Capítulo 8 - O mundo lá fora.

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Depois do almoço, avisei a Zoey sobre a minha ideia maluca. Ela estranhou, lógico, mas desejou boa sorte. Eu já tinha tudo em mente. Ia fugir do hospício com Louis. Ele não vê o mundo lá fora há 6 anos, eu tenho que fazer isso. Mesmo que custe o meu emprego.

Me arrumei e dirigi até o Hospício de Doncaster. Entrei no edifício e procurei por Andrew, que estava conversando com alguns seguranças.

- Andrew.- chamei, ele olhou pra mim e sorriu.

- Boa tarde, Doutora Emma.

- Hoje as coisas vão ser meio diferentes...

Ele me olhou confuso.

- Como assim?

- Hoje farei algo diferente com o Louis, meio que uma terapia e pode durar o dia todo. Mas, aja o que houver, não pode interromper!- menti, descaradamente.

- Uma... terapia?

- Isso, coisa de psicólogos. Ela demora muito e não pode ser interrompida, então, por favor, não abra aquela porta de jeito nenhum. Só quando eu acabar.

Ele ficou em silêncio alguns segundos, mas acho que consegui enganá-lo.

- Mas como vou saber que já acabou?

- Simples, deixe as chaves comigo.

- Oi?- Andrew arregalou os olhos.

- Isso é sério, Louis não vai me fazer nenhum mal.- balancei as mãos.- Relaxa. Quando eu acabar, destranco a porta e saio. Você não precisa ficar de vigia. Confia em mim, tenho tudo sob controle.- sorri.

- Tem certeza disso?

- Absoluta. Apenas faça tudo que eu disse e nada de ruim vai acontecer.

- Louis não teve uma noite muito agradável ontem, Emma.

- Tudo bem.- suapirei.- Eu sei o que fazer.

- Certo...

Andrew fez sinal para segui-lo e eu comemorei internamente. Ele destrancou a porta do quarto de Louis, me entregou a chave e esperou eu fechar a porta.

Entrei e Louis estava sentado na cama, os olhos brilharam assim que me viram. Pelo fato de a porta não ter janela, tive que encostar a orelha na porta para ouvir Andrew se distanciando. Deu certo, ele se foi. Sorri para Tomlinson.

- Primeira parte do plano, concluída!- fiz um gesto de vitória.

- Você é maluca, Emma.- levantou- se e veio até mim.- Se nos pegarem, você perde o emprego.

- Não se preocupa, vai dar tudo certo.

- É serio, Emma.- suspirou.- Se te pegarem, nunca mais vou te ver. E você é tudo que me resta.

Abracei Louis e balancei a cabeça num não.

- Confia em mim, sei o que estou fazendo. O que importa é que você não vai se dar mal, só eu. Afinal, eu que te motivei a sair.

- Você que pensa. Eu sei todos os métodos de tortura daqui. Eu já conheci todos eles.

Isso me preocupou. Se formos pegos, Louis também sofre... Droga! Mas não vou desistir.

- Vamos sair daqui e ponto final.

Louis supirou e deu um sorrisinho.

- Você é corajosa, hein?- se aproximou de mim e deu um beijo lento na minha bochecha.- Obrigado.

Corei tanto que Louis riu da minha cara.

- O plano é o seguinte: Sair daqui sem sermos vistos. Consegue fazer isso?

- Talvez.- sorriu.

- Vamos nessa.

Abri a porta lentamente e olhei em volta. O corredor mais ao fundo estava bem movimentado. Saí e fiz sinal para Louis sair também.

- Vai pra lá.- sussurrei, apontando para a parede ao meu lado.

Louis concordou com a cabeça e foi. Tranquei a porta e corri até onde ele estava. Peguei na sua mão e o puxei até a janela no final do corredor onde estávamos.

- Antes de irmos, você sabe como está o clima lá fora?- perguntei.

- Não tenha ideia.

Sorri e abri a janela, fazendo certa força. Ela rangeu alto e meu corpo tremeu só de pensar se alguém ouviu. Pulei e tentei alcançar o galho da árvore ao lado.

- Cuidado.- disse Louis.- Mas agora é sério, vai mais rápido, tem alguém vindo!

- Merda.- pulei no galho e Louis fez o mesmo.

Notei que ele foi muito mais ágil que eu. Fechou a janela, também fazendo força e sentou-se no galho, ofegante.

- Calma, deu certo.- falei.

Louis olhou em volta. Era dia de sol, um dia perfeito. Notei um sorriso se formando no canto de sua boca.

- Emma, muito obrigado, de verdade. Mesmo se formos pegos, vai valer muito a pena. Eu me sinto livre, mais ou menos.- riu.

- Não foi nada. Agora, vamos descer.

Louis concordou com a cabeça e se levantou.

- Sabia...- comecei enquanto descia da árvore com a ajuda de Tomlinson.- Que foi... bem fácil de enganar... o Andrew?

- Ele é um babaca.

- Eu nunca confiaria em mim mesma.

- Ei, não diga isso, estou confiando em você.- riu.

- Ah, é. Mas você tudo bem. Não vou te decepcionar.

- Claro que não.

Pulamos no chão. Não tinhamos que nos preocupar com os guardas porque a árvore ficava do lado de fora. Louis suspirou e deu um sorriso satisfeito. Notei ele se aproximando.

- Mais uma vez, obrigado, Emma.- disse, colando nossas testas.

Me assustei um pouco com toda essa aproximação repentina, mas admito que não recuei. Não demorou nem mais um segundo para os lábios de Louis se juntarem aos meus.

Foi o melhor beijo que já ganhei.

Voices |L.T|Where stories live. Discover now