Onde eu me encaixaria? Com as tias da cozinha, é claro. 

     Começo a andar naquela feira e sou imediatamente parada. Expulsa de novo? Pensei precipitada.

     — Olá, Lilly Bennett? Prazer sou Cynthia, sua colega de classe, que vim ao mandato do diretor para te apresentar todo o espaço! — Surgiu uma garota morena de olhos claros do nada, e falava com um sorriso estampado. — Venha, te levarei até o seu armário. 

        — Dispensa as formalidades, é um prazer! — Digo já acompanhando seus passos. O péssimo hábito de ser novato é prender a atenção e curiosidade das pessoas. Talvez fãs?

  — Aqui está seu armário e sua chave, pode deixar todos os livros de exatas aí, hoje só será humanas. — O que não fez diferença na quantidade de livros que irei carregar. Não bastava também serem grossos; que quase cobriam meu rosto, e o meu tamanho também não colabora.  — Tanto livro assim é falta de amor ao próximo. — Digo sem pensar, e tiro uma risada da minha colega de turma.

   O sinal toca como se nós fôssemos surdos, e Cynthia me direciona até a sala de aula, mas…

Sim, exatamente um MAS.

Fui atropelada por alguém que vinha em direção contrária a nossa, o que me fez cair junto com todos os livros. O rapaz que estava dando uma de Usain Bolt também caiu.

Acabou de acontecer algo igual aos filmes e livros clichês! Finalmente minha hora de sair dessa vida de solteira CHEGOU.

Próximo passo: agora ele me ajudar a pegar meu livros com um sorriso gentil, e secretamente pensar no nome dos nossos futuros filhos.

 E em milésimos de segundos, ele levantou-se e nem sequer olhou para trás e foi seguindo seu percurso como se nada tivesse acontecido.  

Esse desgraçado não seguiu o roteiro.

    — Ei? Você derrubou os livros.
 — Chamo-o e aponto os livros no chão. Eu sentia a dor deles em cada dobra amassada, e isso só aumentava minha fúria, além de ter um clichê arruinado
.
     — E o que tenho com isso? — Virou-se olhando de cima para baixo cinicamente.

     — Foi o senhor Zé bonitinho que causou isso, então faça o favor. — Falo tentando conter a raiva para não agredir.

Mexa com tudo, menos com os livros de uma leitora armadora.

   — Você quer que eu pegue? — Ele aponta pra si mesmo dando uma de sonso. — Vai me obrigar? — Isso não pode ser sério.

   — Vamos para a aula, eu te ajudo a pegá-los. — Disse Cynthia querendo amenizar o clima tenso que pairou. Mas na minha cabeça parecia aqueles filmes passados no sertão. Que comece o tiroteio.

   — Sim, e não fará mais que a sua obrigação. —  Vou em sua direção encarando-o de frente.

   — Ah vai, me dá licença.  — Ele tenta passar, mas eu o impeço. Só sairá daqui quando juntar um por um.

   — Não antes de pegar meus livros! — Ele continua tentando ir embora, mas eu não deixo e fica por isso por uns 5 minutos. O corredor já estava ficando vazio, pois o sinal tinha tocado e todos já estavam indo até as suas salas, meus livros continuavam no chão. Algumas pessoas se dispuseram a pegar, mas não permitir por puro orgulho. É aquele ignorante que irá pegar meus livros, ou não me chamo Lilly Bennett.

Ele percebe o tempo passar, e se estressa com essa perda de tempo.

    — Ok ok, eu vou pegar só porque meu tempo é precioso para algo assim. — Diz já juntados os livros. — Você é osso duro de roer. Tinha que ser uma loira. — Resmunga enquanto isso. 
     
    — Prazer, Annabelly.

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