O MENINO CARLOS

É muito interessante.
É muito complexo.
É inexplicável como a vida faz determinadas coisas acontecerem em nossa história.
Na vida sempre busquei motivos para sorrir, amar e amado ser, busquei a reciprocidade do afeto desmedido, do carinho sincero, do sorriso verdadeiro... e para isso tentei me agarrar no que há de mais imprevisível, no que há de mais momentâneo, me apeguei à pessoas.

Durante todo esse tempo aprendi muito sobre o jeito de gostar, o jeito de demonstrar um sentimento, o jeito de ser. O fato de não receber o que você dar, da maneira que queres não significa que seja menos ou desfaço, mas sim o fato de que cada um se expressa de uma forma.

Chorei? Muito.
Sofri? Bastante.

Mas pude sorrir, ser feliz por alguns dias, semanas e meses. Mas no fim sempre uma ferida nascia, mais uma cicatriz se alojava no coração.
Por anos sem saber o que a reciprocidade, sem ter uma experiência, sem poder tocar e olhar nos olhos dizendo um "eu te amo". E como eu havia dito, a vida é engraçada, ela simplesmente coloca uma nova pessoa em sua vida quando você já estava decidido a não querer mais ninguém e que sozinho é o caminho a seguir não por escolha, mas por imposição da vida.

Quem sou?
Um alguém que viveu e vive em busca.
Alguém que já não quer acreditar em mais nada.
Um alguém que após tentar tanto e tudo dar errado... de sempre ficar muito ferido no fim.
Alguém que cria sentimentos sinceros e profundos por aqueles que olham para você e dizem: AMIGO - quando na verdade o que eu sentia á tinha criado raízes.
Quando se conclui algo com certeza, é porque existe um profundo conhecimento em vida. Não falo as coisas da boca para fora, cada palavra carrega um sentimento.

Hoje com tantos ferimentos, com tantas cicatrizes, após achar que não tinha mais lágrimas para chorar, e até mesmo acreditar que não poderia mais gostar de ninguém o mundo gira e algo novo acontece, um novo ser entra na sua vida. E agora?
Eu simplesmente abrir os cadeados do meu coração e disse pode entrar, está um pouco bagunçado, mas aqui é verdadeiro.
Se foi um erro?
Quase que por um momento não se tornou um desastre, pois como sempre me apeguei, me importei, acabei fazendo desse garoto a luz da escuridão da minha vida, fiz dele o remédio para minhas feridas, fiz dele um sonho possível, eu o fiz ser a razão dos meus sorrisos diários.

Eu o disse Amor, mas ele me disse amigo.
O sangue escorreu pelas fendas do coração ainda em recuperação, os olhos secos tornou-se fonte e pôs-se a brotar lágrimas da alma, vontade de morrer nunca tinha me abraçado com tanta força... era o fim? Não. Dessa vez foi diferente, ele não era igual aos outros que simplesmente sumiram após olhar na minha cara e dizer eu não me importo.

Tentei reverter a situação, mas sentimentos após que cultivados, sendo eles verdadeiros, vai pra vida toda. E assim, aceitei as condições da vida e as dele, eu o amo e ele me tem amigo. Aprendi a agradecer pelo que tenho e peço a Deus que não o tire de mim, que não o deixe ir. E se um dia for preciso partir, que não seja um adeus, mas sim até breve, um se cuida, um fica bem, um fica com Deus...
Dia após dia as cores se tornam vivas em mim. Eu o tenho aqui, dentro de mim. E escolhi o risco de se um dia ele sair, terei a certeza de que ninguém mais irá entrar.

Meu nome?
Um garoto solitário em busca do amor.
O nome dele?
O nome dele é Carlos, o meu Menino Carlos.

Seu?
Sim, pois eu o tenho amor, e ele me tem amigo.