Por alguns instante eu parei de sentir minha pulsação, mas agora ela reapareceu tão forte quanto uma bateria de escola de samba. Seu abraço é o meu lar e tudo se desmonta quando estou dentro dele.

- Me desculpa por ter feito você ir até o outro lado da cidade. Mas eu precisava de tempo pra deixar tudo pronto por aqui.

- Então quer dizer que você já tinha planejado tudo isso? - Afasto meu rosto do seu peito e tento ficar de frente e olha-la nos olhos. Ela sorri e beija minha testa.

- Eu planejo tudo com você.

Eu até teria razões para não querer, mas como não desejar tudo com essa mulher??

Fico nas pontas dos pés, junto meu corpo ainda mais no de Vitória e interrompo seu sorriso com um beijo. Um beijo de urgência. Suas mãos estão nos meus quadris e me apertam com mais força, deixo sua língua entrar e brincar com a minha, minha pele arrepia com a prazer que seus lábios me dão, o encaixe é tão perfeito que parece desenhado. Eu quero sentir seu gosto pra sempre. O beijo acelera, esquenta, sua mão direita sobe por minhas costas e para na nuca. Seus dedos se emaranham em meus cabelos e eu preciso de mais. Preciso de mais de Vitória!

Meus pulmões começam a dar sinal de que precisam de mais oxigênio, mas o meu ar se mistura ao dela. Nossas línguas giram e dançam ocupando todo espaço entre nossas bocas, seus lábios preenchem os meus e eu vou perdendo as forças das pernas. Eu deveria trabalhar mais a minha musculatura, perco um pouco o equilíbrio, não sei se pelo beijo, ou por estar mais tempo do que de costume na ponta dos pés, mas agora Vitória é forçada a desacelerar nosso beijo e eu firmo no chão.

- Você é tão maravilhosa Ninha. Eu não poderia viajar sem aproveitar esse tempo com você. 

Por um instante eu tinha realmente esquecido o que tudo isso significava. Tinha esquecido até da raiva que senti dela e do resto do mundo hoje. Isso não é uma pegadinha ou uma surpresa feita por Babi, tudo isso aqui é uma despedida.

- Vi..

- Xiii... - Vitória coloca o dedo indicador sobre meus lábios e fico em silêncio mesmo com tanto pra falar. - Não quero que você fale nada. Não quero que procure justificativa ou questione. Não quero nem mesmo que pense além dessas paredes. Eu quero você aqui e agora, entregue de corpo e alma. - Ela se afasta um pouco e fecha a porta que está aberta atrás de mim, mas comigo ainda grudada em seu corpo.

Com a porta fechada eu tenho uma outra visão de tudo o que ela preparou. O ambiente está mais escuro, mas consertado e aconchegante. As luzes alaranjadas fazem o ar frio aqui dentro parecer mais ameno e a vontade que dá é de me jogar na cama e curtir cada minutinho disso, mas antes que eu pudesse compartilhar o pensamento ela me interrompe e volta a falar.

- Eu sei que você deve ter mil coisas passando nessa cabecinha, que você tem motivos de sobra pra estar puta da vida comigo e que também deve ter muito pra falar, mas agora eu não vou ouvir. - Vitória encosta meu corpo na porta e o frio da madeira em contato com minha pele quente, me causam arrepios. Eu me encolho na sua frente e ela coloca os braços na lateral do meu corpo, me prendendo. Sinto sua respiração acelerada enquanto sua boca para bem em cima da minha orelha. - Hoje eu não vou ouvir nada que não seja você gemendo o meu nome e nem tente lutar contra isso!

Sua voz rouca sussurrada invade meu canal auditivo e eu sinto todo meu corpo se entregar em reação. Como alguém pode ter tanto poder com relação ao outro assim? Eu nem tento lutar contra, até porque se eu já quis alguma coisas antes, nem lembro mais. Resistir contra o desejo é tudo que eu não quero.

Sou levada as pressas até a cama e antes de estar nela, Vitória bate em alguma coisa pelo caminho. Mas isso não a impede de continuar. Seus beijos estão mais fortes e mais intensos. Suas mãos brincam com meu corpo e passeiam por todas as partes, eu preciso senti-la ainda mais, quero mais dos seus beijos, quero mais do seu toque. Quando os pulmões buscam por ar, nos separamos e logo em seguida ela mordisca o meu pescoço me causando uma dor fina que me faz enroscar ainda mais nela.

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