Prólogo: O Primeiro Fracasso

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O SEGREDO DAS ROSAS

POR BinnieW

PRÓLOGO: O PRIMEIRO FRACASSO



— Pai! Pai!

O pequeno Kyungsoo entrou correndo pela porta dos fundos da residência, molhando todo o piso, recém encerado, por ter acabado de sair da piscina. Logo atrás dele vinha Minseok, de bermuda e uma toalha na mão, querendo pegar o pestinha que fugia de seu pai mais velho.

O menino estava perto dos dez anos, era uma criança obediente na maior parte do tempo e muito quieta perto de estranhos. Quando resolveram ter Kyungsoo, por serem um casal de ômegas, Junmyeon e Minseok sabiam como seria difícil, não só para eles, mas para seu bebê também.

— O que você pensa que está fazendo, mocinho?

Junmyeon apareceu na porta da cozinha de supetão, fazendo o filho esbarrar em seu corpo e automaticamente agarrar suas pernas enquanto ria alto, mostrando suas janelinhas para o pai.

— O papai Minseok quer me pegar!

Gritou quando o citado agarrou-o com a toalha, enrolando o tecido no corpo pequeno para que ele parasse de molhar o piso com a água que pingava das roupas de banho e das bóias.

— Já peguei.

O ômega deu um beijo na bochecha gordinha do filho, fazendo o menino espernear para fugir.

Enquanto Kyungsoo tentava escapar dos braços de Minseok, Junmyeon voltou para o fogão, abrindo a tampa da panela para olhar os bolinhos que cozinhavam no vapor.

— Que cheiro gostoso.

A criança parou de se mexer para olhar curioso o fogão, vendo seu pai desligar a chama que aquecia a panela.

— Seu pai estava fazendo bolinho recheado, o cheiro está bom não é?

Kyungsoo concordou com a cabeça, dando um beijo em Junmyeon quando este se aproximou para pegar o filho no colo e o levar para perto da panela.

— Eles são tão bonitinhos pai, tem certeza que a gente vai comer?

Os mais velhos riram, fazendo a criança olhar curiosa, sem entender o motivo.

— Sabe o que mais tem cheiro bom? — Seus pais acenaram negativamente com a cabeça. — Os papais, aprendi na escola que quase todas as pessoas tem um cheiro, meus amiguinhos já tem, mas é bem fraco, não é forte igual o dos papais e nem tão gostoso. — Kyungsoo mostrou sua janelinha de novo, fazendo seus pais sorrirem também, pela doçura do filho.

— E os cheiros dos seus papais se parecem com o quê? — Minseok perguntou.

— O do papai Junmyeon parece com chiclete que arde e o do papai Minseok parece suco de salada de frutas. — Os três riram. — E o meu cheiro se parece com o quê, pai?

Os ômegas se olharam, dizer para Kyungsoo que ele não teria um cheiro parecia um pouco cruel para uma criança com nove anos e alguns meses que ainda estava descobrindo sobre as classes e se via fascinado pelos cheiros que seu professor tanto dizia que quase todos tinham. Minseok coçou a garganta, tomando iniciativa para responder o filho.

— Meu amor... Nós precisamos conversar sobre isso.

Junmyeon vendo o semblante sério do marido entrou na frente, não queria dizer aquilo ao filho, hora ou outra Kyungsoo entenderia que betas não tem cheiro, mas o pai imaginava que ouvir aquilo das pessoas que mais amava seria o fim do dia feliz que o pequeno estava tendo.

Logo seu Soo, que desde o nascimento dormia com o rosto no pescoço dos pais para sentir o cheiro bom dos ômegas, que quando tinha um pesadelo corria para dormir no meio dos dois porque o cheiro lhe acalmava. Logo seu Soo, que tinha uma relação tão bonita com o cheiro das classes.

— Tem cheiro de bebê! — Junmyeon interrompeu antes que Minseok começasse a falar.

O outro ômega, sem entender, apenas riu e concordou depois de receber um olhar repreendedor do cônjuge.

— Agora vai tomar banho e colocar uma roupa seca para comer, os bolinhos já estão esfriando.

Desceu Kyungsoo de seu colo e o menino correu para o banheiro, segurando a toalha em volta de seu corpo por já ter começado a tremer de frio.

— Você sabe que uma hora ou outra ele vai saber, se não for por nós vai ser por outra pessoa, esse ano ele já começou a aprender sobre as classes, Junmyeon. — Minseok cruzou os braços, visivelmente chateado com a situação.

— Não é como se isso fosse um segredo, Minseok, todo mundo sabe que betas não tem cheiro. — Junmyeon respondeu, igualmente chateado.

— E não é como se nós fossemos destruir a vida ou os sonhos dele por simplesmente dizer antes do professor que ele é um beta e nunca vai ter um cheiro, pare de dramatizar toda essa situação, essa é a verdade, não tem como esconder.

A conversa do casal acabou ali, Minseok foi ajudar o filho com o banho e Junmyeon terminou o jantar.

Meses depois as perguntas dos colegas sobre o cheiro de Kyungsoo começaram a fazer mais sentido para o menino, não eram perguntas apenas de curiosidade, eram perguntas para o constranger, agora o pequeno sabia o que era um beta e o que significava ser um beta.

Com o tempo, Kyungsoo começou a se sentir desconfortável, as perguntas viraram cochichos, depois risadinhas e todos seus amiguinhos se afastaram e não só por Kyungsoo ter tal classificação, mas também pelos seus pais que o levavam até a escola todos os dias.

Depois de uma conversa com Junmyeon e Minseok onde Kyungsoo disse o quanto se sentia desconfortável no colégio, os pais decidiram trocar o menino de instituição e, já com treze anos na época, o beta quis que ninguém da nova escola soubesse daquilo, da sua classificação.

Queria ter amigos novamente e por isso, quebrou o seu cofrinho onde guardava o dinheiro de sua mesada e as moedas que pegava do carro dos pais para ir até a loja de perfumaria mais distante de sua casa, comprar um dos produtos.

Demorou para escolher um que gostasse, poderia ser um cheiro forte como o de um alfa, mas queria algo suave e doce como o dos pais, queria ser um ômega ou pelo menos se passar por um, queria que as pessoas o reconhecessem apenas por seu cheiro como acontecia com as outras classes, queria ser normal e não se importava em ter que usar perfumes pela vida toda para esconder sua mentira, o que separava Kyungsoo de um ômega de verdade era apenas o cheiro, era isso que o beta pensava.

Comprou um perfume simples, que o pouco dinheiro que tinha juntado conseguia pagar. Um perfume que identificou com cheiro de rosas.

O Segredo das RosasOnde as histórias ganham vida. Descobre agora