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- Brie, o que você está fazendo? Você não será obrigada a ir com ele!

Perguntou Fabrizio, depois que o pai dela partiu, enquanto todos na casa ainda estavam perplexos com a situação.

Ela estava mesmo cogitando ir em bora daquela maneira?

– meu amor, eu sei o que você está pensando, Antonella, me perdoe e senhor Geovane me perdoe também. Vocês não entenderiam o que está acontecendo comigo. Vocês foram a minha família enquanto eu estive na casa de vocês, e eu jamais poderia retribuir tudo o que cada um aqui fez por mim.– seus olhos estavam rasos d'água e olhava para cada um deles com muito pesar, seu coração estava muito dolorido naquele momento.

– Brie, pare agora com isso! Isso não é uma despedida.– Fabrizio se adiantou e a abraçou, os seus olhos gritavam o desespero que ele estava sentindo naquele momento e a impotência de saber que o que quer que ela houvesse decidido, ele não poderia impedir.

– minha querida, meu filho tem razão. Todos nós lembramos de como você chegou aqui e o bem que o nosso Fabrizio tem feito em você, mas também vimos o bem que você tem feito a ele.– Antonella se intrometeu ao notar a dor nos olhos do seu filho.

– nosso filho nunca sorriu tanto, anjo, e pela primeira vez, faz alguma coisa além de trabalhar nessa fazenda e se preocupar comigo.– dessa vez era o senhor Geovane que tentava convencê-la de alguma forma.– Se quiser ficar, sempre será bem vinda, mas, se precisar partir, sempre terá pra onde voltar. Eu sei que tem coisas que você precisa resolver.

O senhor Geovane parecia um homem muito sábio e parecia entender que ela realmente precisava ir para se encontrar. Ela caminhou até ele, o beijou e abraçou forte, como já havia se habituado a fazer e depois fez o mesmo com Antonella, agradecendo aos dois por todo carinho.

- obrigada, eu não sei o que dizer a vocês, eu me sinto tão amada aqui, mesmo em tão pouco tempo. Eu nunca iria esquecer de vocês ou trocar isso tudo por nada. Fabrizio, me acompanha até o chalé? Acho que precisamos conversar também.

Antes de se retirar Brie beijou Antonella carinhosamente e abraçou o senhor santori mais uma vez. Mesmo sem participar da conversa no chalé, ambos sabiam que seria uma despedida e por isso Antonella chorou como uma criança, assim que os dois saíram da sala, enquanto o senhor Geovane a acalentava e tentava segurar as próprias lágrimas.

Assim que chegaram no chalé, Fabrizio deixou transparecer todo o desespero que sentia, por mais que não fosse uma decisão dele, ele não poderia simplesmente deixa-la partir, sem sequer entender os seus motivos.

- Brie, meu amor, por favor, você não pode me deixar.

Cada palavra e cada lágrima de cada um ali, era como uma nova ferida no coração de Brigitte, ela tinha muito medo de voltar a ser engolida e sufocada por aquela sensação amarga, mas ela também sabia que precisava passar por isso dessa vez, precisava enfrentar a si mesma, ela sentia que apenas dessa forma poderia se libertar.

– eu também não quero partir, e isso é algo muito difícil pra mim. Mas, eu sinto que é o que eu preciso fazer agora e isso não é pelo meu pai. É principalmente por mim. Desde que o conheci, minha vida e meus sentimentos mudaram, eu fico feliz quando estou com você, e eu me sinto livre, como eu nem lembrava ser possível.– ela caminhou até o pequeno sofá e se sentou, sentindo as suas pernas trêmulas de ansiedade.– Ao mesmo tempo, o contato mais íntimo com Deus e o tratamento médico juntos, também tem me ajudado excepcionalmente. Mas, de uns tempos pra cá eu tenho refletido sobre uma coisa que o psicólogo me disse. Eu preciso parar de depender das pessoas pra ser feliz. Eu não preciso agradar o meu pai ou meus irmãos eu tenho que ser feliz por mim e nada mais. Eu não posso viver com todos nesta casa preocupados quando eu saio e demoro pra voltar, ou se eu durmo até mais tarde e todos pensam que eu me dopei novamente. Eu não posso viver esperando constantemente que você me salve.

