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Ao abrir os olhos, Brigitte não tinha a mínima noção de onde estava. O local era iluminando pela luz tênue, que entrava por uma brecha na cortina, a cama onde estava deitada era cheirosa e confortável e de onde estava, ela vislumbrava além da janela de madeira imensa, um criado mudo e um roupeiro simples. Somente após alguns instantes, paralisada pelo medo inicial de não saber o que de fato estava acontecendo, as lembranças da noite anterior lhe vieram à memória, trazendo consigo um desconforto habitual.

A última coisa da qual lembrava, era de estar em seu carro com um completo estranho no volante a levando pra qualquer lugar e que na hora ela não se importava nada com isso.

Levantando lentamente e olhando ao seu redor, Brie notou que estava em um quarto rústico e tipicamente masculino, o cheiro presente também era bem peculiar, uma mistura de madeira e algum tipo de pós barba e sabonete. Ao lado da cama grande estava a sua sandália de salto e em cima da mesa de canto a sua bolsa, que faziam parecer que existia uma certa intimidade entre ela e aquele ambiente, mas que na verdade era completamente inexistente.

Afastando as cobertas, Brie se preparava para se levantar e tentar descobrir onde estava e o que tinha acontecido, já que aparentemente não havia sido roubada, nem sequestrada ou algo do tipo, quando o barulho da maçaneta chamou a sua atenção, mas não veio da porta a sua frente.

Olhando pra lateral do quarto, para uma porta menor, que deveria ser de um banheiro, Brie viu sair de lá o mesmo homem que a impediu de saltar daquele monte na noite anterior e que a tinha levado de carro até aquele lugar.

Mesmo estando atordoada na noite anterior e com pouca luz, ela tinha certeza que era ele. Lembrava de sentir o seu cheiro, quando chorou abraçada Com ele, era o mesmo cheiro que estava na cama e que agora invadia o ambiente com a sua chegada.

Com a iluminação do sol, que entrava pela janela mal coberta, Brie não pode deixar de notar o quanto ele era bonito, na verdade era bem mais que simplesmente bonito, ao ponto de ela ter que se lembrar que deveria continuar respirando ao invés de prender o ar como estava fazendo.

Não, não era apenas beleza. Era como se ele a puxasse para si, mesmo ali, sem se mover. Como se ela estivesse reencontrando alguém depois de muito tempo distante e quisesse se aproximar.

" Droga! Estava ficando vermelha, tinha certeza disso."

- bom dia garota. - disse ele com calma, enquanto levantava as mãos como um sinal de rendição, temendo assusta-la.- eu sei que você deve estar um pouco confusa sobre o que aconteceu, já que adormeceu no caminho. Essa é a fazenda da minha família, eu não quis deixa-la sozinha ontem, então trouxe você pra cá.

- obrigada.- ela agora estava realmente com muita vergonha e por diversos motivos. O que ele deveria estar pensando sobre ela? - Sinto muito por tudo o que teve que presenciar. Hoje eu estou me sentindo um pouco melhor, então, não precisa mais se preocupar comigo.

- por que não se levanta e tomamos um café, hum? A família já sabe que tem alguém em meu quarto, então minha mãe deve ter feito algo especial pra você.

Ao notar os olhos surpresos da jovem, Fabrizio se justificou imediatamente.

- eu não poderia deixar você sozinha ontem a noite e não havia um quarto de hóspedes preparado, então a trouxe aqui, mas não se preocupe, eu dormi na poltrona.- apontou em direção a poltrona, que não parecia absolutamente confortável.– Além disso, seria impossível não notar um conversível rosa estacionado na garagem. Quando minha mãe o viu e o meu pai notou a ausência da sua picape, eu fui convocado a cozinha e tive que dizer que o meu carro quebrou e você me ajudou na estrada, mas, ninguém acreditou muito na minha história, então, não considere tudo o que a minha mãe disser.

- poxa, você deve achar que eu sou uma completa louca e agora os seus pais pensam que eu sou uma safada, que horror!

Sua afirmação indignada arrancou uma gargalhada rouca de Fabrizio, um som, na verdade, gostoso de ouvir.

- pra ser sincero, os meus pais sabem que eu não traria uma safada para nossa casa, apesar de não te conhecer muito, eu não acho que seja uma. Eu vou te dar privacidade agora, mas, te espero lá em baixo pra o café. Ok?

Brigitte apenas afirmou com a cabeça, já que não haviam muitas alternativas.

Quando ele saiu, ela se levantou, organizou a cama e foi ao banheiro pra se refrescar e tentar limpar as lembranças do dia anterior. Quando se ensaboou, sentiu uma sensação estranha, de repente ficar com o mesmo cheiro daquele homem desconhecido em seu corpo.

Na sua bolsa, encontrou uma escova de dentes e o seu reparador de pontas, precisava se apresentar, no mínimo, de uma forma digna, depois do que havia aprontado.

Para a sua sorte, a casa não era muito grande, e ela não ficou perdida ao sair sozinha do quarto. Assim como o quarto onde estava, a decoração do restante da casa, era rústica e simples, o piso de madeira brilhava polido e tudo era cercado por janelas imensas e bastante iluminando.

Após descer as escadas lentamente, Brie continuou caminhando pela casa, observando a beleza singular do local e seguiu o cheiro do café fresco. Todo aquele ambiente tão rústico e cuidadosamente arrumado lhe trazia uma sensação de aconchego.

- ora, mas vejam só quem está aqui!- uma senhora com lindos olhos verdes e brilhantes, demonstrando ótimo humor se aproximou de Brigitte e beijou suas bochechas, antes mesmo que esta se desse conta do que estava acontecendo.- mas que bela ragazza o Brizio nos trouxe, hum? Venha, meu bem, venha, sinta-se em casa...

- bom, eu...acho que deve haver algum tipo de mal entendido aqui...

- ora, não se preocupe com explicações, meu Brizio nunca trouxe uma garota em casa antes. Confio na escolha do homem que eu criei. Ah, já ia me esquecendo, eu me chamo Antonella e sou a mãe de Fabrizio, deve estar me achando uma desmiolada.

Antes que pudesse responder novamente, Brie se viu sendo arrastada até uma mesa farta, posta numa varanda com vista para o jardim e para toda paisagem magnífica ao redor da casa, repleta de campos verdes. Fabrizio que já estava sentado, levantou com a sua chegada e tentou se desculpar com um olhar. Obviamente, sua mãe não ouviria nenhum tipo de explicação e parecia empolgada.

Por um momento Brigitte achou graça de toda a situação e se pegou sorrindo, o que a surpreendeu, já que não sorria sinceramente a algum tempo.

Mas, também fazia muito tempo que não tomava um café da manhã com a sua ocupada família, na verdade, já fazia muito tempo que sequer falava com algum dos seus irmãos ou com o seu pai. Aquela não era a sua família, Obviamente, eram na verdade uma família de estranhos que acabava de conhecer, mas o ambiente familiar em que todos a colocavam, e toda aquela receptividade calorosa, de alguma forma lhe deixaram aquecida.

Salva Pelo AmorOnde as histórias ganham vida. Descobre agora