Nowadays

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– Você já tem seu projeto? – a voz da professora chama a atenção de todos da turma. Eu mesmo estava praticamente dormindo. Coloquei até óculos escuros pra disfarçar.

Ainda com a visão um pouco turva, consegui enxergar os cabelos curtos de alguém na frente da professora.

– Sim. Terminei. – era Juvia Lockser.

– Não me leve a mal, mas eu passei esse projeto ontem, senhorita Lockser. Eu sei que você é uma das melhores alunas da minha classe, mas ainda assim...

– Esse assunto é um chato. Eu tenho uma opinião simples sobre ele. – a Lockser disse firmemente. Por um momento, esqueci que estávamos em sala de aula e comecei a viajar no meu próprio passado. Juvia parecia impaciente e séria, por isso as memórias vieram como um soco.

– Você foi um namorado tão ruim que deixou a Lockser revoltada com o amor? – ouvi Jellal debochar no meu ouvido.

– Eu nunca fui um péssimo namorado, tá legal? – falei um pouco alto.

– Me desculpe. Gray, você gostaria de compartilhar algo com a turma? – a professora me olhou e eu quis estrangular meu amigo.

– Não, nada. Perdão. – falei e senti Juvia me lançar um olhar indiferente. Qual o problema dela?

Por mais que não pareça ter sido nada demais, Juvia e eu namoramos por alguns meses quando éramos crianças. Aconteceu há 9 anos, quando minha avó faleceu. Foi uma fase que tinha tudo pra ser horrível porque nós tivemos que nos mudar pra sua antiga casa e isso me dava crises de choro todos os dias.

Como se já não fosse o bastante, meu pai recebeu uma oferta de emprego e teve que ir para os Estados Unidos por tempo indeterminado e nos deixou (eu e minha mãe, que na época estava grávida do meu irmãozinho Lyon) aqui no japão.

Em 2010, o uso da internet não era tão fácil como hoje em dia, por isso a comunicação era péssima. Mamãe se desdobrava pra não deixar que eu me sentisse mal, mas ainda assim era difícil pra mim, entende?

Eu tinha deixado todos os meus amigos na outra cidade (que eram o total de 0 pessoas, mas pelo menos as crianças de lá me conheciam, tá?) e na nova eu não conseguia falar com ninguém. Eu era tímido e parecia que nenhuma criança tinha interesse em fazer amizade com alguém que não fosse aprovado por Erza Scarlet. Erza. Essa é a portadora de todo o meu ódio. Aos 8 anos, a demônia tinha o monopólio da amizade de todas as crianças do bairro. Ela simplesmente era a abelha rainha. Todos os pirralhos tinham que ser aprovados por ela pra ter, sei lá, uma vida social?

Eu nunca soube ao certo o porquê de Erza ser tão respeitada com tão pouca idade. Haviam alguns boatos de que ela tinha batido na diretora da antiga escola em troca de alguns bombons, outros diziam que a família dela era podre de rica. Alguns se arriscavam em falar de que já viram ela receber uma faixa presidencial do ex-presidente de um país escondido no meio da américa do sul (?). Os rumores eram tão absurdos que eu me recusava em acreditar e tinha minha própria teoria: ela tinha batido em algumas pessoas pra que espalhassem algumas mentiras sobre ela. E funcionou.

Ingênuo, eu até tentei seguir essa técnica da ruiva e bater em alguém, mas eu acabei apanhando da Levy Mcgarden, a menor menina da escola. Foi humilhação demais, por isso dei meu lanche pra ela todos os dias do recreio durante duas semanas pra que ela não espalhasse pra ninguém, mas o Gajeel achou que eu tivesse dando em cima da namoradinha dele, por isso levei uma surra dele também.

Após essa pilha de desgraças acontecerem comigo, resolvi seguir aquele ditado do "se não pode vencê-los, junte-se a eles" e implorei pra Erza me aceitar no circulo de amizade dela. Tudo bem que eu só tive essa ideia depois de assistir um episódio de pica pau e de descobrir que Erza daria uma festa de aniversário onde tocaria músicas do 2NE1 e 4MINUTE, mas eu juro que a intenção era de conseguir a amizade dela. Ok, eu queria muito ir pra festa, mas a amizade também era importante pra mim.

SundayWhere stories live. Discover now