Deram uma pausa, até que Jordana voltou a falar:
- Eu ouvi umas pessoas falando que a morte do Adam tem ligação com a da Victoria. - Olhou para o lugar onde antes estava o corpo.
- Pois é, eu ouvi também. Mas não sei... Pode ter sido alguém diferente que, sei lá, se sentiu estimulado pelo que aconteceu com a Victoria e tomou coragem pra fazer o mesmo com o Adam.
Engoliu em seco. Ainda era difícil de acreditar que Adam estava morto. Era um aperto no peito inconsolável para Robin. Depois de tudo que o finado fez por si, ele nunca teve a chance de agradecer devidamente. Tinha muito mais a falar para Adam do que somente um simples "obrigado, mas não se preocupe". Devia tudo a ele, na verdade. Adam o ajudou em muitos problemas e o tirou de muitas crises, mesmo que não soubesse disso.
- Nós nunca nos falamos, mas acho que seria legal se nos conhecêssemos melhor - tornou Jordana, após concordar com o comentário e decidindo que não queria mais falar sobre aquilo. - Você parece ser um cara bem legal, Robin. De verdade.
Ele não proferiu nenhuma outra palavra, apenas sorriu como se dissesse "obrigado", e a garota fez o mesmo, se retirando logo em seguida, ainda sorrindo, retornando para seu grupo de amigas ao longe. Robin nunca achou que Jordana havia o notado anteriormente, mas a simples notícia de saber que ela queria manter contato consigo já era o suficiente para fazer seu dia mais feliz.
Confiante, o garoto decidiu sair dali antes que acabasse passando mais vergonha.
1
Elishia recebera o corpo há algumas horas e já estava fazendo a habitual necrópsia. Tinha de estar pronta antes do dia amanhecer, como havia sido lhe dito pelo policial que acompanhava o cadáver. Ned Fitzgerald tinha especificado isso, para que a investigação ao redor da morte do garoto tivesse um progresso mais rápido.
Tal coisa era tão recorrente em seu dia a dia que a doutora ao menos se importava em viver caminhando entre os mortos, literalmente. No começo não era assim, no entanto. Quando se formou, via a carreira como algo desafiador, e fora alvo de diversas críticas pela família, que desaprovava a escolha da garota em cursar algo tão mórbido e cruel, como diziam. Todos estavam errados, entretanto, e mal sabiam que a mulher se daria tão bem quanto se dava hoje em dia.
Também, no começo da carreira, a Dra. McKellar tinha os mais terríveis pesadelos. Todos eles baseados nas lições aprendidas pela sua mentora, pelos mortos que encarava por horas dentro de uma sala gelada e fechada, pelo fedor que ainda exalava do corpo de alguns e pelo forte sentimento de pena obtida pelos seus pacientes.
Todas as vezes que fazia aquilo, enquanto lavava as mãos, colocava suas luvas e preparava os instrumentos necessários, pensava nessas coisas. Tinha um breve vislumbre da antiga Elishia, e como ela era confiante, assim como ainda era. Não culpava sua família, pois ela mesma pensava que, se tivesse um filho, não acharia a carreira como legista uma boa escolha. Era realmente assustador saber que sua cria estaria o dia inteiro mexendo com cadáveres. Mas naquele momento, teria de se focar para continuar o trabalho, indo na direção da maca com o corpo e se pondo ao lado dela, clareando sua mente de tudo e mapeando uma lista na própria cabeça do que deveria fazer.
Os estágios de uma necrópsia eram bem simples, na verdade. Primeiro, o corpo era identificado e marcado, seguido do reconhecimento da família da vítima. Isso já havia sido feito, mas Elishia não estava presente e só foi chamada quando tudo estava concluído. Segundo, as roupas e objetos eram levados para o Instituto de Criminalística da Polícia Científica, onde fariam a perícia de tais pertences num período de doze horas, à procura de amostras de DNA que pudessem estar presentes nas vestes ou qualquer outra coisa que ligasse alguém ao crime. Essa fase estava em processo e tudo estaria pronto pela manhã, quando o corpo seria despejado para o enterro. Em seguida, o cadáver era pesado e lavado com água e sabão. Isso foi ela quem fez minutos antes, tirando qualquer tipo de sujeira para iniciar a exploração interna. Logo, tudo estava pronto para começar de verdade.
YOU ARE READING
Hello There
HorrorApós um ataque inesperado, um casal desatento encara a morte pelas mãos de um assassino, e as consequências tornam-se maiores do que o imaginado. Com isso, rumores começam a recair sobre a pequena e isolada cidade de Oakfield, no estado de Ohio. O...
1x05 - Exploring a Body
Start from the beginning
