living dead.

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ontem, a vi com 2%

hoje, já chega aos 97%

morte, querida, eu falo sobre morte. age traiçoeira e perspicaz. é como uma típica garotinha prepotente de ensino médio; egoísta, manipuladora, implacável. é uma hospedeira rude que não se limita em desagradar, se esguelha entre paredes e silhuetas, está sob nossos pés, e de repente, sobre nossas cabeças, e de novo, dentro de nós. surpresa! ela já tomou seu lugar e agora faz o seu papel, diminuindo sua essência a um sopro de esperança inválido e passageiro.

cruel, acima de tudo, ela é tão cruel! não mede esforços para quebrar meu coração em vários fragmentos irrecuperáveis. cada vez ficam menores e meu astigmatismo me impede de percebê-los com facilidade.

hoje, vi suas nuances mais intensas novamente. a supressão sufocante me invadiu com uma nostalgia ordinária, em um silencioso "estou de volta". ela é acinzentada, tem olhos foscos e distantes, palavras inconstantes com um timbre beirando a desistência, uma aura contagiosa que apodrece até o mais otimista espírito, me destrói com um olhar e agora sinto-me física e mentalmente cansada dessa situação extenuante e repetitiva.

cara morte
por favor, deixe-me em paz por um tempo
porque mesmo que essa não seja sua intenção, a força de seus atos estão me consumindo pouco a pouco, crescendo em meu interior assim como o câncer que você implantou nele e nela.
tenha piedade da alma pura e bela que você engole sem escrúpulos nesse exato momento, peço isso de joelhos com a sinceridade palpável nas lágrimas que escorrem por meus olhos exauridos.
por ela, apenas por ela e toda a bondade que expirava do corpo antes da sua maldita chegada.

meu coração se parte mais uma vez. espero que você demore a retornar, porque logo ele será como areia entre meus dedos, e de nada valerá o esforço ao levantar da cama.

straight to the heart.Where stories live. Discover now