Falta

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Créditos da imagem: Alek

O dia já estava quase acabando, dando espaço para a noite. Harry estava sentado em sua cama no dormitório divido com Rony, ele estava sozinho. Seu coração estava batendo forte. Ele queria contar a Draco sobre o que estava sentindo por ele, queria fazer uma surpresa, algo como um pedido de desculpas também. Harry olhou o relógio marcando quase cinco horas da tarde.
— Ele já deve estar acordado. — Harry pensou em voz alta, foi até uma escrivaninha que usavam para estudar e sentou na cadeira, pegou um pergaminho, mergulhou a pena na tinta e começou a escrever, seus lábios sorriam fracos enquanto escrevia o bilhete para Draco.
***
Eu preciso falar com você, é muito importante e urgente, não vá para o salão comunal, me encontre na sala precisa em meia hora, por favor, é importante e acho que você irá gostar. Envie a sua resposta.
Atenciosamente Harry Potter.
***
Harry terminou de escrever o bilhete e lançou um feitiço, para que ele chegasse até Draco. No entanto ele estranhou, pois o bilhete não sumiu com o feitiço. Harry tentou novamente, mas nada.
— Será que estou fazendo errado? — Harry ficou frustrado, esperou alguns minutos e tentou novamente, mas ainda nada.
Harry queimou o bilhete e resolveu falar pessoalmente. Saiu da Grifinória, foi em direção à sala principal, já estava na hora da última refeição e Harry acreditava que encontraria Draco na mesa da Sonserina. Andando depressa e um pouco nervoso ele entrou caminhando no meio das mesas das duas casas, logo seus olhos foram para o lado direito a procura do loiro, já se aproximando de Rony e Hermione, ele para e percorre seu olhar por toda a mesa da Sonserina antes de se sentar. Viu Gregório e Vicente ao lado, mas nada de Draco Malfoy.
Um pouco decepcionado Harry senta-se à mesa em silêncio, comeu um pedaço de pão com molho e voltou a olhar a outra mesa.
— Harry, o que você tem cara? Parece preocupado. — Rony pergunta o observando enquanto Harry olha para a outra mesa.
— Não é nada, Ron. Só estou cansado. — Harry respondeu picando o pão nas mãos dentro do prato.
— Claro que está, voltou tão tarde que pensei que nem voltaria. Olha se quiser desabafar, eu estou aqui. — Rony fala tocando no ombro dele.
— Já disse que estou bem obrigado Ron. — Harry acaba deixado o resto do pão no prato com seu olhar distante.
— É claro que está talvez depois você conte tudo para Hermione. — Rony responde irritado se levantando, Hermione olha para ele séria tentando repreendê-lo — Ou talvez você encontre a resposta na biblioteca, já que agora você não sai de lá. — Rony saiu da mesa depressa, mas voltou e pegou um bolinho, deu uma mordida grande olhando zangado para Harry e saiu andando irritado.
— O que ele tem? — Harry pergunta confuso para Hermione.
— Não briga comigo tá bom? — ela fala fazendo uma cara de súplica.
— Como assim? O que está acontecendo? — Harry pergunta já desconfiado.
— Eu não podia esconder a verdade por muito tempo, ele já estava desconfiado de mim. — ela começou a falar — Eu tive que contar sobre você e o Malfoy. — ela disse o ultimo nome bem baixo.
— Você o quê? — ele disse em um tom mais alto, quase chamando atenção de todos.
— Desculpe, mas se coloca no meu lugar. Eu não podia ficar mentindo o tempo todo.
— Tá bom! — Harry respondeu olhando para o nada — Eu queria muito conversar com ele, mas eu tentei mandar um bilhete e não foi, achei que o encontraria aqui, mas ele não está. — Harry disse com seu olhar distante.
Hermione ficou pensativa, lembrou-se de sua conversar com Draco algumas horas antes.
