O MENINO CARLOS

NÃO ACREDITO MAIS

15 de março de 2019

H

oje eu acordei.
E não acredito mais.
Olhei em volta, fixei meu olhar em cada canto.
E eu? Não, eu não acredito mais.

A cada passo,
A cada texto escrito,
A cada música ouvida,
A cada chegada, cada partida.

Não, eu não acredito mais.
Vivi e continuo vivendo, sem crer.
Não pelo sinal da Cruz,
Mas pela vida a mim concebida.

Não, eu nem sei se quero estar.
Das linhas tortas escritas em meu caderno,
Sinais do inexplicável eram notáveis,
E eu, produzindo dentro de mim sentimentos descartáveis.

Não acreditar, não sentir
Não, eu não sinto mais
Como eu queria
Afinal, eu nem sei mais se quero.

Já não se vale a dor,
No peito apertar.
Não se vale deixar transparecer.
Não se vale os olhos inundar.

Pequenos sinais.
Experiências.
Altos e baixos.
Quedas inevitáveis.

O que virá daqui para frente?
Não sei, não quero saber.
Já não quero acreditar
Hoje não mais.

Vivo e viverei.
Pois os sinais da vida
Eu aceitarei.
Não irei esperar por nada.

Nada, nada, nada.
Pois assim seja suportável.
Talvez assim seja melhor.
Quero seguir assim, apenas eu.

Eu não acredito mais
Por não ter em que.
Não acredito mais.
Apenas irei existir, tentarei sobreviver.

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