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Acordo forçadamente.
A chata da minha mãe acorda-me à força. Eu tento fazer a mente dela esquecer, mas sem sucesso. Merda, sou obrigado a ir para a quinta. Não me lembrava, é sábado que supostamente iria descansar a porra do cérebro! Mas não, vou para a quinta porque "sou lá preciso".

Rendo-me ao pedido. A água com que lavo a cara encoraja-me a ir.

Chego, contrariado e sim levo os livros para estudar, não sirvo para mais nada. Costumo chatear pessoas, mas não me apetece, o sono atenua-me a maldade.
E vou estudar para o meio do lameiro. Espalho os livros pela erva a fora, fica bonito.
Sinto-me bem no meio do que me faz bem; eu no meio da natureza é um alívio intemporal na minha alma, sinto aquele ar puro fazendo cócegas na ponta do meu nariz. Perdoo-lhe esta irritação. É ela que me atura quando mais preciso quando me enervo sozinho no meio daquela flora toda.
   Eu louco? Sou mas só sou um bocadinho, afinal adolescentes atormentados são mesmo assim.
   Deito-me para o chão frio, indolente, mas agradável ao mesmo tempo. Tem defeitos como tudo.

Suspiro.

Começo a estudar. Está a abrir um sol maravilhoso, estava escondido atrás das nuvens com medo de se mostrar. Simplesmente a minha reflexão: é como eu a esconder-me do inevitável. Simples.
      Olho para os livros querendo abri-los. Mas existe dentro de mim uma vontade oposta que a costumo tratar por preguiça (na verdade toda a gente).
      Vá lá, tem que ser! - penso eu, abrindo com as duas mãos o livro cravando as unhas na capa.
  
    Abro o livro azul, o de Matemática, propriamente a parte 2.
   Ao abrir o livro sinto como se abrisse a porta para um lugar único, paradisíaco, mas esse pensamento pára logo quando ao abrir o livro me aparece os monómios e os polinómios!
   Aquele prazer separa-se de mim rapidamente. Ainda o tento recuperar, como se de um ficheiro multimédia se tratasse, mas sem sucesso, pois já não é como o pensamento original, como eu queria que fosse.
   Começo a resolver os exercícios das Atividades Complementares, relembrando-me que tenho teste segunda feira, mas a "vontade oposta" visita-me de novo.

23 - Byo, O Milhafre PretoWhere stories live. Discover now