declínio

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o escuro rasteja pelas paredes do meu corpo
o frio cada vez mais intenso

não consigo respirar sabendo que você se foi
arrancou a cor do meu céu no momento que me despi ao seu lado
minha alma foi aberta e transparente

mas sem se importar
saiu ao bateu a porta
naquela segunda feira ensolarada nem ao menos um bilhete teve a generosidade de deixar

e agora
agora o vejo
sua mão alinhada a ela
sorriem como se o paraíso estivesse no juntar de seus lábios

cada segundo é um pesar sobre minha pele
estive queimando
e não sei se sou capaz de renascer
as cinzas se espalharam

a cama bagunçada desde sua partida
seu perfume em todo meu ser
a memória mata aos poucos
é torturante não se reconhecer

o outono apavoro
e a primavera traz o inverno sob meus pés
meus pensamentos se tornaram faíscas

ao fechar os olhos
volto no dia que me deixou em pedaços

nada me restou
só posso tentar preencher a angústia e a saudade com doses incansáveis do whisky que você acabou por esquecer.

daydreamsWhere stories live. Discover now