Fabrizio caminhou até ela e se abaixou na sua frente, colocando a cabeça em seu colo, enquanto os dedos suaves de Brie, mergulhavam delicadamente em seus cabelos macios.

– você sabe que eu salvaria você todos os dias da minha vida. Eu não me importo se precisar fazer isso, eu amo tanto você!– a dor em sua voz era tão palpável e a machucavam tanto.

– eu sei, e eu o amo ainda mais por isso. Mas eu também quero não precisar ser salva todos os dias. Preciso provar a mim mesma que a minha alegria é real dessa vez, que o tratamento deu certo, que Deus está mesmo comigo. Preciso sentir isso tudo longe de você pra saber que essa sou eu mesma e não apenas eu quando estou com você. Quero ser feliz pra poder voltar aqui e fazer você feliz também.

Fabrizio tirou a cabeça do seu colo e olhou nos seus olhos tão repletos de emoções.

- então me promete que volta, porque sou eu que não consigo garantir minha felicidade sem você aqui. Aliás, espera aqui, só um minuto.

Antes que ela pudesse responder qualquer coisa, Fabrizio saiu correndo em direção a fazenda e Brie ficou parada sem entender o que ele estava fazendo, mas pouco depois ele reapareceu correndo novamente e parou novamente na frente de Brigitte, se ajoelhando.

- Brizio, o que está fazendo?– os sentimentos que a tomaram naquele momento eram incomparáveis a tudo o que havia sentido antes, ela nunca esteve tão perto de desistir de partir, mas ela sabia que se desistisse, nunca estaria completa para ele, para os dois.

– Me prometa que vai voltar Brie, e que vai dormir comigo todas as noites das nossas vidas nesse chalé, e passar as tardes na nossa casa da árvore, e cantar ópera pra mim com a sua voz de anjo, e ensinar nossas menininhas a dançarem ballet, enquanto nossos garotos correm por essas terras. Eu quero sentir o seu cheiro cavalgando comigo e pegar na sua mão quando formos orar juntos... Quero fazer isso pra sempre com você Brie. Volta, volta pra casar comigo?

Se já não tinha muita vontade de partir, Brie agora queria permanecer alí com Fabrizio até criar raízes e nunca mais precisar ir a outro lugar. Seus olhos já estavam rasos d'água quando ele abriu a palma da mão e revelou o anel que correu para buscar. Uma jóia antiga, cravejada de pequenos brilhantes e com uma pedra maior no meio, elegante, delicado e misterioso, assim como era toda Toscana com a sua exuberância antiga,  que trazia consigo todos os mistérios do passado.

Naquele momento Brie não aguentou e se derramou em lágrimas, se ajoelhando também de frente para Fabrizio, enquanto ele colocava o anel em seu dedo.

– eu te amo muito, meu amor. Você me trouxe de volta a vida e me fez sentir viva como eu nunca me senti antes. Não importam as circunstâncias, eu vou voltar e vou casar com você, não haverá um dia sequer em que eu não deseje fazer isso.– ela disse chorando e sorrindo ao mesmo tempo, com todo o turbilhão de sentimentos que tomavam conta de seu coração naquele instante.

O fazendeiro beijou a sua boca em meio as lágrimas, e tomou posse dela como um homem faminto, diante do melhor banquete. Não, ele não queria larga-la.

Quase que com um desespero, ele a tomou em seus braços e subiu até o quarto do chalé. Suas mãos tocavam em todos os lugares daquele corpo que clamava pelo seu, como se o seu toque pudesse marca-la como sua propriedade. A necessidade entre eles era urgente e faminta, mas ao mesmo tempo havia uma atmosfera mágica e terna entre os dois. Suas almas novamente estavam expostas além da carne, se tocando e se amando com a mesma e intensa necessidade.

Amar Fabrizio na casa da árvore, no dia anterior, havia sido para Brie, um dos melhores momentos da sua vida, porém, ama-lo novamente, com aquele sabor de despedida se mostrou ser ainda melhor, mais intenso e mais profundo do que qualquer coisa que ela poderia ter imaginado.

Salva Pelo AmorOnde as histórias ganham vida. Descobre agora