JAY

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O Cheese Course continuava o mesmo.

A decoração e o cheiro me remetiam a cinco anos atrás. O que de certa forma era bom mas ao mesmo tempo, péssimo.

Quando chegamos a Weston, no dia anterior, o primeiro lugar que pensei em ir foi para lá.

"Saudade dos velhos tempos", falei, mas era só uma desculpa para vê-la. Ou pelo menos tentar. Já faziam cinco anos. Mia nunca foi do tipo que se satisfazia com pouco ou que ficasse muito tempo estagnada no mesmo lugar. Eu sabia que ela não estaria ali, eu sentia.

Mas também sentia que aquele era o dia perfeito para passar lá. Se ela ainda estivesse em Weston, quem sabe não podia passar pelo Cheese Course?
Eu e os meninos nos sentamos na mesa 2, como de costume.

Olhávamos um para a cara do outro e ríamos, sem falar nada, de nervoso. Estávamos voltando para o nosso lugar. A cidade onde tudo começou.

Todos nós tínhamos lembranças de lá. Boas ou ruins.

Chamamos atenção de algumas poucas pessoas que estavam por lá naquela manhã. Talvez nos reconhecendo. Mas não seria nada diferente de antigamente.

Tudo bem, antigamente éramos aspirantes a astro de rock.

Hoje éramos os astros de rock. Algumas coisas haviam mudado.

Antes que alguém chegasse à nossa mesa, ouvi o sino da porta tocar. O que vi, fez parecer que meu mundo parou de girar por longos minutos, e que eu vivia em piloto automático esperando por aquele momento.

Era ela. Como se fosse possível, estava mais linda do que eu me lembrara. Seus longos cabelos negros estavam na altura dos ombros agora.

Ela usava uma calça jeans, marcando as curvas que eu me contorcia só de lembrar.
O pequeno terninho preto que ela usava não davam espaço a imaginação, e eu agradeci a Deus por isso. Podiam ter se passado milhares de anos.

Ela continuava minha. E eu não queria ninguém olhando para oque é meu.

Parecia que era só eu e ela. Não ouvi mais nada e nem prestei atenção no que estava acontecendo. Era ela. Era a minha Mia. Ela estava ali. Não tinha ido embora de Weston, afinal.

Me levantei de onde estava e em um ato súbito, andei até ela.

Eu iria poder sentir seu cheiro de mel. Escutar sua voz doce.

- Mia - Falei, assim que cheguei perto o suficiente para que ela ouvisse. Minha voz parecia distante. Como em um sonho. Por Deus, que eu não estivesse sonhando.

Ela virou rapidamente para me olhar. Seus olhos se arregalaram quando percebeu quem era. Parecia ter visto um fantasma.

Será que ela havia sentindo minha falta tanto quanto eu senti a dela?

- Jay - Meu nome saiu como um sussurro de sua boca e eu me toquei de que havia me esquecido de como ele ficava bem em seus lábios. Sempre foi ela.
Eu queria falar com ela, tentar entender o que realmente nos separou. Queria conversar sobre tudo e sobre nada. Só queria a ter perto de mim.

- Quanto... hum... - Limpei a garganta, sem saber como prosseguir. - Quanto tempo.

Ela continuava com o rosto branco e as expressões faciais de desacreditada.

- Mia, sou eu... - Falei, chegando mais perto dela. - Eu... Eu voltei. Estou aqui.

- Jay... - Ela repetiu meu nome, como se fosse uma maneira de acreditar.

Eu estava tão perdido nela que só fui me tocar que ela segurava alguém quando a olhei de cima a baixo de novo.

Ela estava com um garotinho, devia ter uns 4 ou 5 anos. Ele era loiro e tinha olhos claros, como eu.
Na verdade, ele era eu. Parecia loucura. Não, é loucura!

O garoto era totalmente idêntico a mim. Bem mais novo, mas era igual a mim.

Meus joelhos fraquejaram e eu me abaixei, para ficar do tamanho dele.

Ele me olhava com curiosidade.

Não podia acreditar. Era meu. Era meu filho. Meu filho com Mia.

Eu tinha um filho.

- Oi, rapaizinho - Consegui dizer. Eu ia chorar. Eu ia chorar igual a um bebê. Não dava para acreditar que Mia havia escondido isso de mim.

- Oi - Ele disse, olhando para mãe e depois para mim de novo. - Você... é o roqueilo daquela banda.

Sorri. Ele sabia quem eu era, afinal.

Antes de poder responder, Mia se abaixou e ficou na mesma altura que eu e o menino.

- Jacob, você lembra do que a mamãe contou pra você?

Ele olhou com os olhos cheios de ternura para mãe e fez que sim com a cabeça. Eu queria que ele olhasse assim para mim. Eu ia fazer tudo que pudesse pra que ele olhasse assim para mim.

- Então como se diz? - Ela perguntou e ele olhou para mim.

- Oi, papai - Ele soltou da mão dela e abraçou meu pescoço.

Ele sabia quem eu era. Ele... eu... eu não conseguia pensar.

Envolvi ele em um abraço e suspirei. Eu queria chorar. Eu tinha um filho. Nem nos sonhos mais loucos isso passara pela minha cabeça. Nunca.

Eu não queria soltá-lo. E acho que ele entendeu, porquê não fez menção de sair do meu abraço. Olhei para os olhos de Mia que estavam marejados.

- Por que... por que você não me contou? - Falei, ainda abraçando meu filho.

- É uma longa história, Jay. Mas... acho que posso contá-la pra você depois de levá-lo para escola.

- Quero levá-lo - Falei. - Me deixe levá-lo.

Ela suspirou.

- Tudo bem.

Amor Entre CordasWhere stories live. Discover now