Amélia I

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Amélia e o irmão não se amavam da mesma forma que faziam quando eram crianças e tudo era perfeito, mas se ela recebia uma mensagem dele ás uma da manhã implorando por ajuda, ela iria. Não era a primeira vez que acontecia, e provavelmente não seria a ultima.

A porta se abriu em menos de segundos quando Amélia a esmurrou repetidamente até ouvir o som da fechadura se abrindo. Por favor, não esteja de sacanagem com a minha cara. Ela pensou ao ver o irmão, a raiva se dissipou ao ver ele.

Ryan era alto e forte, os olhos eram castanhos como os de Amélia, mas os cabelos era loiros e ralos. Poderia se passar por um modelo se não fosse o rosto abatido e magro.

Amélia olhou pelo minúsculo e sujo apartamento quando Ryan a deixou passar pela porta, seus olhos vasculhavam cada canto.

"Não adianta procurar por seringas ou nada do tipo. Eu parei de usar" Ryan disse, ainda parado na porta, enquanto Amélia olhava por aí. "E toda vez que você me obriga a dizer isso em voz alta eu quero voltar a usar."

Amélia concluiu que não havia drogas ali, e que talvez pela primeira vez seu irmão estava realmente limpo. Ele ia e voltada de centros de reabilitação desde que tinha dezessete anos, toda vez que saia ele dizia que iria mudar, que iria recomeçar e todos acreditavam, até que no máximo na semana seguinte ele tivesse uma overdose em algum beco escuro da cidade.

"Isso é bom, dizer em voz alta. Você devia estar orgulhoso." Ela cruzou os braços e ele fechou a porta. Ambos de pé, a dois metros de distância. Amélia esperou que ele começasse a desembuchar sobre o assunto que ele ligou e disse ser tão importante.

"Você tem falo com o papai?" Ele falou.

"Não. Você tem?"

"Não, ele me odeia" A mim também, Amélia pensou, mas não disse nada. Ela não via Ryan há quase um ano. Era seu único irmão, meio-irmão na verdade. Ela o amava, e ele usava isso a seu favor sempre que possível; para comprar drogas, passagens, e para pagar reabilitaçoes das quais ele sempre fugia no final. Ele era três anos mais velho.

"Você disse que era urgente." Amélia o lembrou. "São duas da manhã Ryan."

Por um segundo Ryan pareceu irritado.

"Não é esse o seu horário? Você foi bem clara quando disse que quero viver o estilo de vida noturno. " Ele de forma sarcástica.

"Você me chamou até aqui para brigar comigo ?"

Ryan passou a mão pelos cabelos loiros.

"Não, desculpe." ele passou a mão pelo cabelo mais uma vez. "É o seu estilo de vida, se quiser viver como uma coruja, é com você irmãzinha."

Ele só a chamava de irmãzinha quando estava prestes a pedir algo, Amélia estava ciente disse.

"Do que você precisa Ryan?" Ela foi direto ao ponto, ainda em pé, o encarando com os braços cruzados.

"Eu preciso de dinheiro." Amélia fez força para não revirar os olhos, e fez mais força ainda para não deixar chorar.

"De novo? Eu achei que você tinha parado de usar essa merda, Ryan! Sua mãe te deixou, nosso pai te deixou, eu te deixei e você não consegue parar?" Ela disse com a voz baixa e em um tom penetrante.
Ryan avançou em sua direção.

"Não é assim! Eu estou limpo, eu juro!" Amélia conhecia aquele tom de voz, conhecia o jeito desconfortável que ele se movia, ela já conhecia tudo aquilo. Ela olhou para ele de lado, como quem olha para uma criança mentirosa. Ele sucumbiu com apenas aquele olhar. "Ok, eu não estou limpo, você me pegou, Amélia!"

Dusk Till Dawn; zmOnde histórias criam vida. Descubra agora