Capítulo 17 - Saudades de você.

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Emma on

Zoey apertava meu pulso com força. Provavelmente, Andrew ainda corria atrás de Louis. Eu sei que é errado, mas eu espero que Louis consiga fugir. Espero que Andrew falhe humilhantemente.

-Zoey, fica calma.- pedi para que ela parasse de machucar meu pulso. Ela o largou e respirou fundo.

-Desculpe, estou um pouco nervosa.

-Por quê?

-Porque um maluco acabou de fugir bem na minha frente.

-Ele não é maluco. Não fará mal.

-Tem certeza disso?- ela me fitou com os olhos verdes. Sua pergunta me soou mais como um alerta do que uma dúvida. Não respondi.

Minutos depois, Andrew apareceu na minha sala, ofegante e suado. Achei que ele tinha caído em uma poça d'água, ou algo assim, porque simplesmente não entendo como ele conseguiu suar tanto.

-E aí?- perguntei só de maldade mesmo.

-Ele fugiu, oras!- exclamou com as mãos nos joelhos e o corpo curvado, tentando recuperar o fôlego.- Eu não sabia que esse prédio tinha tantas escadas...

-Claro, você só consegue usar elevadores.- ouvi Zoey murmurar, mas acho que ele não escutou.

-Eu tenho que alertar as autoridades.- Andrew disse assim que pareceu recuperado.

-Isso... será mesmo necessário?- o que raios estou dizendo?

Andrew levantou uma sobrancelha.

-Claro!

-Mas ele não é nenhum criminoso. É só um... maluco.- forcei a dizer a última parte. Maior mentira que eu já disse.

-Ele matou a própria namorada, sabe se lá o que pode fazer fora do Hospício!

-Não foi bem ele que matou.- sussurrei pra mim mesma.

-Tenho que ir, se eu souber de algo, aviso a você. Louis não pode se manter escondido por muito tempo. Não sozinho.

Andrew saiu da sala, o nervosismo estampado em seu rosto. Comecei a me preocupar com Louis.

-Cara...- Zoey chama.- Essa foi a coisa mais doida que me aconteceu esse ano.

-Vai ficar tudo bem.- afirmei.

-Sinto muito.

-Pelo quê?- apoei as mãos sobre a mesa.

-Eu sei que você gosta do Louis. Deve estar morrendo de preocupação agora.

Abaixei a cabeça.

-Ele vai saber o que fazer.

Acabei por fechar as portas mais cedo. Não teriam mais pacientes mesmo, e não estou em um bom dia para arrumar papéis sobre a mesa. Saímos pela porta, Zoey foi até o seu carro e eu caminhava até o meu. Eu só quero saber do Louis. Preciso saber onde ele está. Eu prometi que não o deixaria, e agora? O que vou fazer?

Zzzz

Zzzz

Zzzz

Algo vibrando em meu bolso tira-me dos meus pensamentos. Meu celular. Pego ele e nem olho no ecrã quem era. Simplesmente atendo com o meu mais péssimo e triste "Alô?".

-Ainda está comigo?

Essa voz... Como é bom ouvir essa voz perfeitamente fina e rouca.

-Louis!- exclamo parando de andar no mesmo segundo. Depois, abaixo o tom de voz.- Como você tá me ligando?

-Esqueceu que você me deu um celular?

-Estava contigo?

-Sim... eu acabei de o encontrar no bolso da minha calça. Devo ter o colocado aqui ontem.

-Ai meu Deus, você está bem? Onde você tá? O que vai fazer?

-Hey, calma. Eu preciso de você, Emma. Tipo... agora. Não tenho pra onde ir, e isso é humilhante.

-Aonde você está?- repeti.

-Praia.

-Você correu até a praia? Sério?

-Não é tão longe.

-Tá bem, estou indo.

Desliguei e corri até o meu carro. De tanta ansiedade, acabei deixando as chaves caírem umas duas vezes. Na terceira tentativa, enfim destranquei o carro e me pus a caminho da praia.

Comecei a dirigir mais devagar, tentando encontrar Louis dentre tantas pessoas.

Até que uma batida no vidro do carona me faz pular do banco. Era Louis, e ele ria, provavelmente, feito uma hiena.

-Ai, seu idiota!- reclamei enquanto ele entrava no carro.

-Desculpa, eu não queria te assustar.- disse ainda entre risos.

-Você é tão estúpido!

Ele continuou rindo. Cruzei os braços e fitei seus olhos. Desde criança, quando uma pessoa me assusta, eu fico irritada com ela, talvez o dia todo. Odeio quando fazem isso.

-Não fique irritada comigo, pequena.- Louis encerrou as risadas e deu lugar a um sorriso bobo.- Você não ficou com saudades?- ele abriu os braços.

Filho da mãe, cheio de razão.

Ataquei seus lábios no mesmo instante. Era meio desconfortável beijar dentro de um carro, até porque o meu não é tão espaçoso. Mas o que importa? Eu beijava Louis Tomlinson. Sua mão foi parar em meu rosto e a outra apertava meu braço. Separei o beijo e juntei nossas testas.

-Saudades disso também.- adimiti, fazendo Louis rir. Seus olhos estavam mais azuis que o normal e tive medo de eles ficarem negros naquele momento. Mas não aconteceu.

-Você já parou pra pensar que estou livre temporariamente?- ele perguntou, fazendo carinho em meu rosto com o polegar. Sorri.

-Isso é bom e ruim. Bom pra nós, ruim pra eles.- respondi.

-Exatamente. Mas quer saber? Quero que eles se fodam.

Ri e dei mais um selinho em Louis. Nos afastamos e Louis enconstou suas costas no banco, dando um longo suspiro em seguida.

-É estranho...- comentou.- Estranho a sensação de felicidade. Ainda não me acostumei com isso.

[...]

Dirigi até minha casa. Estacionei na calçada, e de repente, começou a chover assim que fechei a porta do carro. E foi uma chuva bem forte.

-Corre, negada!- Louis exclamou correndo pela chuva até mim. Eu gargalhava feito uma idiota. Mas uma idiota feliz.

Senti suas mãos me puxando até a entrada da minha casa. Minhas costas bateram na porta e Louis estava praticamente colado ao meu corpo, seu rosto a centímetros do meu. Ele apoiou as mãos na porta, uma em cada lado da minha cabeça. Seus olhos pareciam analisar cada parte do meu rosto, e acabei sentido vergonha disso. Mas ele continuou e no final, um pequeno sorriso surgiu no canto de sua boca.

-Eu te amo tanto.- ele sussurrou as palavras.- Queria poder te amar sem me preocupar com nada.

Por conta da chuva, Louis estva todo molhado, e seu cabelo pingando gotas d'água em minha roupa só aumentava a minha vontade de beijá-lo. Eu queria agarrá-lo ali mesmo, mas não. Isso seria estranho, até mesmo pra mim. Mordi o lábio.

-Eu tenho uma boa notícia pra você.- falei.

Ele se aproximou, colando nossas testas. Seu silêncio me permitiu sussurrar as palavras:

-Eu sou toda sua. Eu te amo tanto que ninguém pode estragar isso. Não ligue para os outros. Aproveite o que tem agora. Ame a mim, Louis.

Por Deus, aquele garoto me deixou tão louca que eu nem me liguei direito do que falava. Mas parecia ter funcionado, porque Louis abriu um sorriso malicioso, mas inocente. E eu gosto disso.

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