Capítulo 25 - Sozinho.

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Acordo com o despertador. Era uma bela manhã de sexta-feira, e ver o sol brilhar lá fora me fez sorrir. Olho para o lado e Louis ainda dormia, e como sempre, fiquei alguns segundos a observá-lo. Se ele me visse agora, com certeza, acharia bizarro. Resolvo acordá-lo de forma carinhosa, beijando o seu rosto. Logo, Louis abre os olhos lentamente, meio confuso. Sorriu ao me ver.

- É muito bom acordar desse jeito.- admitiu, sentando-se na cama.

Ele cola nossas testas e beija-me de forma calma. Sim, é realmente muito bom acordar desse jeito.

Eu estava com um ótimo humor, mas lembrei que estou grávida e o pai nem sabe disso. Se eu tivesse coragem, me daria uns belos tapas.

Louis levanta-se da cama e se encara no espelho. Ficou alguns segundos assim, mas logo desviou o olhar para o chão.

- Estou sem fome.- parou na porta e virou-se pra mim.

- Não vai tomar café?

- Não.

Caminhei até onde ele estava e levantei uma sobrancelha. Ele continua estranho.

- Louis, você tá me escondendo alguma coisa?- Sua falsa, quem está escondendo alguma coisa é você.

- Eu? Claro que não.- deu de ombros.

- Você está diferente. Sei que quer me dizer alguma coisa.- fitei seus olhos. Eles poderiam ficar negros, eu não me importaria.

Louis passou a mão pelo cabelo.

- São eles, Emma. Desculpa, mas eles me deixam assim.

Eu teria dito alguma coisa, se uma tontura não tivesse me pego de jeito. Cambeleei alguns passos para trás, a mão na testa.

- Você está bem?- se aproximou.

- Sim. E-eu, vou só tomar meu café e me arrumar pro trabalho.- forcei um sorriso.

Virei-me e desci as escadas. Eu tenho que contar a Louis.

[...]

Já na minha sala, eu brincava com uma caneta azul, batendo-a na palma da mão. Estava sozinha, cheguei cedo do almoço. Algo me pertubava, e logo lembro que Theo está meio que bravo comigo.

Eu sempre odiei brigar com ele, Theodore consegue se irritar facilmente algumas vezes. Mas eu não estava em um bom momento pra pedir outras desculpas. Eu só queria que o tempo hoje fosse bem demorado. Preciso de bastante tempo até tomar coragem e contar tudo a Louis.

- Emma?- Zoey bate na porta.

- Sim?- murmuro as palavras.

Ela abre uma fresta onde coloca a cabeça.

- Você está triste. Isso me deixa triste.- fez bico.

Sorri um pouco.

- Eu preciso de tempo.

- Louis ainda não sabe?

Zoey entrou e sentou-se na cadeira a minha frente. Isso é meio errado, pois ainda estamos no horário de trabalho, mas tudo bem.

- Eu não consigo contar pra ele. Estou muito nervosa.- comecei a batucar a caneta com mais força na mesa.

- Vai ficar tudo bem, Emma. É só uma questão de tempo.

Eu batucava a caneta freneticamente na mesa, até Zoey tirá-la de minhas mãos. Resolvi bater as minhas unhas. Ela revirou os olhos.

- Você tem que se acalmar, sabia?- pôs um livro em cima de minhas mãos, impedindo-me de batucar. Foi minha vez de revirar os olhos.

- Pensar no pior não vai ajudar. Pare de mexer as mãos. Eu quero silêncio.- ordenou enquanto tirava o livro. Obedeci.- Não pode esconder isso de Louis para sempre.- disse mais calma.

Concordei com a cabeça.

- Você sabe que o problema não é o Louis.- apoiei os cotovelos na mesa.

- Também não pode esconder deles.- finalizou, indo embora.

Zoey tem um jeito estranho de deixar as coisas claras pra mim.

Louis on

As vozes encheram minha cabeça o dia inteiro. Teve alguns momentos que eu pensei não estar mais em mim.

É bom ver que está nos obedecendo aos poucos. Sua mãe nunca foi assim.

Ouvir aquilo foi uma surpresa.

- Minha... mãe?- franzi a testa. Deve ser mentira.- O que ela tem a ver com isso?

Tudo.

Comecei a andar em círculos.

- O que ela fez?

Você é tão tolo, Louis Tomlinson. Acha mesmo que nunca teve uma família?

- Foi o que vocês me disseram a vida inteira.- rosnei as palavras.

Você era só um bebê ainda. E sua mãe tão jovem. Linda Johannah. As coisas teriam sido melhores se ela tivesse nos obedecido.

Johannah. O nome da minha mãe era Johannah.

Mas ela queria te proteger a qualquer custo. Ela não nos obedecia. Seu pai? - riram- Aquele otário foi embora assim que você veio ao mundo.

Senti uma dor no coração ao ouvir aquilo.

Johannah, pobre Johannah. Ficou tão sozinha. Apenas ela e o filho. Tivemos que matá-la, e pode se dizer que a culpa foi sua. Aquela preocupação materna fez ela se esquecer completamente do que somos capazes.- suas risadas ecoaram pela minha mente.

Naquele momento, eu não sabia o que eu sentia, se era tristeza ou raiva. Não sabia se eu começava a socar as paredes ou a chorar. Todos esse anos, eu sempre pensei que estivesse sozinho. Que eu nunca deveria ter existido. Que eu fui um erro. Mas eu tive alguém ao meu lado.

- Vocês... mataram a minha mãe...- as palavras saíam da minha boca, mas eu não conseguia aceitar.

Minha voz trêmula dedurava meu sofrimento.

Ela queria tanto protegê-lo, Louis. Mas isso a prejudicou. Então, a tiramos do caminho e  ficamos com você. É assim até hoje. Passamos bons tempos na mente de sua mãe, até ela cometer o erro de te pôr aqui. Mas até que valeu a pena.

- Não, eu não tive culpa.- balancei a cabeça.- Eu era muito pequeno...

Sua mãe só queria saber de você. Demos ordens a ela, mas Johannah não as cumpriu por sua causa. A culpa foi sua.

Abaixei a cabeça. Seria mesmo culpa minha, ou eles só querem me fazer se sentir mal?

Eu tive uma mãe, e ela era igual a mim. Provavelmente, uma mulher rejeitada, sem amigos. Mas que soube me amar.

E eles acabaram com ela. Acabaram com tudo.

Outra vez.

Desculpem a demora, época de provas é uma bosta -.-'

E agora, vocês já sabem basicamente a origem dos demônios de Louis. O próximo capítulo deve ser o última dessa Temporada, vou tentar não demorar muito, huahua :3

AnaXx

Voices |L.T|Donde viven las historias. Descúbrelo ahora