Suspiro, abrindo o armário tirando de dentro um prato. Enquanto como a comida de Eve, fico embasbacado com o sabor diferente e delicioso. Com certeza uma garota como ela, a última coisa que passou pela minha cabeça é que soubesse cozinhar. Não nego que estou bastante surpreso.

Depois de comer, lavar o prato e escovar os dentes, olho para o relógio me dando conta de que Eve está a mais de uma hora fora de casa. Subitamente um pensamento estranho perpassa pela minha mente, ela não pode ter fugido. Não sabendo que seu pai está atrás dela. Eve não pode ser tão imatura e ter ido embora pelo que falei mais cedo.

Apresso os passos até a porta, abro-a rapidamente e caminho até o elevador, a musiquinha idiota me dá nos nervos, porém, sou obrigado a ouvir. Assim que abre no térreo, saio em disparada para fora do prédio. Não tem sinal dela em lugar nenhum. Pergunto ao porteiro, dando uma descrição de Eve, ele também não a viu passar, disse que acabou de trocar de turno com um colega.

O medo de que Eve esteja sozinha caminhando nessa cidade enorme toma meu peito, e de repente, sinto-me estranhemente apavorado. Eu não consigo evitar, ela está na minha casa, se acontecer algo a ela, eu me culparei para sempre.

Caminho de volta para o apartamento afim de pegar a chave do carro e sair para procurá-la nas ruas, nem que para isso eu precise da ajuda de alguns colegas da delegacia. Assim que o elevador abre novamente, eu ouço a sua voz doce e um alívio momentâneo toma conta de mim, até eu ver um homem ao seu lado. Ele ri de algo que ela fala fazendo-a corresponder também.

O reconheço rapidamente como sendo o meu vizinho confeiteiro.

"Eu me diverti muito." Ela diz sorrindo.

"Fico feliz em saber que nós somos os responsáveis.'' Ele pega a garotinha – que está no chão ao lado dele – no colo, que sorri quando Eve lhe dá um beijo na bochecha.

"Foi um prazer Felipe." Ela se aproxima para beijar a bochecha do meu vizinho de merda.

Não sei que porra dá em mim para interromper essa ato de educação excessiva. Porra Eve, porque tem que ser assim, tão... Gentil.

"Eve!" Grito seu nome em tom duro e ela vira-se ao som da repreensão.

"Oi Frank..." Ela murmura desmanchando o sorriso anterior. 

"Eu te procurei por todo esse maldito lugar." Rosno "Enquanto aí está você..." Aponto para eles "De papinho com quem você não conhece!"

Ela não esboça nenhuma reação, e isso me deixa surpreso e furioso também. Eve se vira para Felipe que não está atento a ela, e sim prestando atenção em mim.

"Desculpe Felipe, nos vemos qualquer dia. Tchau, garotinha linda." Então ela caminha para o apartamento sem olhar para trás, sem olhar para mim!

Bufo em silêncio e antes de entrar posso ouvir: "Titio, ele é o ogro malvado?" A voz da menina inocente indaga.

"Shh... Quieta." O vizinho a repreende.

"Mas é que... Você era o rei, a tia Eve era a rainha e eu a princesa, então sempre chega o ogro malvado para atrapalhar a história!" O desapontamento em sua voz é nítido.

Reviro os olhos e vou para o apartamento também, era só o que me faltava!

Quando entro não a vejo, sei que o único lugar no qual ela deve estar, é no quarto, portanto, é para lá que eu vou, quando paro diante do seu quarto, dou duas batidas na porta e ela não demora para perguntar quem é. Sorrio lembrando de que disse a ela mais cedo como ela deveria fazer.

"Sou eu." Respondo.

"Pode entrar." Ela diz.

Quando entro ela está sentada em uma poltrona no canto do quarto, está quase anoitecendo e a luz do entardecer que entra pela janela, reflete em seus olhos deixando o brilho deles ainda mais bonito. profundo... a cor dos cabelos escuros também são realçados pelo sol que já se põe, não consigo dizer nada no momento, apenas engulo em seco quando ela se vira para a janela e eu tenho a visão do ângulo virado do seu rosto, e como ela é bonita. Puta merda!

O pescoço que parece ser suave e intocado, trás em mim a incomum vontade de tocar, de chegar mais perto, porém não faço, permaneço no mesmo lugar piscando várias vezes tentando dizer algo idiota e estúpido.

"Você não deveria falar com estranhos." Pigarreio quando a voz sai falhada, na tentativa de não ser um ogro novamente.

"Eles eram legais, eu me diverti, sorri de verdade pela primeira vez desde que descobri que me casaria." Ela responde com a voz suave e cheia de tristeza, um aperto se inicia dentro de mim.

"Eve, escuta. Eu só quero o seu bem e quando eu peço para fazer algo, espero que faça, porque é por você. Entende? O mundo é mau, as pessoas são más, você não pode confiar em qualquer pessoa que te chamar para brincar." Repreendo-a de forma calma.

"Eu não vi maldade nenhuma em uma garotinha linda que me convidou para brincar, os olhos dela brilharam... Eu não resisti." Ela diz com o olhar brilhante.

"Só não faça mas isso." Decreto e ela assente.

Saio do quarto quando fica silencioso demais, vou para o meu e finalmente consigo dormir, acho que o cansaço acumulado me fez capotar de vez, pode ser também a certeza de que ela está aqui ao lado e não vai a lugar nenhum, longe de perigo, longe de todos que possam fazê-la mal.



ImEmili

Um Segundo Para Se Apaixonar © [COMPLETO]Where stories live. Discover now