Prólogo; Desaparecido

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21 de Abril de 2018, acho que foi a partir daí que tudo começou a dar errado.


Já fazem oito meses mas eu ainda consigo me lembrar perfeitamente de quando o policial entrou na sala de aula dando a notícia... Deus, as palavras dele ainda me assombram.


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22/04/18

Um dia desaparecido

— Ele já faltou dois dias... —Hunk falava baixo para Pidge, ainda me sinto um pouco culpado de ouvir eles conversando mas precisava ter notícias de Lance e o fato de que o melhor amigo dele sentava na minha frente caiu extremamente bem

— Não deve ser nada. Ele provavelmente deve estar em casa "descansando a beleza" —Errado Pidge, ele não responde as mensagens e eu já o procurei em todos os lugares— Não tem motivo para se preocupar Hunk, se você quiser a gente pode passar na casa dele depois do colégio. —Vejo Hunk assentir e me seguro para não dizer que isso seria perda de tempo, mas talvez ele possa ter voltado de seja lá onde ele está... Não custa nada deixar os dois tentarem.

Talvez eu estivesse me preocupando demais, talvez ele realmente esteja em casa assistindo algum programa de cuidados com a pele. É, talvez. Passo a mão na nuca nervoso, não consigo evitar de estar um pouco preocupado. Meus olhos seguem para a janela a procura de uma distração no pátio mas só consigo me preocupar ainda mais.

Era uma visão um tanto quanto estranha, não conseguia reconhecer muito bem quem era a aluna mas ela corria na direção de um policial que estava entrando. Eles trocam algumas palavras e ela começa a chorar desesperadamente, o policial parece não se surpreender com a reação dela, ele se aproxima para um abraço e ela sai do colégio correndo... Seja lá o que aconteceu ali, não me parecia nada bom.

— Kogane —Reconheço imediatamente a voz parecia vir de uma das carteiras atrás de mim, Griffin— Acho bom você correr enquanto da tempo. —Ele fala rindo e aponta para o oficial, a risada dele conseguia ser incrivelmente mais irritante do que o tom sarcástico na sua voz.

— Ha ha ha, nossa como você é extremamente engraçado James. —Me viro para o encarar e ergo o dedo como um belo sinal de "Foda-se você"

Volto minha atenção para o meu caderno enquanto tento esquecer o que havia acontecido no pátio, por alguma razão eu estava nervoso e tudo que queria era ir ao banheiro e fumar um, mas não poderia arriscar com um oficial da polícia pelo colégio então me limito a rabiscar as poucas folhas limpas do caderno a minha frente. 

Fico assim por alguns minutos até que a voz de Coran ressoa pela sala, que porra o diretor fazia na sala?! QUE O POLICIAL FAZ NA SALA?! Escorrego pela carteira levemente tentando me esconder mesmo não tendo razão, até onde eu saiba não tinha feito nada muito grave hoje, não para atrair a atenção da polícia.

— Atenção alunos, o oficial tem algo para lhes comunicar... —Havia uma certa melancolia na voz do diretor, ele da um passo para trás e eu imploro para que o policial não diga o que eu estou pensando

— Lance McClain foi dado como desaparecido nesta manhã. —A sala se transformou num misto de rostos surpresos e lágrimas, com uma pitada de silêncio perturbador— Entrem em contato caso saibam de alguma coisa, nós da polícia e a família do Lance iríamos ficar gratos.

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Mas não é hora para lembrar disso, tenho coisas para fazer. Abro a janela sem fazer barulho, pego meu casaco e saio de casa pelo telhado. Evito as passar próximo a janela da cozinha, tinha certeza que Shiro estava fazendo o café para seu novo noivo, como toda maldita manhã. Não posso arriscar que eles me vejam.

Shiro não chega a ser exatamente meu pai, ele é o meu guardião legal mas esta mais pra um irmão mais velho e um pé no saco. Sempre me dando sermão e me proibindo de fazer as coisas, mas tudo piorou desde que ele encontrou esse cara, Curtis. Tudo era perfeito antes... Até o Adam nos deixar, desde então o Shiro tem estado diferente, mas nada comparado a quando o Curtis resolveu morar com a gente. Aquele cara é EXTREMAMENTE irritante e mesmo que ele tente, nunca vai tomar o lugar do Adam.

Assim que saio das proximidades da minha casa, vou até os trilhos onde já não passam mais trens, alí era definitivamente o melhor lugar para se iniciar uma merda colossal. Busco nos bolsos do casaco a chave de uma antiga caminhonete estacionada próxima aos trilhos, por alguns segundos penso ter deixado a chave em casa mas solto um suspiro aliviado quando a encontro.

Olá, eu sou Keith, Keith Kogane, e eu estou prestes a fazer algo que provavelmente vou me arrepender depois.




Don't Forget Me;; KlanceOnde histórias criam vida. Descubra agora