- Ei! - resmunguei, indignada, quando uma toalha de rosto me acertou bem na cara. A Sofia tinha acabado de sentar na cadeira a minha frente e me olhava com cara de quem sabe das coisas.

- Achei que você ia querer a toalha, para limpar a baba que está escorrendo do seu queixo. - Espremi os olhos e falei:

- Para com isso.

– Que seja. O tempo todo, Megan, parece que você está com uma onda de calor ou algo do gênero. Não sei como conseguem ignorar esse lance que rola entre vocês estando a centímetros de distância um do outro, mas preciso te dizer que cansa ficar observando.

Abri a boca para dizer que, sem sombra de dúvida, a gente não se sente atraído um pelo outro, mas minha amiga levantou a mão e me mandou um olhar inquisidor antes de eu conseguir dizer a primeira palavra.

- E não venha com esse papo furado de que são apenas bons amigos. Eu tenho amigos homens. Para falar a verdade, tenho mais amigos homens do que mulheres, e não olho para nenhum deles como se tivesse afim de trepar com direito a puxões de cabelo, marcas de dente e quebrar a cama. Do jeito que você olha para o Jason quando ele não está reparando. - aí ela fez questão de se abanar com a toalha de rosto que tinha jogado em mim.

Como fiquei sem saber o que dizer, mandei o mesmo papinho de sempre.

- Nós somos amigos, um não faz o tipo do outro, e já te contei o que foi que aconteceu quando deixei me levar pelo sentimento. - Sofia se encostou na cadeira e ficou me olhando com aqueles olhos malucos. O castanho era pura censura e julgamento. - Além disso, queremos coisas muito diferentes da vida.

A gente quer coisas completamente diferentes. Sem mencionar que ele me dá vontade de esquecer tudo o que sei sobre os perigos dessa vida louca
e pirar a minha cabeça completamente. Minha amiga balançou a cabeça.

- Vou ser bem sincera, meu bem. Olhando de fora, vocês dois querem exatamente a mesma coisa. Só que os dois estão com medo de admitir e tomar uma atitude. - Sofia conclui sua fala virando-se para frente com a chegada do professor de artes.

Fico martelando todas as palavras que Sofia havia falado, será que ele também sente o que eu sinto quando ele me toca? Ou quando simplesmente ouço o som sua voz? Ou quando fico hipnotizada com o verde de seus olhos? Fico me perguntando isso por alguns minutos, queria poder acreditar, mas tudo o que sei é que ele deixou bem claro o que pensa sobre relacionamentos e não vai ser eu que irei desfazer seu pensamento.

Ao chegar em casa, resolvo trocar de roupa e ir correr um pouco antes do almoço.

- Vou dar uma corrida antes de almoçar. - anunciei. Para ninguém em especial, porque minha mãe estava mexendo no laptop envolvida com o trabalho.

Coloquei roupas quentes para enfrentar o frio que faz.  Coloquei meu tênis de corrida, que estão detonados. Gosto de correr, mesmo com esse tempo todo que fiquei sem me exercitar. E com o inverno, sou só mais uma entre as centenas de pessoas que saem para se exercitar.
Coloco meus fones de ouvido e fico ouvindo o que a Sofia chama de “aquele country-pop horroroso” o
mais alto que posso. Gosto de música que não faz pensar, e a maioria das letras de country explicam tudo bem direitinho. Sei que Sofi prefere coisas mais barulhentas, pesadas e dançantes, mas a verdade é que ela é uma esnobe quando se trata de música. Como a conheço a muitos anos, não me dou mais ao trabalho de brigar pelo que é ou deixa de ser bom.

Entrei no ritmo com o vento frio queimando meu rosto e fui em direção a Praça em frente ao Balzac's fazendo minha rota de sempre. Quando corro, gosto de bloquear todo o resto, calar o zumbido constante das coisas ao meu redor e sentir só o chão sob os pés e o ar batendo na cara. Como imaginei, a praça estava cheia de gente se exercitando, pais com suas crianças brincando com seus cachorros e velhinhos sentados no banco. Será que um dia eu viverei um amor assim? Que durará o resto da minha vida? A verdade é que conforme o tempo passa as pessoas deixam de acreditar no amor por tão novas já terem decepções amorosas.

Quase perdi o equilíbrio quando um cão 101 dálmatas se soltou do dono e passou por mim correndo. Levei um tempinho para recuperar o fôlego e me dobrei para colocar as mãos nos joelhos. Como estava parada, o vento castigava sem dó minha pele encharcada de suor, me fazendo tremer de frio.

- Megan? - ouço uma voz conhecida chamar meu nome, me levanto e vejo James tirando o fone de ouvido, faço o mesmo tirando um lado do fone e tentando sorrir. - Você está bem?

- Estou sim. - afirmei passando a mão em minha cabeça e em seguida no meu rabo de cavalo - Só me desequilíbrei.

- Você é bonita até se desequilibrando. - sinto minhas bochechas queimarem por tal elogio, ele ri ao me ver nesse estado.

- Obrigada.

- Você quer ir almoçar comigo? - perguntou de repente tirando a touca e relevando seus cabelos pela primeira vez desarrumado, o que ele já no mesmo momento passa a mão colocando-o no lugar. Pensei em seu pedido repentino, olhei para o Balzac's do outro lado da rua e o olhei novamente.

- Só se eu poder escolher o lugar dessa vez. - James sorri e antes que ele respondesse voltei a falar - E poder pagar a conta. - conclui. James pensa parecendo um pouco desconfortável.

- Como quiser. - diz por fim. Atravessamos a rua e entramos no local quase vazio.

Desculpe pela demora, me enrolei um pouco hoje, não briguem comigo rsrs.
Espero que gostem do capítulo e obrigada pelo carinho de sempre

Vcs são demais! Sempre me incentivando ❤️

O Homem da Boate. Where stories live. Discover now