Capítulo IV - A morada do anjo

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"Tudo bem com você? Muita coisa de uma vez, não é?". Daniel disse enquanto dirigia seu conversível branco adentrando o centro da cidade.

"Sim. Acordei em um mundo desconhecido, mas nem tenho um passado como base. É como se estivesse preso em um sonho, mas não sei quem eu sou quando estou acordado". Matheus disse apático observando a cidade que lentamente se apresentava diante dele. Casarões e torres góticas contrastavam com modernos e brilhantes arranha-céus, a cidade era um universo, com escuridão e milhares de luzes coexistindo.

"Imagino, mas vamos resolver isso, pode contar comigo, vai ficar na minha casa por enquanto. É muito grande só para mim". Daniel conversava sem tirar os olhos da estrada.

"Não mora com seus pais?". Matheus perguntou inclinando a cabeça para o lado de Daniel, de modo que a mecha de seus cabelos arrepiados deixou de encobrir seu olho esquerdo.

"Não. Saí de casa para ingressar na faculdade, mas aí tudo mudou quando "despertei". Viajo de lugar em lugar agora. Meu pai é muito rico, mas paga o preço tendo pouco tempo. Minha mãe morreu quando eu tinha nove anos".

"Desculpe tocar no assunto".

"Não há problema, está tudo bem". Daniel sorriu e olhou nos olhos de Matheus de uma forma que o fez compreender que não havia dor em sua alma como que entendesse o fato.

"Disse "despertou". O que isso significa? Tem haver com a pessoa que disse poder me ajudar?".

"Sim, ela me ajudou a compreender a natureza de meus poderes e me mostrou o caminho. Tenho absoluta certeza que vai poder te ajudar".

"Quem é ela?"

"Um anjo de luz. Seu nome é "Raquel", mas não quero falar sobre isso, logo ela vai chegar. Tenha paciência por esses dias".

"Falar é fácil para você que não está sem chão, eu só tenho um nome".

"E um amigo...". Daniel disse com uma face tranqüila.

"Obrigado...". Respondeu Matheus.

O relógio da torre da velha igreja marcava três horas da manhã, já o relógio digital do posto de gasolina mostrava três e vinte cinco. Matheus observava detalhes de um mundo estranho. Via as pessoas acordadas ignorando o sono e o frio antes de Daniel virar em uma esquina e entrar na garagem de um luxuoso apartamento.

"Você mora aqui?". Matheus perguntou com um olhar desconfiado.

"Sim. Meu pai não deixa eu me virar completamente sozinho, então sempre escolhe lugares assim, eu não me importo muito onde vou dormir, mas ele sim".

Os dois desceram do carro e se dirigiram ao elevador, Matheus viu muitos carros luxuosos na garagem, o de Daniel era o mais simples, mas pelo que entendeu era uma opção dele.

"Boa noite senhor..." Um funcionário falou antes de ser interrompido por Daniel.

"Senhor" nada Alex! Chame-me de Daniel. Quantas vezes eu vou ter que dizer? Disse com a mão sobre o ombro do homem de meia idade trajando um terno preto e que tinha cabelos grisalhos penteados para trás que contrastavam com um bigode completamente preto.

"Ah sim senh... "Daniel" precisa de alguma coisa? Parece estar ferido". Perguntou o homem reparando nos cortes e manchas de sangue na roupa de Daniel.

Entre o céu e o inferno - A gênese do fimWhere stories live. Discover now