Seventh - May

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###JOALIN

Quando meu relógio despertou as 6h, eu já estava acordada encarando o teto. Balancei a cabeça, tentando jogar para longe todos os pensamentos e levantei rapidamente. Fui em direção ao banheiro e fiz minha higiene matinal, coloquei minha roupa de corrida e desci para preparar um shake.

Mamãe e Pepe já estavam acordados, tomando um café da manha calmo no jardim. Avisei-os que ia correr e saí. Como ainda era cedo, o sol estava recém nascendo e eu tinha uma bela vista enquanto me exercitava.

Correr sempre foi um dos meus exercícios favoritos, talvez porque eu podia simplesmente colocar meus fones de ouvido, ouvir uma das minhas playlists relaxantes e correr até todos os problemas que rodeiam a minha mente sumam.

Eu sempre fui uma garota focada. Estudos é minha prioridade, mas sempre com um tempo separado para a família (principalmente meus dois irmãozinhos) e para a dança (que amo desde pequena). Mas ultimamente, minha cabeça tem passado 25h por dia pensando na mesma coisa, ou mesma pessoa.

Garotos, definitivamente, sempre estiveram fora da minha lista de prioridades, principalmente aqueles bonitões e metidos. E eu sempre convivi bem isso. Meu tempo era separado meticulosamente, não tinha espaço para mais uma coisa na minha lista.

Até o maldito Bailey May entrar na escola. No inicio desse ano, ele foi transferido para a Kingsley do seu antigo colégio porque os pais mudaram para o nosso bairro. Ele não era só bonito, mas carismático, e assim como Noah, Josh e o resto do grupinho, ele dançava e cantava bem. Isso era o conjunto perfeito para virar a nova sensação da escola.

Esses garotos, como Noah, Josh e Lamar nunca fizeram meu tipo, mas a primeira vez que coloquei os olhos em Bailey, foi completamente diferente. E isso me assustou, porque era impossível que eu desse uma abertura na minha vida para um garoto, ainda mais um garoto amigo do Noah Urrea. Foi então que comecei a evita-lo. Durante o semestre passado foi fácil, até as férias de verão começarem.

Como eu precisava de dinheiro para comprar um novo computador, resolvi começar a trabalhar meio período numa sorveteria no centro. Pepe, meu padrasto, conhecia o dono e conseguiu rapidamente. Eu fiquei tão feliz de poder trabalhar e ganhar o meu próprio dinheiro para poder fazer o que eu quisesse com ele, até o momento que eu descobri quem era o dono da sorveteria. Matthew May era ninguém mais, ninguém menos que o pai do Bailey e, para melhorar, esse também teve que trabalhar durante as férias na sorveteria do pai.

É claro que isso seria um sonho se eu quisesse qualquer coisa com ele, mas não, a ultima coisa que eu queria era ter que vê-lo todos os dias durante as minhas férias, sendo que meu plano principal era esquecer essa quedinha idiota que eu tinha.

Porém, para a minha alegria (ou tristeza) ele mal prestou atenção em mim durante todo o tempo, só falando comigo quando era estritamente necessário, e ainda por cima, quase todos os dias os seus amigos idiotas iam lá e ficavam fazendo brincadeirinhas e falando merda o tempo todo.

Por mais que eu odiasse admitir, por um tempo eu tive a esperança de que ele fosse legal comigo e gostasse de mim, mas ele mal olhava na minha cara e aquilo me deixava completamente arrasada. No meu ultimo dia trabalhando na Dream Cream, o vi beijando Mallory Stevens e fiquei completamente furiosa e terminantemente decidida a não gostar mais dele. Até o presente momento, eu ainda não tinha tido muito sucesso, mas sabia que se com o tempo eu o evitasse, seria mais fácil.

Já eram quase 6:35 quando resolvi voltar para casa. Tomei um banho relaxante, me vesti e fui buscar Any. No caminho, fomos conversando sobre a tal competição de dança que faríamos no sábado contra o grupo do Noah.

No inicio eu achei a ideia mais idiota do planeta e já tinha decidido dizer não. Mas era inacreditável o quão empolgada Any estava e o quão entrosados ficamos enquanto ensaiávamos. Dança era um amor que tínhamos em comum e fazermos isso juntos estava nos aproximando mais do que parecia possível.

"Eu e a Hina tivemos uma ideia de look ontem." Any disse rindo no refeitório durante o almoço.

"Todo mundo aqui tem uma calça camuflada, né?" Hina perguntou.

Todas concordamos, menos Krys. "O que foi?" Ele perguntou com as sobrancelhas arqueadas. "Olhem bem pra mim e me digam se eu tenho cara de quem usa calça camuflada?" Nós rimos.

"Vamos no shopping depois da aula e você compra uma. Ai todo mundo vai igual." Shivani deu a ideia.

"Não existe no mundo um bom motivo para eu colocar uma aberração da moda como aquilo." Ele falou plenamente tomando um gole do seu suco.

"Porque você ta tão quieta?" Any perguntou baixinho para mim. Automaticamente eu desviei meu olhar da mesa do lado oposto do refeitório para a minha comida intocada.

"To normal." Falei dando um sorriso fraco.

"E eu sou a Beyonce." Ela deu uma risada suave. "É sério, você quer dar uma volta?" Ela perguntou indicando o pátio com a cabeça.

"Na verdade, eu quero. Mas é pra você distrair a minha cabeça com qualquer coisa e não ficar me fazendo perguntas, ok?" Falei e ela bateu uma continência, fazendo nós duas rirmos.

"A gente vai dar uma volta, nos falamos na aula." Eu disse para o pessoal enquanto levantávamos.

Caminhamos em silêncio até o pátio e nos sentamos em baixo de uma das arvores.

"Certo..." Começou Any. "Eu não te contei, mas eu tenho um teste no domigo."

"Um teste?" Perguntei surpresa. Essa garota mal chegou e já conseguiu um teste? É o meu orgulho mesmo.

"Então, um cara que eu trabalhei lá no Brasil é amigo de um produtor aqui. Ele vai produzir uma dessas comédias adolescentes, sabe?" Concordei com um aceno de cabeça. "E acontece que eles querem uma garota de 16 anos que saiba cantar e dançar." E ela abriu os braços fazendo uma pose.

"E você é perfeita pra isso." Falei sorrindo.

"Acho que sim." Ela escondeu o rosto entre as mãos. "Eu to tão animada. Pode ser o maior projeto da minha vida, sabe..."

Eu concordei a abraçando. Uma das coisas que aprendi nessa vida é que as conquistas das pessoas que amamos são tão importantes quanto as nossas.

Ficamos conversando sobre coisas bobas por um tempo enquanto não batia o sinal. Any era exatamente o tipo de pessoa que podia animar até mesmo um enterro se ela estivesse com vontade, então aos poucos fui esquecendo o motivo do meu desanimo, até ver Bailey e Mallory saírem andando de mãos dadas do refeitório. 

What are we waiting for - Now United (Concluída)Où les histoires vivent. Découvrez maintenant