— O feitiço só dá certo se a pessoa que irá recebê-lo estiver no mesmo lugar que você, ou seja, em Hogwarts — Hermione explica ainda pensativa.
— Está me dizendo que ele não está em Hogwarts? — Harry pergunta se virando para ela.
— Não, talvez ele esteja dormindo, você deve ter feito o feitiço errado. — ela respondeu sem querer aceitar a outra hipótese.
Harry tinha certeza de que não fez o feitiço errado, ele levantou da mesa e saiu sem falar nada, andou por toda parte a procura de Draco, mas não o viu em lugar algum, só lhe faltava um lugar para olhar e sem pensar Harry desceu para as masmorras. As pessoas com quem ele cruzava ficavam lhe olhando desconfiadas, afinal o que um grifinório estava afazendo ali? Harry achou melhor se esconder, ao lado esquerdo quase de frente com a entrada da sonserina havia um armário de vassouras e Harry entrou sem que ninguém o visse, se arrependeu por não ter pegado sua capa da invisibilidade.
Já estava bem tarde quando Harry viu o ultimo sonserino entrar, mas nada de Malfoy, nem saindo, nem entrando, chateado Harry voltou para seu quarto. Rony estava sentado em sua cama fingindo ler um livro.
— Eu sei que você não está lendo isso. — Harry fala e Rony abaixa o livro mostrando a língua — Olha me desculpa por não ter te falado sobre isso antes, mas é que eu mesmo estava confuso. Eu também tive medo da sua reação, em saber que seu melhor amigo poderia ser gay.
— Harry, eu não me importo se você gosta de homem ou de mulher, só não gosto do fato do meu melhor amigo esconder algo de mim. — Rony respondeu com o rosto triste — Tá eu te entendo, até porque você foi se amarrar logo pelo Malfoy? — Rony tentou esconder, mas riu alto.
— É, pois é. — Harry riu fraco — No primeiro dia que ele apareceu, queria conversar comigo, eu recusei, mas fiquei curioso e no segundo dia nos conversamos na sala precisa, foi muito mais do que uma conversa, a primeira vez que ficamos aquilo mexeu muito comigo, depois daquele dia eu simplesmente não conseguia mais deixar de esquecer. — Harry contou tudo que sentia todos os seus medos e frustrações. Rony ouviu atentamente, afinal era tudo que ele queria que seu amigo confiasse nele.
Depois de uma longa conversa e risadas os dois resolvem dormir. Pela manhã Harry acorda cedo, se arruma rápido e senta na cama esperando Rony se arrumar.
— Pelo amor de Merlin Rony! Você parece uma lesma de tão lerdo. — Harry reclama impaciente — Acho que uma lesma seria mais rápida que você.
— Não me faça lembrar de lesmas Harry, pelo amor de Merlin. — Rony responde saindo do banheiro com a mão na boca como se fosse vomitar — Ainda é cedo, por que tanta pressa?
— Não quero me atrasar para o café da manhã. — Harry respondeu já indo para porta, ele tinha certeza de que dessa vez encontraria Draco no salão comunal.
Entrou no grande salão praticamente correndo, com Rony atrás dele, parou de repente para observara toda a mesa sonserina, mas como era cedo demais não tinha quase ninguém. Rony esbarrou em Harry e os dois foram ao chão.
— O que você está fazendo Rony? — Harry pergunta levantando irritado e limpando a roupa.
— A culpa é sua, você começou a correr, eu fui atrás e de repente você para no caminho, não tinha como evitar. — Rony respondeu se defendendo.
Os dois caminharam para a mesa que estava praticamente vazia. Rony sentou e já foi pegando o cesto de pães caseiros de milho, já tinha um pedaço inteiro dentro de sua boca. Depois de alguns minutos Hermione chega brava porque Rony não a esperou.
— A culpa é do Harry. — ele responde com a voz abafada por estar com a boca cheia. Hermione balança a cabeça em negativo e senta.
