Amor Entre Cordas

MIA

♪

Jay não me ligou e nem deu sinal de vida.

Ele disse que me buscaria depois que eu terminasse de arrumar minhas coisas no apartamento de Vanessa, mas não me atendia para que eu pudesse falar com ele que já estava indo para lá.

Decidi ir mesmo assim e, decidir o que fazer depois respeito disso.

Mas meu coração parou quando cheguei ao apartamento. Eu conhecia o cheiro dele. Conhecia o estilo de calça que ele usava. Conhecia seu estilo de camisa.

Quando pisei naquele apartamento, meu coração parecia que ia sair do peito, porquê talvez eu já soubesse.

Minhas mãos tremiam. Meu peito doía, minha perna não queria sair do lugar. Lágrimas já queimavam em meus olhos quando decidi ir até o quarto de Vanessa que estava com a porta entreaberta.

Levantei a mão esquerda para abrir a porta. A cena que eu vi ali, naquele momento, ficaria marcada para sempre.

Jay estava jogado na cama de Vanessa, só de cueca, com ela ao seu lado.

Eles não chegavam nem a estar abraçados, Vanessa estava virada de costas para ele, encostando sua bunda no quadril dele.

Eu só me lembro de gritar seu nome. Depois disso, tudo que fiz não passou de um borrão preto.

JAY

A voz de Mia vinha aumentava a medida que meus olhos pesados abriam.

Caralho, parecia que eu tinha levado uma martelada na cabeça. Ela doía demais. Forcei meus olhos a abrirem e a voz de Mia foi ficando mais forte.

- JAY! JAY! ACORDA, SEU MENTIROSO!

Nem nos meus piores pesadelos Mia me chamava de mentiroso. Eu não lembrava de nada, mas, quando abri meus olhos, a vi parada na minha frente.

Com a cara inchada e as lágrimas que não paravam de escorrer. Ela tremia da cabeça aos pés. Me levantei da onde quer que eu estivesse.

Tentei chegar até ela. Mas cambaleei um pouco antes de ficar me pé. Quando olhei para o lado, vi Vanessa só de calcinha e sutiã, cabisbaixa perto da parede.

- Como você pôde? - Escutei sua voz doce, tremida, enquanto tentava botar minha cabeça em ordem.

Que merda tinha acontecido?

- Mi-Mia... - Gaguejei, botando a mão nas têmporas.
Vi quando ela se aproximou e deu um tapa bem forte na minha cara.

- Eu dei tudo á você! COMO VOCÊ PODE FAZER ISSO COMIGO? - Ela gritava sem parar. Eu não lembrava de nada.

Tentei segura-lá mas ela se debatia sem parar.
- Mia... por favor, meu Anjo, eu não me lembro de nada... eu...

- É bem típico de você! Por quê fez isso? Eu amei você! Eu fiz tudo que pude por você!

Meu coração parou quando ela disse "amei". Eu não sabia o que tinha acontecido, mas eu sabia que não tinha mais volta depois daquilo.

Por mais que eu tentasse falar com ela, ela só gritava e me xingava. A mim e a Vanessa. Percebi que estava de cueca só depois que ela saiu do quarto, se trancando no seu.

Ouvi seus soluços constantes. Tentei falar com ela, mas ela não ouvia.

Os poucos momentos que me lembro daquele dia, foram eu quebrando tudo no apartamento, batendo na porta de Mia sem parar, quase quebrando-a.

Eu não podia perdê-la.

Não pedia perder meu mundo.

Eu gritava e chorava sem nenhuma vergonha.

Foi a primeira vez na vida que tive vontade de bater em uma mulher, em Vanessa.

Ela ficou nervosa porquê também lembro dela ter ligado para alguém.

Ryan chegou acompanhado de Thad, e juntos, eles tentavam de todo jeito me tirar de lá. Mas eu não conseguia sair.

Não sem uma explicação. Não sem a minha Mia. Meu mundo estava perdido sem ela.

No final; ela sempre fora meu mundo.

- Eu só quero saber o que aconteceu - Disse com a voz confusa para Thad.

Ele segurava o meu rosto com uma expressão de dor e dizia que tudo ia ficar bem. Foram trinta logos minutos tentando fazer Mia sair do quarto.

Falar comigo. Mas ela só dizia que não queria nunca mais me ver. Nunca mais escutar minha voz.

Que estava acabado. Que ela havia entregado o coração para a pessoa errada.

No final, Thad e Ryan me tiraram de lá. Procurei por ela no dia seguinte, mas não a encontrei.

Meu sono não era mais o mesmo, minhas olheiras estavam enormes. A única coisa que eu conseguia pensar era que não tinha mais o meu Anjo comigo. Bebi demais durante aquelas semanas.

Não conseguia lembrar onde estava.

Thad aparecia sempre para me ajudar a ir para casa. Mas eu só tinha vontade de morrer.

Parecia que eu não tinha tido vida sem ela antes.

Por mais que eu procurasse por ela, eu não a encontrava.

Com a ajuda de Thad, Ryan e Josh, rodei Weston inteira. Mas nada. Nada dela aparecer. Nem um mísero sinal.

Passaram-se três semanas quando o assessor nos deu um aviso: ou íamos com ele para a gravadora em Nova York e começávamos nossa carreira; ou ele desistiria de nós.

Os meninos não disseram nada, mas eu sabia que era o sonho de todos ali. Era o meu, antes de conhecê-la.

Mas eu não podia fazê-los pagar.

No mesmo dia liguei para o assessor e ele combinou de ir nos buscar no dia seguinte, para nossa carreira finalmente começar.

Algo dentro de mim morreu mais no dia em que deixei Weston. Algo me dizia que eu não tinha feito o suficiente.

Mas algo dentro de mim também dizia que se ela realmente me amasse como eu a amo, ela viria me procurar.

Se fôssemos para ficar juntos, ficaríamos. Nessa vida, ou em outra.

Por Deus, eu esperava que fosse nessa.