{1} • Ela

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 O vento bateu no rosto de Chris, fazendo com que o homem começasse a se mexer sob o macio cobertor branco de sua cama. A luz forte dificultava sua visão quando tentou abrir os olhos, mas aos poucos foi focalizando na grande janela de seu quarto que estava aberta. O ambiente estava muito mais claro que o de costume, porém ele sabia que era manhã. E então, ele a viu. Como em todos os seus sonhos, lá estava aquela linda garota mais uma vez, com os cabelos sendo balançados pelo vento, juntamente com o vestido branco. Ela sorriu e Chris sabia que aquele era o sorriso mais lindo que já havia visto. Ele tentou dizer algo, mas sua voz não saiu. A angustia o dominou, queria alcançá-la, mas não conseguia. Ela continuava parada em sua mesma posição, olhando para ele com a maior ternura. O homem ansiava por mais, mas todos os seus esforços para tê-la em seus braços eram em vão. Um grito forte surgiu de dentro do seu corpo, mas saiu sem som, fazendo-o acordar.

  Era o mesmo ambiente, só que mais escuro. A chuva que caia do céu de Los Angeles era perceptível de sua janela, a qual estava fechada. Chris passou as mãos em seu rosto, frustrado. Mesmo que tivesse acabado de acordar, ele estava exausto. Não sabia dizer quando aqueles sonhos começaram, fora há tanto tempo que temporizar era algo impossível. Ele não a conhecia, nem mesmo sabia seu nome. Ela só estava lá, o acompanhando todas as noites. No começo, aquilo lhe trazia uma sensação de paz, a imagem angelical da mulher fazia com que sua mente se tranquilizasse, porém, à medida que o tempo foi passando, ele percebeu que era mais como um fantasma. Ele havia tentado encontrá-la, perdera grande parte do seu tempo em vão. Não conseguia acreditar que ela era apenas o fruto de sua imaginação, mas também não podia viver a mercê de apenas uma imagem. Diferente de antes, a mulher se tornou seu fardo.   

  Mexeu-se mais na cama, percebendo que Dodger – seu cão – não estava aos seus pés. Quando levantou, ouviu um barulho vindo de fora, mas decidiu ignorar e seguir até seu banheiro, lavando o rosto e escovando seus dentes. Escutou o som de copos se quebrando na cozinha e não conseguiu mais evitar a presença de um segundo em sua casa. Com aquela bagunça toda, com certeza não se tratava de Maria, sua governanta.

  _ Posso saber o motivo de você estar saqueando meu armário? – Chris falou de um jeito mais estressado do que pretendia, mostrando que não estava em um bom dia.

 Scott olhou para o irmão com um sorriso divertido no rosto, o qual se desmanchou ao ver a cara péssima do homem.

_ Estou afim daquelas taças caras que mamãe deixou aqui. – informou o mais novo, deixando os copos que estavam em sua mão sobre o balcão. – Você nunca as usa mesmo.

  Chris olhou para o copo quebrado aos pés do irmão, que murmurou um “vou limpar” ao notar a repreensão.

_ Você dormiu bem? – Scott se aproximou, vendo-o sentar em um dos bancos e apoiar os cotovelos na bancada. – Esta parecendo mil vezes mais velho.

 O Evans mais velho soltou um sorriso sarcástico com o comentário do irmão, logo se virando para ele sem um pingo de vontade de ser bombardeado com perguntas.

_ Tive um dia cheio ontem. Pretendia dormir até mais tarde, mas você me acordou com essa barulheira toda. - mentiu.

  Ele se levantou, pronto para mostrar ao irmão que não estava afim de papo. Scott respeitou sua decisão, sabia que poucas coisas deixavam o galã Chris Evans irritado. O cara era um poço de simpatia e divertimento, para estar de cara feia, só mesmo um grande estresse. 

  Ele caminhou para o corredor com o intuito de chegar até a pequena academia improvisada em um dos quartos que nunca eram ocupados. Entretanto, a tão temida sala o chamava. Como muitos lugares de sua grande casa, aquela sala era um dos locais onde não se sabia o que fazer. Era mais aberta que todas as outras e também a mais alta, tendo uma parede com vidros do chão até o teto, servindo de janela. Ele adentrou o local, pisando no carpete gelado, havia uma poltrona de frente para a parede pintada, a qual ele se sentou. Ficou por longos minutos olhando a imagem que se estendia por toda a parede. Era ela. A falta de precisão de seus sonhos o fez optar por uma pintura à água, desfocada, mas mesmo que um tanto borrada, ainda era ela. Seu coração possuía um ritmo diferente toda vez que se maltratava ao entrar ali. Queria acreditar que era um lugar para se acalmar, mas a falta de algo que nunca teve o transformava. Depois de tantos anos, era melancólico olhar para aquela imagem e ainda se sentir sozinho.

Connection • { Chris Evans }Where stories live. Discover now