Surpresas e Combinações

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  - Bom dia, flor da noite. - sorriu Wallace, me jogando um jornal com as fotos das confusões de ontem - Agora você é mais famosa do que todos aqui. Mas não sei se é uma fama boa. - ele encarou, furioso, dois garotos que riam e me olhavam.

  - Deixe que eles pensem o que quiser. - murmurei, sonolenta - Minha mãe me deu um sermão enorme ontem, eu só fui dormir tarde, estou quase caindo de sono a cada passo.

  - Isso é uma droga. - reclamou Wallace, sentando em seu lugar costumeiro - Honestamente? Não vai melhorar.

  - Como assim? - perguntei.

 Eu estava com muito sono. Realmente. Porém, quando o meu melhor amigo reclamou, eu pude ver que ele estava tenso e que a situação era preocupante. Então, com um esforço maior, coloquei meu queixo apoiado na mão e o cotovelo na mesa para encará-lo por um momento e formular minha pergunta. Meu cérebro me enviou um alerta de "cuidado" quando eu vi a sua expressão. Ele estava de sobrancelhas franzidas e os lábios contraídos. Eu nunca havia visto Wallace tão descontente, ele normalmente era o amigo brincalhão do grupo.

  - O que houve? - perguntei por fim.

  - Antes, preciso perguntar algo. - ele suspirou - Qual é a sua relação com o Felipe? Entendo se for muito pessoal, só me diga se é boa ou se é ruim.

 Foi a minha vez de suspirar. Eu já havia ouvido aquilo da minha mãe: "Se prepare, pois todos os tipos de conversas sobre você ser namorada de um dos garotos com os quais se meteu em confusão irá sair. Talvez até falem que você é namorada dos dois". Mas eu realmente pensava que Wallace era inteligente o suficiente para não se deixar influenciar por um artigo idiota de uma revista ridícula com uma editora filha de uma puta e uma repórter mal comida. O quê? Eu estou de mal humor.

  - Ele é um amigo de infância que mantém contato. É boa, razoavelmente. - murmurei.

  - Amanda... - começou Wallace, mas foi interrompido por um soco raivoso em minha mesa.

 Eu juro que não tinha visto Mathias chegar. Juro para você. Porém, a partir do momento em que alguém bate com força na sua mesa, perto do seu rosto, com uma expressão assassina, é difícil não notar que essa pessoa se encontra ali. Eu o encarei longamente e com paciência, observando o que parecia ser uma luta interna para se recompôr. Ele tinha os punhos cerrados, os lábios franzidos e tremia. Sério, eu podia vê-lo tremer diante dos meus olhos.

  - Mande... - ele começou - Ele ficar longe de mim.

 Tive vontade de me esconder embaixo da mesa, pelo olhar que ele mantinha. Não sou covarde, só prezo a minha vida! Porém, isso não era um ato muito digno. Então, eu resolvi que agiria como o meu pai novamente: ergui uma sobrancelha. Sim, eu sou uma das maiores mentes que vive hoje em dia. Lógico, não posso me comparar a Maquiavel, Einstein, mas realmente poderia me equiparar com Stephen Hawking. Não, não é um ego grande demais, é simples confiança em si mesma e em esforços e aulas.

  - Não sou vidente. Se quiser que eu tome alguma providência sobre algo, vai ter que me explicar melhor. - eu disse.

  - Aquele idiota... - começou Mathias, ainda com raiva, mas já parando de tremer - Está me dando nos nervos. Mande que ele fique longe de mim, ou eu parto a cara dele em duas. Eu juro que parto! - ele bateu novamente na mesa.

 Dessa vez, um olhar de surpresa e medo cruzou meus olhos quando suas mãos bateram perto demais do meu rosto. Meus olhos quase se encheram de lágrimas, esperando a dor do soco que não veio. Ao ver meu rosto enquanto eu tentava me recompor, Mathias se acalmou rapidamente, levando as mãos às minhas bochechas.

  - Desculpa. - ele pediu sinceramente - Aquele traste realmente consegue me dar nos nervos.

  - De quem você está falando, afinal? - perguntei, conseguindo ficar calma novamente.

Perfeição É Para Os FracosOnde histórias criam vida. Descubra agora