Não vi a hora passar, mas me assusto com o barulho da campainha, ela é tocada duas vezes de forma sensível, me aproximo da porta e olho pelo olho mágico, vejo uma mulher aparentemente dois ou três anos mais velha que eu, magra, alta e de cabelos curtos na altura do maxilar, muito bonita em suas feições. Não sei se devo abrir, mas ela insiste e continua tocando, então eu pergunto: "Quem é?" Minha voz treme antes de eu engolir em seco.

"Eu que pergunto, quem é você? Abre a porta!" A arrogância em sua voz me deixa com medo.

"Não posso abrir." Respondo insegura.

"Por que não? Quem é você? Cadê o Frank?" A impaciência transparece e ela bate o pé.

Bom, ela conhece o Frank.

"Ele disse para eu não abrir a porta para estranhos..." Revelo ainda olhando pelo olho mágico.

"Eu não sou uma estranha, conheço o Frank muito mais do que você possa imaginar! Abre por favor!" Ela insiste.

Meu coração se aperta, será que ela é namorada dele? Uma estranha tristeza me atinge e eu abro a porta para ela, eu não moro aqui, não conheço ninguém aqui, ela disse que o conhece, eu não posso simplesmente não abrir a porta para as pessoas que ele conhece, depois irão se queixar com ele e ele irá pensar que sou uma grosseira mal educada.

"Quem é você?" A mulher me estuda da cabeça aos pés com expressão de nojo.

"Eu me chamo Eve Castellanos, muito prazer." Dou um sorriso forçado, tentando não deixar transparecer meu desafeto espontâneo.

"E você é o que do Frank?" Questiona cruzando os braços.

"Sou hóspede dele, estou passando alguns dias aqui." Respondo.

"Desde quando esse apartamento virou hospedaria? E desde quando o Frank faz caridade?" Sua pele fica vermelha e eu posso saber que é de raiva por estar me vendo aqui.

Isso só aumenta a veracidade da minha teoria de que ela é namorada dele.

"Me desculpe mas... Isso é um assunto meu e do Frank." Falo eu, tentando ser o menos grossa possível.

Seu olhar é quase uma metralhadora me estraçalhando em milhares de pedaços, acho que ela já me odeia sem ao menos me conhecer, embora eu também tenha sentido uma certa aversão a ela, estou tentando dizer para mim mesma que isso é coisa da minha cabeça e que eu não devo julgar as pessoas antecipadamente.

Alguns minutos de silêncio na sala, a mulher ainda me encara vez ou outra quando não está com o celular em mãos digitando sem parar, eu estou recostada na coluna perto da porta e finalmente sinto-me aliviada quando a vejo ser aberta e o rosto de Frank aparecer.

"Che diavolo..." Ele exclama em surpresa ao ver quem está aqui.

"Oi, que bom que chegou, preciso muito de você hoje." Ela faz um biquinho antipático e ergue os braços para ele. Meu sangue ferve incomumente.

"Ágata, estou cansado, estressado e com fome! Hoje eu não tenho tempo." Fala em tom duro para ela. "Eve." Frank me cumprimenta olhando para mim.

"Frank..." Murmuro seu nome.

"Eu trouxe comida, pode pegar o que quiser." Colocando as sacolas sobre a bancada da cozinha, ele fala e não para até que esteja com a porta da geladeira aberta olhando para dentro dela. Ele parece estressado com algo e bate a porta com força, fechando-a.

"Tudo bem, eu vou comer no quarto..." Falo em tom baixo me aproximando da sacola, não sei o que é, mas eu como qualquer coisa, portanto pego uma caixinha branca e vou em direção as escadas.

Um Segundo Para Se Apaixonar © [COMPLETO]Where stories live. Discover now