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Quando criança, Juvia costumava dizer que, quando crescesse, seria bióloga marinha. Dizia que amava muito os animais e gostaria de salvá-los, mesmo os do fundo do mar. Eu com meus 8 anos nunca discordei. Muito pelo contrário, eu tinha sonhos de me tornar uma tartaruga para que a Lockser cuidasse de mim e se apaixonasse. Basicamente a versão praiana daquele filme, Bee Movie.

Sei que lembrar de tudo isso é um pouco vergonhoso já que acabei de revelar que eu sonhava em ser uma tartaruga (?), mas o ponto que eu queria chegar era que eu achei outro emprego pra Juvia.

Ela tinha o potencial de voar, me puxar pro alto e me deixar flutuando entre as nuvens. Ok, isso foi bastante brega, não foi?
Eu só queria compartilhar com vocês um pouco mais da minha experiência, porque no relógio já se passaram das duas da manhã e eu NÃO CONSEGUIA DORMIR!

Minha mente estava paralisada desde a hora da praia. Eu não conseguia acreditar.

Tudo ia e voltava como um loop.

Juvia me beijava. Eu a beijava de volta. Nós nos beijávamos.

Parecia como um sonho distante que, por incrível que pareça, havia se tornado realidade.

Eu senti um arrepio pelo corpo e me perguntei por que eu me sentia daquele jeito. Ela só estava me mostrando o que faria com o meu melhor amigo no dia seguinte, então por que eu estava tão iludido, afinal?

Por que eu estava assim?

Quero deixar claro que esse capítulo estará repleto de "porquês".

Depois dos acontecimentos, fui como um robô pra casa. Vivi como um robô durante o resto do dia, pra ser sincero. Minha expressão de idiota não mudou nem por um segundo.

Nem quando mamãe me chamou a atenção por ter deixado a comida cair do prato, nem quando me queimei com café, nem quando tomei banho, escovei os dentes e me deitei na cama, crente de que conseguiria embarcar no mundo dos sonhos. Pobre iludido. Mal sabia eu que meu próprio cérebro não me deixaria em paz com a cena.

Chega. Não ficaria mais parado daquele jeito, precisava achar meu celular.

Me levantei da cama com todo o cuidado do mundo. Durante as sextas, Lyon e eu costumávamos assistir desenhos até tarde no meu quarto. É claro que depois do acontecimento com a Lockser eu não consegui me concentrar em nadica e perdi literalmente o filme todo só pra ficar tocando nos meus próprios lábios, fechando os olhos na esperança daquele momento, sem sucesso. (O máximo que consegui com aquilo foi fazer Lyon chamar minha mãe porque acho que eu estava passando mal. Que tipo de irmão fui arranjar? Humpf.)

Depois do filme, o pimentinha dormiu e eu fiquei com preguiça de levá-lo pro seu quarto, por isso o coloquei na minha cama mesmo.
Posso ser quase 10 anos mais velho que esse menino, mas dormir com ele me acalmava, então essa foi uma tentativa fracassada de dormir em paz.

Enfim, alcancei meu celular e abri o instagram. Gostaria de poder dizer que meus dedos se moveram sem que eu nem mesmo percebesse e entraram no instagram da Lockser, mas todos nós sabemos que não é verdade.

Na medida que eu passava os posts, mais aéreo eu me tornava. Se eu já estava perdendo o fôlego, agora estava completamente sem ar.

Ela não era a pessoa com o feed mais organizado do mundo, mas dava pra perceber a passagem de tempo entre cada uma das publicações. Descobri que ela tinha ganhado cerca de 15 campeonatos de surf nos últimos anos.

Me lembrei que da última vez que nos vimos na infância, ela já possuía três medalhas em competições infantis. Incrível desde sempre.
Acabei adormecendo capotado por cima de Lyon. (Risos internos, acho é bom pra ele aprender a não rir mais de mim.)

SundayWhere stories live. Discover now