Os minutos foram se passando as mesas foram lotando até quase não sobrar lugares vazios. O coração de Harry estava agitado, todos os amigos de Draco já estavam na mesa, mas nada dele. Talvez ele estivesse atrasado, Harry pensou, e com certeza o veria na sala de poções.
Depois de comerem e Rony acabar com todos os pães da cesta, eles foram para a sala. Eles foram praticamente os primeiros a entrarem.
— Ora! Que surpresa, de todas as pessoas a entrarem primeiro por essa porta, você era a que eu menos esperava. — Snape fala de braços cruzados olhando para Harry, depois se vira e senta em sua cadeira.
Harry sentou impaciente em uma mesa e ficou atento com todos que entravam. A sala já estava cheia, Harry olhou para Gregório e o rapaz estava sozinho em sua mesa.
— Abram seus livros na página 341. — o professor começou a falar e foi nesse momento que Harry percebeu que Draco não viria para aula, ou estava muito atrasado, mas isso não era de seu costume.
Harry pensou até em ir falar com Gregório, mas mudou de ideia, sabia que ele o trataria mal e não iria responder absolutamente nada.
O dia terminou longo demais para Harry. Não viu Draco em um único lugar, como no dia anterior o procurou por toda parte, tentou enviar bilhetes, mas nada. No dia seguinte a mesma coisa, nada de Draco Malfoy pelos corredores, salas de aulas nem no salão principal. Harry já não estava mais aguentando, não conseguia nem mais dormir direito a noite, não conseguia esquecer o que Hermione disse sobre o feitiço. Tomou uma decisão e foi a até a sala da Minerva McGonagall, deu uma leve batida a ouvindo mandar entrar.
— Senhor Potter, algum problema, posso lhe ajudar em algo? — ela pergunta enquanto Harry se aproxima um pouco aflito.
— Eu sei que vai parecer estranho a pergunta, mas preciso realmente saber. O que aconteceu com Draco Malfoy? Faz alguns dias que não o vejo. — Harry pergunta sentindo o coração bater mais rápido.
— Foi mesmo uma pergunta surpresa, o que posso lhe dizer é que ele veio até aqui dizendo que estava indo embora. — ela respondeu e Harry sentiu o coração bater ainda mais forte.
— Mas por quê? Não consigo entender. — Harry fala com o olhar distante.
— Eu também não entendi muito bem, ele não disse muita coisa, apenas que estava indo embora e partiu no domingo a noite.
— Mas ele vai voltar? — Harry pergunta sentindo um bolo no estômago.
— É como eu disse senhor Potter, ele não disse nada, apenas que estava indo.
— Obrigado professora. — Harry responde e sai da sala.
Harry não entedia porque Draco havia ido embora assim do nada e sem nem mesmo falar nada. Oras, mas porque ele falaria, já que eles não tinham nada um com outro, Harry pensou com seu coração apertado. Ele caminhou até próximo ao salgueiro lutador e sentou na grama olhando para longe, queria ficar sozinho, seu coração parecia estar quebrado em mil pedacinhos, então ele soube o quanto havia magoado Draco, com certeza a culpa era dele, era tarde demais e Draco havia desistido dele.
— Eu sou um idiota! — Harry resmungou para si próprio e as lágrimas começaram a rolar pelo rosto.
Harry ouviu um barulho atrás e viu Hermione sentar ao lado dele.
— Harry você está bem? — ela pergunta colocando o braço sobre o ombro direito dele.
— Ele foi embora Hermione, o Draco foi embora e a culpa é toda minha. Eu fui um completo idiota com ele, é claro que ele iria embora. Eu também fugiria de mim. — Harry falava irritado entre as lágrimas.
— Não, Harry a culpa não é sua. — ela responde e acaricia os cabelos bagunçados dele — Isso é esquisito, você não acha? — ela pergunta se lembrando da conversa que teve com Draco, ela sabia o quanto ele amava Harry e não desistiria dele assim tão fácil.
