A banda era ponta firme, e eu ia odiar se a gente tivesse que se separar porque tinha objetivos diferentes. A única coisa que eu queria, a única coisa que me importava, achava que a gente não dava certo, e era bem aí que eu me ferrava. Levantei meio cambaleando. Bêbado, mas não o suficiente, e dei uma olhada para ela. Tinha que comê-la ou fazer ela andar, e meu cérebro cansado não sabia direito qual das duas opções escolher.

Foi aí que o meu celular começou a tocar. O fuso horário ainda me deixava confuso, e gelei quando vi que a ligação era da Sofia. Quando fui para o banheiro atender, nem tomei conhecimento que aquela garota deitada na minha cama estava me xingando em outra língua e jogou o controle remoto na minha cabeça. Ia dar trabalho me livrar dela, mas eu bem que merecia, por ter feito essa merda. 

- E aí, Sofia? Tudo certo? O Gael está bem? 

As piores cenas ficaram passando pela minha cabeça e eu não conseguia fazer elas pararem. A alemã brava estava fazendo o maior barulho e socando a porta. Se eu tivesse só um pouquinho mais bêbado, essa situação ia ser tão ridiculamente hilária que eu teria morrido de rir. 

- Oi, desculpa te atrapalhar. Mas é que eu precisava te ligar, mesmo que o Gael tenha ameaçado sumir com o meu telefone. 

- Que foi?

Ela parecia nervosa, o que me deixou nervoso e puto por estar a milhares de quilômetros de distância. Alguma coisa bem pesada bateu na porta e fiquei imaginando se a gata tinha pelo menos se dado ao trabalho de se vestir antes de dar aquele ataque. Achei engraçado. 

- É a Megan. - e, de uma hora para outra, o mundo parou. A morena raivosa do outro lado da porta deixou de existir. A banda também. Não existia mais nada além da Megan e do fato de ela estar tão longe de mim. Fiquei sem respiração por tanto tempo que o banheiro ficou todo embaçado, e a Sofia teve que chamar meu nome para eu voltar para Terra. 

- O que tem a Megan? - tentei parecer casual, mas, quando a Sofia me xingou baixinho, ficou claro que fracassei lindamente. 

- Olha, tem um monte de coisas que ela precisa te contar, que você precisa obrigar ela a te contar. Eu entendo por que a minha amiga se afastou de você e tem de acreditar que ela só fez isso porque achou que estava te protegendo. Mas agora a Megan está sozinha e precisa de você. Precisa de alguém e, para ser sincera, esse alguém é você. 

- Sofia, você tem noção que eu estou em Berlim nesse momento e que amanhã preciso ir para Nuremberga, não tem? - a garota soltou um suspiro e ouvi um som que parecia a cabeça dela batendo em alguma coisa dura. 

- Eu sei. Mas a Megan precisa de você. 

- Acho que a sua amiga deixou bem claro que sou a última coisa que ela precisa na vida dela, Sofia. - ouvi alguma coisa se espatifando do outro lado da porta e me encolhi todo. A morena estava bem brava mesmo. 

- Ela está em Nova Iorque Jason. O seu irmão a levou para lá para trabalhos. Gael me contou sobre o que ouve entre vocês, vai deixar a mesma história se repetir duas vezes? Vai ficar se remoendo e vendo o amor da sua vida indo embora? Eu sei que você não entende direito por que ela se afastou e te deu um fora, mas a verdade é que a Megan quis se distanciar para você não se machucar. Ela queria te proteger. 

- Me proteger do quê? 

- De outra situação que é bem feia e cheia de coisas horríveis. Ela é apaixonada por você. - cerrei os dentes e chutei a porta do banheiro sem perceber. 

- Eu nem sabia que ela estava em Nova Iorque com meu irmão. Você não acha que, se a Megan me amasse, teria me contado isso antes? Eu sei que só está tentando ajudar, Sofia, mas acho que você está falando bobagem. - depois dessa, ela disse um monte de palavrões bem alto e, quando falou comigo de novo, estava parecendo o Gael. 

O Homem da Boate. Where stories live. Discover now