Capítulo 29 - Benção ou Maldição?!

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- Com licença, mas a senhorita tem certeza disso?

Eu ainda estava em choque. Desde que me ligaram pedindo para comparecer a reitoria, não fiz outra coisa do que pensar em mil possibilidades. E em nenhuma delas terminava em algo bom.

Pois bem, qual não foi o meu choque ao ouvir o reitor dizer que as acusações foram retiradas e que, portanto, eu poderia voltar para a república e receberia de volta minha bolsa de estudos integral?!

E não é que milagres existem? Tudo o que eu mais desejava e que me parecia impossível aconteceu! Eu fui do inferno ao céu em questão de segundos.

Agora ali estava eu: do lado de fora da reitoria e ainda sem acreditar que tudo isso pudesse ter acontecido. Pensei até mesmo que estivesse imaginado as palavras do reitor, mas o papel em minhas mãos não deixava dúvida. Eu tinha permissão de voltar a frequentar as aulas com a bolsa e também podia voltar pra república.

Ah minha casa! Para muitos estudantes poderia ser só um espaço pra viver durante a faculdade, mas para mim, aquele era o meu lar. Quando deixei Puerto Vallarta, era pra começar uma vida nova.

- É claro que sim, senhorita. Veja, a autorização está assinada pelo reitor e pelo vice. Pode voltar agora mesmo. – A secretária apontou e sorriu. Devia estar achando engraçado a minha cara de tonta. Talvez, se eu estivesse vendo a situação de fora também pensaria a mesma coisa.

- Ok... – Peguei o papel de volta com as duas mãos como se ele fosse fugir... – Então eu acho que... – Comecei a dar passos pra trás. - ... vou embora! – E sai correndo feito uma criança. Afinal, por nada no mundo eu gostaria que o reitor se arrependesse ou qualquer coisa assim, então era melhor não dar chance ao azar não é mesmo?

Imagino a cara que Annie e Mai fariam ao me ver de volta! Sonhamos tanto com isso, mas parecia impossível. Aliás eu tinha muito o que agradecer às meninas. Se não fosse por elas eu não teria casa, nem apoio para ter seguido em frente.

Como um louca, sai correndo direto para república. As roupas e todas as minhas coisas eu poderia pegar depois. Tudo o que eu queria e que precisava no momento era voltar pra casa... pra minha família!

De repente comecei a pensar como seria conviver com Christopher... É claro que tínhamos morado quase quatro anos juntos, mas agora as circunstâncias eram bem diferentes. Antes nos odiávamos e agora... bem eu sabia que o amava e agora morar junto seria muito melhor. Não vejo a hora de isso acontecer!

Parei em frente a república apenas pra admirar aquela casa. Na verdade, era apenas uma casa de dois andares com a pintura amarela já um pouco desgastada. Mesmo assim, para mim, ela parecia magnifica! Era a minha casa, o meu lar.

Parecia que eu tinha estado lá há um tempão e não apenas alguns meses. De repente me lembrei do primeiro dia, de estar assustada de sair de uma cidade pequena e ir morar numa grande. Me lembrei da primeira briga com Christopher e da recepção carinhosa de Poncho. Me lembrei de Christian e seu jeito sério, mas prestativo e me lembrei de Mai, sempre tão linda, preocupada em me fazer sentir bem. Annie veio depois, mas a afinidade foi instantânea. Essa era a minha família. E eu não a trocaria por nada!

Comecei a tocar a campainha sem parar querendo que corressem pra abrir e então... SURPRESA! Eu não tinha mais minha a chave, mas logo eu resolveria isso.

-Dulce! – Annie e Poncho gritaram e quase no mesmo momento ela e Mai correram pra me abraçar. Um abraço triplo de amigas, de irmãs! Não sei quanto tempo passou, mas ah! Como eu sentia falta daquilo!

- Mas como... – Annie murmurou, mas acho que desistiu de falar, afinal isso não era importante. As lágrimas caiam pelo meu rosto e pela primeira vez não me preocupei com o fato de estar chorando na frente de outras pessoas. Afinal, éramos uma família.

OrgulhosaWhere stories live. Discover now