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|Belinda|
Eu, claramente, estou me sentindo constrangida e desconfortável nesse colégio. Ser apontada e criticada pela maioria dos estudantes pelo fato de eu não ser "Americana" me faz ficar triste e revoltada. Escuto sussurros durante as aulas sobre mim, e já até escutei me chamarem de "verme mexicano" no corredor.
Fico aterrorizada, já que eu nunca tinha presenciado um ato xenofóbico até ontem, e agora, isso infelizmente está acontecendo comigo. Dói. Dói muito ser julgada pelo simples fato de eu ter vindo de outro país que seja, na visão deles, inferior que os Estados Unidos.
Coloco a minha mochila nas costas e saio da sala de cabeça erguida. Se tem algo que a minha mãe me ensinou é nunca abaixar a cabeça para pessoas maldosas que não tem a noção do que dizem. Esse tipo de pessoa estupida merece a minha pena, e não a minha atenção.
Bebo um gole de água da minha garrafa, e depois a coloco dentro da mochila novamente. Prendo o meu cabelo em um coque e ando o mais rápido que posso na direção das minhas três belas irmãs, que estão conversando no final do corredor. Estranhamente, elas estão com expressões raivosas e parecem estar mais nervosas do que o normal. Será que aconteceu alguma coisa?
A medida que eu ando pelo corredor extenso as pessoas vão rindo de mim enquanto encaram os seus celulares. Parece até um filme de terror. Me encolho um pouco, e aperto os meus livros contra o peito. Estou confusa e com medo. São tantas pessoas me observando que eu fico até desnorteada.
— Finalmente, Belinda! Venha aqui. Agora. — A Carmela me puxa pelo pulso e me guia para uma das salas vazias que sempre tem no primeiro andar. As minhas outras irmãs nos seguem logo atrás. Vejo Francesca gritar um "Vai tomar no cu" e em seguida levantar o seu dedo do meio para todos os presentes no corredor. Merda, o que aconteceu dessa vez?
Carmela tranca a porta e bufa se jogando na primeira carteira escolar livre que ela vê. Blanca liga a lâmpada que estava apagada e faz o mesmo que Carmela. Francesca, a mais brava de todas, opta por sentar no chão e dar socos no mesmo para descontar o seu ódio. Eu, sem entender nada, como sempre, fico parada ao lado da porta com os braços cruzados à espera de uma resposta.
— O que. está. acontecendo? — Eu pergunto pausadamente para todas conseguirem prestar atenção.
— A merda dos nossos vizinhos resolveram postar fotos nossas dormindo e toda a escola viu. Está sendo um vexame. Estou com tanta raiva que não consigo nem ao menos expressá-la. — Francesca me explica.
— Aqueles babacas idiotas precisam pagar por isso. Agora! — Carmela dá um soco na mesa com força. Arregalo os meus olhos.
