A Escuridão - Prólogo

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O vento soprava lentamente, o céu acima de suas cabeças estava completamente estrelado. A noite escura e fria tornava tudo muito mais complicado. Cada passo parecia leva-los para a morte. O medo tomava conta deles a cada segundo que passavam presos ali dentro, a procura dos outros. A vontade de encontra-lo ia além dos próprios limites. Os dois pequenos jovens entraram nessa procura com o destino certo e com um pensamento firmado, "sair dali somente com os outros dois garotos e não perderem mais ninguém". Para o Gabriel isso era uma questão de se desculpar, ele dizia que tudo era por culpa dele, mas como seria sua culpa se ele não sabia antes que isso era por causa do seu passado? Ele não podia se torturar por uma coisa que ele não sabia que estava acontecendo, assim como seus amigos, ele também foi vítima de um destino cruel.

A floresta encontrava-se escura, úmida e densa. As duas lanternas pareciam apenas duas faíscas de luz que não iluminavam o suficiente. A trilha encontrava-se encharcada. Agua? Fazia três dias que não choviam desde o dia que eles estiveram ali pela primeira vez. Ver aquela floresta com os olhos que eles viam agora era muito mais diference e tenebroso do que há três dias quando tudo era divertido. Agora, talvez, eles estariam a procura da própria morte para salvar seus dois amigos.

A caminhada já estava se tornando insana, insuportável e longa. A impressão que dava era passar pelo mesmo local diversas vezes, só que o estranho era que eles estavam andando sempre em linha reta, ou achavam que estavam em linha reta. Aquela trilha já deveria ter os levados a algum lugar. Mais de uma hora andando, cerca de 4 km para não chegar nem ao menos no lago.  O medo deles era ter que entrar para a floresta, justamente o lugar que eles não queriam ter que procurar, a parte sombria. Até o momento eles só estavam andando em uma trilha que cortava a floresta inteira ao meio, a dividindo em duas, uma com o lado mais sombrio e denso e outra mais iluminada e segura. Porém, ter que entrar em uma delas seria necessário se eles quisessem achar os seus amigos vivos e salvos. As pistas todas as lavavam apenas para um lugar no meio daquela imensa escuridão. Um lugar em que Gabriel já estivera e sabia todos perigos que ele escondia. Escapar desse perigo o mais rápido possível era impossível, mas ele não estava sozinho, se sentia seguro ao lado de seus Quatro amigos, em especial um.

Caminhando, caminhando, caminhando... nada de chegar a lugar algum. Tudo já estava bem estranho, estava se tornando cada vez mais sombrio, a paisagem estava cada vez mais familiar a cada minuto que se passava. Curioso, com medo e esperto, um dos garotos pegou uma faca, abaixou-se e cortou a parte de baixo da sua camisa, em um formato de tira que dava no mínimo uns 30 centímetros.

— O que você está fazendo? — perguntou um dos garotos.

— Precisamos sair de dentro desse círculo. — respondeu ele.

— Como assim deste círculo? Estamos andando em linha reta.

— Pois é em linha reta há horas sendo que não demorava nem 30 minutos para atravessar essa trilha, estranho não é? — falou o garoto com a tira nas mãos.

— Veremos! — falou Gabriel — Mas o que você pretende fazer?

O garoto pegou a tira, guardou a faca, foi até uma arvore do lado mais claro da floresta e a amarrou num ganho visível da trilha, ele voltou para onde estava inicialmente e apenas respondeu à pergunta.

— Isso daí! Agora vamos continuar, se eu estiver certo não demoraremos a passar por aqui novamente.

Eles seguiram o garoto. Todos queriam que eles estivesse errado para não terem que se preocuparem com mais esse problema, presos em um círculo que eles não saberiam como sair. Eles continuaram a andar, era uma trilha bastante estreita, com não muito espaço para os Quatro, tinham que andar em duplas, uma dupla na frente da outra. As arvores de ambos os lados da trilha dançavam conforme o vento, fazendo um zumbido arrepiante aos ouvidos deles. Cada zumbido era um arrepio, parecia que as arvores choravam, a do lado escuro pareciam gritar, os chamando, os querendo dentro delas. A lua começou a aparecer no horizonte, diante deles, começando a iluminar dentro de ambos os lados da floresta, eles se sentiram iluminados, a lua os ajudariam a seguirem seu caminho.

OS CONJURADORES - A MALDIÇÃO - LIVRO 1Where stories live. Discover now