Capitulo 16 - Contado para os pais

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~Laura~

Acordei desorientada, vendo Theo na minha frente. Não lembrava de tê-lo colocado na minha cama. Foi então que senti um calor nas minhas costas e pernas por cima das minhas. Sim, Dimitri estava dormindo de conchinha comigo enquanto eu estava com o meu pequeno. A cena toda era fofa, mas tratei logo de desfazê-la. Eu ainda não tinha me resolvido com Dimitri, a noite que passara não era nada além de diversão. Eu estava indignada comigo mesma: não podia acreditar que dormira com ele! Sexo era bem diferente de dormir junto, porque dormir na mesma cama significava intimidade, e intimidade significava que tínhamos resolvido tudo, quando não tínhamos.

Levantei tentando não fazer barulho e sair sem acordar os dois homens charmosos e donos do meu coração. Suspirei e saí do quarto. Em silêncio, fui para cozinha preparar a mamadeira de Theo antes que ele abrisse o berreiro. Aproveitei e fiz café com torradas e, como tinha suco na geladeira, peguei-o, também. Sinceramente, eu estava pensando em pegar Theo e ir pra casa naquele momento sem nem falar com Dimitri, mas eu sabia que, quando chegasse em casa, Dimitri já estaria batendo em minha porta para tirar satisfações, portanto seria uma mulher civilizada e esperaria ele acordar.

Logo após pôr a mesa, ouvi um choro fraco entrando pela cozinha e voltei ao quarto. Assim que Theo me viu, começou a fazer beicinho. Eu sabia muito bem o que ele queria. Ele estava no colo do pai, então desviei meu olhar para Dimitri, quase tendo um infarto. Meu santo Antônio! Que homem era aquele? Dimitri estava sem camisa, com a calça do pijama caída em sua cintura, deixando-o muito sexy .

– Apreciando a vista? – perguntou Dimitri, fazendo-me corar. Não respondi, fui pega de surpresa e isso me deixou sem palavras, então apenas mudei o foco.

– Bom dia – falei pegando Theo de seus braços, dando um beijo no rosto meu pequeno. – Fiz café e torradas – continuei, voltando para a cozinha.

– Não precisava – disse ele, seguindo-me.

– Bem, eu quis.

– Tudo bem. Mas será que eu não ganho um beijo de bom dia, também? – perguntou ele.

– Não. Você já ganhou muitos beijos e outras coisas mais, que, na verdade não deveriam ter acontecido – encarei-o.

– Você tem razão, mas eu não reclamaria se eu ganhasse tudo de novo – sorriu safado, vindo em minha direção.

– Pode ficar parado aí mesmo – falei.

– Você sabe que não tem como me impedir, não é? – debochou. Olhei-o com raiva, então ele apenas sentou na cadeira, servindo-se de café.

Sentei à sua frente, dando de mamar a Theo, que comia com se o leite da mamadeira fosse desaparecer a qualquer instante. Bem, na verdade, ele desapareceu, porque Theo fez questão de acabar tudo em questão de minutos. Coloquei-o sentado em uma cadeira do lado da minha e comi em silêncio, como Dimitri estava fazendo. Em momento algum ele parou de me olhar, o que sempre me deixava incomodada, e ele parecia saber disso: fazia de propósito.

– Eu estava pensando em levar vocês lá para Villa – disse Dimitri, quebrando o silêncio.

– Não acho uma boa ideia – falei. Villa era o nome de um condomínio enorme onde os pais de Dimitri moravam. O lugar tinha clubes, quadras, piscinas. Era lindo, mas eu não queria ir, porque tinha certeza que Dimitri ainda não tinha falado de Theo para os pais dele, então não queria aparecer assim, do nada.

– Por quê? – perguntou ele.

– Você já falou para seus pais que tem um filho? – fui direta.

– Não.

– Então, Dimitri – eu disse, séria. – Eu não vou aparecer lá sem você ao menos ter contado que agora é pai.

– Você sabe que meus pais são tranquilos. Eles não colocariam vocês para fora de casa. Na verdade, eles até ficariam felizes de saber que são avós – disse ele. Suspirei, porque eu estava assustada. Os pais dele eram pessoas maravilhosas, mas eu tinha medo da reação deles, do que eles pensariam de mim.

– No momento não acho bom ir até lá – eu disse. – Quando você contar a eles, talvez possamos ir. – Assim que terminei de falar, Dimitri levantou, saiu da cozinha sem dar um pio, voltando minutos depois com o celular em mãos.

– Se for por isso, posso ligar agora mesmo – disse já discando os números.

– Dimitri, não – falei levantando para impedi-lo, mas já era tarde.

– Oi, pai, bom dia para o senhor, também... Está tudo bem, sim – disse sem tirar os olhos de mim. – Sabe o que é, pai, acontece que tenho uma coisa pra falar com vocês... Não pai, não precisa se preocupar, nada de grave aconteceu... Bom, é que eu encontrei a Laura há algumas semanas... Sim, ela está linda como sempre – falou rindo. Eu apenas desviei do seu olhar. – Sim. Nós temos algo para lhe dizer... Ainda não, mas estou tentado! Você sabe que ela é cabeça dura – riu novamente. – Mas já lhe adiantando tudo, agora eu sou papai – alargou o sorriso. - Sim, eu sei que mamãe irá ficar muito feliz de saber... É uma longa história, pai... Tudo bem, iremos almoçar aí, sim. Abraços, pai – desligou.

– Você só pode ser louco, Dimitri! – Eu disse, nervosa e irritada.

– Sou, mesmo – respondeu ele. – E nós três temos um almoço com meus pais, hoje – bufei.

– Não sei como ainda não te matei – eu estava irritada. Dimitri apenas riu.

Até a hora de irmos para a Villa, ficamos na sala rindo das brincadeiras de Theo. Eu continuava irritada com Dimitri, mas já estava mais calma. Pouco antes de irmos, Dimitri passou no meu apartamento para eu trocar de roupa e pegar algumas coisas para Theo, também. Eu estava ansiosa e com medo.

– Não precisa ficar nervosa, Laura – disse Dimitri pegando em minha mão quando entramos novamente no carro.

– É fácil falar, Dimitri.

– Você sabe que eles sempre gostaram de você e eu tenho certeza que eles irão amar Theo, não há o que temer – disse ele acariciando meu rosto com a mão livre.

– Tudo bem – falei, já mais calma. Dimitri depositou um beijo em minha mão antes de soltá-la e deu a partida.

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