PRÓLOGO

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Até aquele dia, a humanidade nunca tinha visto tamanho caos. Era uma invasão de escala global que colocou o planeta inteiro em pânico. As manchas no céu relatadas ao redor do globo por diversos internautas, logo se revelaram algo muito pior. Nossos satélites mais modernos não captaram o dispositivo de camuflagem das naves, então quando eles começaram o ataque, todos foram pegos de surpresa.

Em um piscar de olhos, uma mancha tornou-se dezenas. Ninguém sabia descrever exatamente o que eram aquelas coisas no ar. Constituídos de uma arquitetura alienígena, as naves espaciais se espalharam por todos os cantos. Cada uma delas com um conjunto de canhões frontais efetuando disparos de energia que aniquilavam tudo o que tocavam.

Eles se organizavam em formações com duas características distintas: aqueles que iam com o intuito de se expandir e levar o caos a lugares cada vez mais distantes e aqueles que protegiam monumentos gigantescos que desciam pelos céus junto com as naves, os Obeliscos.

Alguns dos alienígenas simplesmente se jogavam de suas naves lá de cima. Indiferentes, eles caíam no chão e logo se levantavam avançando e destruindo o quer que entrasse em seu caminho. Eram bípedes, de uma pele fina branca tão transparente que era possível ver a parte interna de seus corpos. Um rosto completamente deformado onde nariz, olhos e orelhas eram apenas uma coisa.

Suas bocas enormes eram insaciáveis e seus dentes pontiagudos e amarelos perfuravam até as superfícies mais rígidas. Eles gruniam alto de uma maneira tão aguda e medonha que a vontade de cobrir os ouvidos era irresistível. O odor que exalavam dominavam os sentidos de uma maneira sufocante.

Sangue se espalhava pelas ruas. Prédios ruíam perante os ataques aéreos. Os Obeliscos ficaram-se ao chão. Pulsos de luz percorriam por todo o corpo do objeto e quanto mais tempo passava, mais a zona gravitacional perto dali tornava-se instável.

Essa estratégia foi adotada em seis regiões diferentes ao redor do mundo, em lugares pacatos normalmente esquecidos pelas grandes mídias com o intuito de dificultar a locomoção das defesas terráqueas. Se pelo menos um dos seis Obeliscos atingisse a potência máxima, o planeta seria devastado.

Aterrorizado por tudo que via, o humilde fazendeiro Bartholomeu Holmes assistiu essas ameaças destruírem tudo o que ele conhecia desde sua infância. Os aliens em terra haviam invadido as fazendas vizinhas e bloqueado às estradas. Com sua espingarda em punho, ele esperava o inimigo entrar pela porta da frente.

Barth sempre guardava aquela arma em casa para se proteger de bandidos, mas agora aquele pedaço de metal em suas mãos parecia inútil.

Ele mantinha sua filha escondida dentro do armário. Ele não queria que ela visse toda aquela crueldade e devastação. Enquanto olhava fixamente a porta esperando a invasão, ele rezava ao seu Deus para que mantivesse sua pequena a salvo, que ele não deixasse a morte dele para tentar protegê-la ser em vão. A criança já tinha assistido a doença levar sua mãe, ela não merecia sofrer mais.

Bartholomeu ouviu o estalo, mas toda sua preparação foi inútil. A ameaça não veio pela porta. Veio pelos céus. O telhado desintegrou-se em segundos. A fiação elétrica da casa entrou em curto e explodiu todos os aparelhos eletrônicos. O impacto jogou o fazendeiro no chão.

O homem ficou atordoado por alguns segundos. O mundo girava, os sons eram uma massa desorganizada e a visão um borrão indistiguível. Assim que sua consciência voltou, ele não teve tempo para se recuperar. As paredes de sua casa pegaram fogo. A sua filha veio em sua mente de imediato.

Motivado pelo desejo de mantê-la a salvo, ele se levantou ignorando todas as dores que os cortes e sangramentos estavam lhe causando. Atravessou a casa correndo enquanto olhava pelo buraco aberto no teto o enxame de naves tampar as nuvens. Ele não se permitiu chorar de desespero por mais que todos os seus instintos insistissem que ele não viveria além daquele dia.

Clash of JusticeWhere stories live. Discover now