A nova ordem

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O cio nada mais é do que um período que ocorre, normalmente, de três em três meses e dura de três a sete dias no qual o ômega encontra-se fértil. Toda e qualquer relação sexual tida no período do cio irá resultar em gestação para o ômega.

Se com seu alfa companheiro, a constituição de uma família. Se com alfa qualquer o tenha reivindicado por dominação, um novo filhote da matilha. Todo e qualquer filhote de matilha deveria ser entregue na cidade cede do clã, seria cuidado diretamente pela família principal e assim que atingisse a maturidade, encontraria seu lugar na hierarquia mais baixa dos Shifters.

Durante os tempos de guerra, ômegas no cio eram sempre os primeiros a serem reivindicados nos haréns para garantir o aumento mais depressa da matilha. Nos primeiros anos de forma humana, quando ômegas ainda viviam isolados, ômegas no cio eram devidamente separados para que não corressem nenhum risco de atraírem atenção dos alfas que os procuravam. Nos sombrios anos de liberdade, ômegas se escondiam em suas casas, trancados em aposentos seguros.

Ainda assim, acidentes sempre acabam acontecendo. Fosse pelo risco de viver um cio nas ruas, fosse pelo risco extra em se dividir o teto com familiares alfas. Certos instintos levam tempo para serem apagados da existência e um ômega no cio era um objeto de acasalamento, até a relação de parentesco era esquecida quando os ferormônios de um ômega no cio atingiam o olfato apurado de um alfa.

O cio é o momento de maior fragilidade de um ômega no qual sua natureza eleva ao máximo os níveis de seus ferormônios para garantir que o mesmo não passe pelo cio sem acasalar, e por consequência procriar.

Ômegas no cio ficam emocionalmente instáveis, impacientes e irritadiços. É um período em que não importa sua personalidade, o Shifter irá agir por emoção e muito frequentemente só pensará nas consequências de seus atos depois de sofrê-las. Obviamente, neste período seu lobo interior deseja o acasalamento, tornando o Shifter mais sensível e facilmente manipulável.

Uma receita fatal de um pesadelo real. Depois de assumirem forma humana, aquilo que diferenciava o Shifter de um animal, não combinava com pessoas reivindicando e dominando pessoas sendo esta sua vontade ou não. Mesmo que o lobo em si jamais reclamaria dos bons efeitos da dominação, a questão inicial em tudo era o fator escolha.

Estatisticamente, para cada ômega havia um alfa e sete betas. Não parece muito quando você imagina nove pessoas em uma sala, mas estendendo esse padrão para toda a Tailândia é muito fácil perceber que os donos das ruas eram na verdade os betas. Eram os próprios betas aqueles quem mais usufruíam de seu próprio trabalho duro pelo clã, e se betas já não gostavam de ômegas por não entender o motivo pelo qual eram mantidos como artefatos preciosos, isto piorou muito quando a inclusão destes Shifters na cidade virou sinônimo de ruas perigosas e palco de disputas violentas por ômegas no cio.

Betas odiavam o cio e o caos que isto parecia causar. Ômegas odiavam o cio pelo medo e violência que passavam. Alfas odiavam o cio pelo simples fato de que era inadmissível para o ego de um alfa perder o controle sobre qualquer coisa, e o cio fazia com que perdessem o controle sobre si mesmos (ou perder uma disputa iniciada por este descontrole). O cio causava repulsa, pavor e violência, o cio era o alvo de tudo que ainda existia de ruim na vida dos Shifters.

E então, de repente, o cio pareceu ser apenas um pesadelo que estava prestes a ter um fim. Foi um cientista da pequena Nakhon Phanom quem trouxe a novidade para o país.

O cio era desencadeado por um processo químico natural do corpo que alterava os níveis de ferormônios nos ômegas e, sendo assim, bastaria um agente externo que o ômega poderia ingerir para balancear estes níveis e evitar aquilo que tornava o cio o foco de tudo que o mundo tinha de ruim. A melhor parte da notícia era que eles já tinham conseguido formular este coquetel milagroso.

LunarumWhere stories live. Discover now