde as histórias ganham vida. Descobre agora