— É sim, ele se cansou das minhas idiotices e foi embora, simples. Desistiu de mim, eu devia ter percebido antes, não devia ter ficado com frescura sabendo o que estava dentro de mim. — Harry respondeu e ficou em silêncio — Eu o amo, demais.
E quando finalmente resolvo contar tudo, ele vai embora. Eu mereço isso!
— Não Harry, ele te ama e sei que ele não iria embora assim do nada e desistiria de você, olha tem uma coisa que nós não te contamos, não fica bravo tá, foi apenas para te ajudar. — Hermione falou deixando Harry curioso.
Ela contou tudo que havia acontecido entre ela e Draco, as conversas, as trocas de bilhetes, sobre eles serem amigos agora, o que fez Harry sorrir sem acreditar.
— Eu não sei por que ele foi embora, mas acho que ele voltara, ele não ia desistir de você assim. — Hermione falou  tentando confortá-lo.
— Espero que você esteja certa, quero muito pedir perdão por tudo que eu fiz a ele. — Harry respondeu respirando fundo, uma lágrima escorria pelo rosto.
Os dias se passaram lentos, Harry não prestava mais atenção nas aulas, estava sempre distante, era como se apenas seu corpo estivesse ali, mas sua mente estava longe, não conseguia deixar de pensar em Draco, percebeu o quanto o loiro fazia falta em sua vida, o quanto ele era especial, ele não comia muito bem e não dormia direito, pois sonhava com Draco quase a noite toda e eram sempre sonhos muito perturbadores, onde ele o via morrer em sua frente de várias formas, uma delas foi a lembrança de quando jogou aquele feitiço em Draco no banheiro, porém no sonho Harry o tinha em seus braços enquanto ele perdia completamente o último fôlego de vida.
Harry acordou assustado e ofegante, os olhos completamente úmidos, como em todas as noites. Ele levantou e foi até a janela, vagou seus olhos sem atenção ao lado de fora. Ainda era muito cedo para estar acordado, mas Harry não queria voltar a dormir e ter outro terrível pesadelo. As lágrimas começaram a descer silenciosas por seu rosto, ele tinha certeza que nunca mais veria o loiro, pois sabia que havia partido o coração dele, quando ele tentava lhe mostrar todo seu amor.
Ah se Harry pudesse voltar ao passado, faria tudo diferente. O abraçaria no mesmo instante e diria quanto também o amava. Mas ele não podia mudar o passado, era perigoso e ele tinha que se conformar com a realidade.
A semana já estava no fim, era domingo, estava noite e caia uma forte chuva ao lado de fora do castelo. Harry sempre estava sozinho escondido pelos cantos, ele estava sentado olhando pela grande janela no alto da torre do relógio. A única luz era as dos relâmpagos quando iluminavam no céu. Harry olhou a paisagem ao longe, depois desceu os olhos para baixo, um relâmpago surgiu e Harry viu uma sombra entrando em Hogwarts.
O coração dele disparou, Harry olhou atentamente a figura de preto caminhar até a grande entrada, ouve outro clarão e Harry sentiu a respiração falhar, a figura preta parentava ter a cabeça bem branca. Harry observou até não conseguir mais ver. Ele levantou depressa e correu escada abaixo. Correu até a grande entrada, estava escuro, mas ele não viu ninguém. Será que era apenas uma ilusão, será que era sua mente lhe pregando apenas uma peça? No entanto ao olhar para o chão Harry viu pequenas quantidades de água, como pegadas, sim alguém havia entrado no castelo.
Harry correu pelos corredores, sabia exatamente para onde ir. Quando chegou um pouco mais perto das masmorras, seu coração disparou forte, ele viu Draco virando a esquerda, sim ele tinha certeza de que era ele, reconheceria aqueles cabelos em qualquer lugar. Harry correu virando a esquerda e o viu de costas parado próximo a entrada da sonserina. Harry se aproximou devagar e segurou o braço dele. Draco girou o corpo de repente assustando.
