Capítulo 32 - Kulika Nagaraajaa ~parte 1

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Durante a noite, combinaram com Inori uma breve ida até a casa de Aika, desde que não levassem mais do que duas horas. Com os três toques na conchinha, Aika, Riko, Iruka e Kurikara foram transportados para dentro do apartamento apertado e, para tristeza da Guardiã que queria dar um susto em Lis, estava vazio.

– E aí, cadê sua amiguinha? – perguntou Iruka, já sentando-se no chão.

– Não sei. Ela não está atendendo minha ligação – disse, mexendo no celular. – Ah, quer dizer... esse troço tem um feitiço que se conecta a um objeto da casa dela e não estou tendo resposta. Ela deve estar voltando do trabalho ainda.

– Esperamos um pouco, então – falou Kurikara, encostando-se na janela e observando as inúmeras miniaturas e pôsteres que tomavam o apartamento.

– Bom, já que temos um tempinho sem ela, quero mostrar e explicar algumas coisas para vocês sobre o mangá de Tsubasa – disse, puxando a cadeira do computador e ligando-o. Já familiarizados com aquele aparato, os três apenas se mantiveram próximos observando as imagens produzidas por aquela "caixa mágica". – A Tsubasa Akiboshi, que vocês devem lembrar, escrevia e ilustrava a história de vocês, despertou na mesma semana... quer dizer, dezena em que o portal se fechou. Ela ainda ficou quase um mês de repouso e, logo depois, voltou com o mangá. Achei isso muito sinistro, esperava que dessem mais tempo para a coitada se recuperar...

Movendo algumas vezes sua mão com aquele "rato preto" e batendo umas poucas vezes no que ela chamava de "teclado", o trio de Gattai viu que ela abria uma página de mangá na tela.

– Como havia falado antes, agora estou aparecendo na história. Só que ela fez algumas mudanças... — O grupo viu, na tela, a capa onde aparecia Kurikara desenhado duas vezes, como que diante de um reflexo rebatido. O da direita voava de perfil, segurando uma espécie de barreira divisória cheia de adornos à sua volta, vestindo a costumeira manta escura que tinha as costas nuas. As asas apareciam abertas, porém, o outro "Kurikara" não tinha asas. Seu cabelo estava todo castanho e ele vestia as roupas do mundo de Aika: jeans, camiseta branca e tênis. Ele não sabia o nome daquelas peças, mas sugou o ar, incrédulo. Acima dele, havia um anel de borda dourada também cheio de arabescos de rosas, com uma ilustração que parecia ser da própria Aika, nua de busto para cima, com os cabelos mais lisos.

Antes que uma chuva de perguntas caísse sobre ela, se adiantou:

– Ela mudou meu nome para Aiko e mudou os nomes de Namimeido, da minha escola, da minha família... Porém, tudo desenhado é quase idêntico. Ela começou o capítulo de uma forma muito louca, me colocando como protagonista. Me mostrou fazendo cosplay, saindo de um evento e depois indo atrás de pistas sobre meus sonhos...

– Fazendo o quê? – perguntou Iruka.

– Ah... depois explico... bom, ela mostrou meu dia a dia enquanto desconfiava que vocês eram reais através de meus sonhos – disse, avançando as páginas, um pouco constrangida dessa vez, enquanto todos tentavam ler uma coisa ou outra. – Até que o capítulo terminou comigo resgatando Kurikara. Até aí, tudo bem. A coisa desandou no capítulo seguinte. Ela fez com que, no momento em que eu levava vocês para minha casa, Iruka e Kurikara perdessem seus poderes e fossem transformados em humanos... quer dizer, Filhos-Puros. – Aika exibiu, dando zoom, a ilustração onde ele e Iruka apareciam de olhos e bocas arregalados: o Aquaeterno sem as guelras de peixe e com o cabelo preto, enquanto o Kurikara estava sem as asas e com os cabelos e olhos escuros, sem o símbolo de Suzaku.

– COMO ELA OUSA?? ISSO É UMA AFRONTA!!! – exclamou Iruka.

– Controle-se, príncipe! Não podemos gritar aqui! – disse Riko, embora ela mesma não acreditasse.

Aika - O Tabuleiro do Oráculo (A Saga Aika #2) [degustação]Место, где живут истории. Откройте их для себя