— Harry. — Draco sussurra sentindo a falta do ar.
Os olhos se fixam intensamente por alguns segundos, Harry passa sua mão atrás de Draco e o puxa unindo seus corpos e envolve os lábios em um beijo intenso, urgente, necessitado. Draco com seus olhos abertos, surpresos, não entende o que está acontecendo, mas retribuiu o beijo com vontade. Porem depois afasta os lábios e vira a cabeça para o lado direito.
— Não. Não podemos fazer isso. — Draco fala entre os braços de Harry quase chorando — Eu não vou mais te incomodar, esquece tudo.
— Não, não, escuta! Você nunca me incomodou, nunca! Eu preciso falar com você, é muito importante, depois você decide o que fará. — Harry falou segurando a mão dele.
Draco abaixa a cabeça com o semblante completamente triste, depois ergue a cabeça e olha no fundo daqueles olhos verdes.
— Por favor, vem comigo. — Harry pede sério, depois dá um pequeno e tímido sorriso.
— E-Eu preciso trocar minhas roupas. — Draco fala com seus olhos ainda sem vida. Só agora Harry percebeu o quanto Draco estava molhado.
— Tudo bem, mas eu não vou sair daqui, eu juro que entro lá dentro para te buscar. — Harry responde com um pequeno sorriso, e fez Draco sorrir fraco e balançar a cabeça afirmativamente — Coloque uma roupa bonita.
Harry soltou a mão que ele segurava e Draco foi até a parede, falou a senha e entrou, a parede se fechou logo em seguida. Harry andou devagar de um lado a outro, estava nervoso, era hoje, era agora que ele iria pedir perdão e seria de uma forma romântica o loiro merecia isso e tudo mais. Harry parou colocando a mão direita atrás da cabeça sorriu fraco imaginando o momento. Ouviu um barulho e se virou, Draco saia com outra roupa, mas bem parecida com a anterior, um terno todo preto, camisa branca e gravata listrada de verde. Harry o observou de cima abaixo, seus olhos emitiam malícia, o que deixou Draco levemente vermelho. Harry se aproximou dele segurando na mão esquerda dele e o puxou pelos corredores.
— Onde estamos indo a essa hora da noite? — Draco perguntou com a voz baixa.
— Para a sala precisa. — Harry respondeu deixando Draco nervoso, a respiração elevou de repente.
Subiram algumas escadas, caminharam em mais alguns corredores e Harry parou diante de uma parede. Ele fechou os olhos visualizando em sua mente exatamente o que ele queria e como queria. Draco viu o desenho surgir lentamente na parede e a porta surgir.
— Abra. — Harry pediu com a voz calma e um pequeno sorriso.
Draco olhou para ele, seu coração já estava se agitando rápido. Segurou a maçaneta da porta e girou, empurrou devagar. Com a porta já aberta, ele viu no fundo uma mesa redonda com duas cadeiras, algumas velas flutuavam sobre ela acesas, uma iluminação fraca, clareando apenas aquele espaço. Sobre a mesa uma grande toalha de cor vinho descia até o chão, no centro um pequeno vaso com três rosas vermelhas e a volta alguns pratos com comida.
— Com fome? — Harry perguntou sorrindo, estendendo o braço para ele entrar.
Draco entrou caminhando devagar até a mesa, Harry se aproximou sorrindo, mas desfez o sorriso quando viu o rosto de Draco começar a encher de lágrimas, não era lágrimas de felicidade. Ele abaixou a cabeça colocando as mãos no rosto e começou a chorar alto descontroladamente. Harry não entendeu o que estava aconteceu e o abraçou forte.

Continua...

Entre quatro paredes - Drarry (Em Edição)Onde histórias criam vida. Descubra agora