Introdução

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Naquele dia estava frio e aquele maldito frio doía como milhares de agulhas no meu corpo, eu estava muito longe de casa e muito perto também, posso dizer que sou filho de duas mães, mas explico pra você mais tarde, eu observava calmamente ao longe, cerca de um quilômetro e o vento estava calmo, a brisa congelante deixava meu dedo endurecido ao lado do gatilho de um rifle Barret .50, olhando pela mira Nvsr com visão noturna de longo alcance um grande chalé com uma família de cinco pessoas, a cada respiração meu peito doía por conta daquele frio infernal, havia neve para todos os lugares que eu olhava, tenho alguns minutos para dialogar com você um pouco mais, eu sou o que vocês chamam de fantasma, eu não existo mais, tudo sobre mim foi apagado então não posso me apresentar de forma adequada mas hoje eu sou Logan Orvell um canadense que chegou hoje pela manhã no aeroporto de sua terra natal para passar o ano novo com a família, pelo menos é o que eles e você precisam saber por enquanto, para aqueles que eu caço eles me chamam por um nome carinhoso, "O bicho papão" é até engraçado por que combina comigo, eu escolhi essa vida por que é só o que eu sei fazer, e sou bom nisso.

Eu me lembro do canada, eles se escondem aqui também, estão por toda a parte e quando eu acho eles você já imagina o que acontece, é por isso que estou debruçado no parapeito do meu chalé com meu rifle carregado apontando para o outro chalé onde está minha presa, achei o tiro desafiador, 1 Km de distância de onde estou para onde quero acertar, já calculei a trajetória e a velocidade do vento, espero que dê tudo certo, estou esperando um pouco mais para ter certeza por que só tenho um tiro para acabar com isso e beber um pouco de café .

O problema é que meu dedo de gatilho está ruim demais, eu mal consigo fecha-lo e isso me deixa nervoso por que é uma das minhas ferramentas de trabalho mais importantes, aquilo que eu não preciso levar em uma mochila separada das minhas bagagens, não preciso usar um meio ilegal de entrar com ele no país,  eu entro e saio com a arma mais mortal do mundo bem vista dos guardas do aeroporto, o bom e velho dedo de gatilho ou indicador tanto faz, esse dedo é o dispositivo de segurança que nunca falha, posso testemunhar se você quiser.

O tempo passou e o vento está mais calmo, ainda consigo mover meu dedo para o gatilho, eu respiro fundo e toco o gatilho levemente calmo e suave, meu corpo está doendo muito agora, mas eu posso ver claramente com a visão noturna o rosto do monstro que vai morrer em poucos segundos, eu sei quem ele é, Fagner Claus um dos membros da antiga temida SS os cães de guerra de Hitler, pessoas frias e dispostas a fazer o que fosse preciso para garantir o sucesso do reich, Fagner é um dos piores pelo que vi no dossiê dele, era um depravado que torturava psicologicamente crianças judias nos campos.

Estou vendo Fagner, uma mulher, duas crianças, uma velha sentada em uma cadeira e todos estão a mesa rezando antes de comer a ceia de natal, desgraça não posso fazer o disparo agora, posso ser um assassino mas tenho princípios, não quero que as crianças vejam, elas teriam a visão dos miolos do pai escorrendo pelas paredes da sala e isso vai ser horrível na cabeça das pobres crianças, elas não tem culpa de o pai ser um criminoso de guerra, preciso esperar para matá-lo quando estiver longe daquelas crianças, merda preciso recolher meu rifle, se eu tiver sorte vou ter outra chance amanhã.

Eu recolho  meu rifle e entro para dentro do meu chalé, coloco o rifle de volta na mochila acendo a lareira e um cigarro, uma boa dose de Whisky vai ajudar a me esquentar, já posso mover o meu dedo de novo, é irônico um monstro ser salvo por crianças inocentes, Herr Fagner teve uma boa sorte e espero que ele tenha um bom natal e reze bastante caso ele acredite em algum deus, por que amanhã ele não vai ter mais nada e quem sabe encontre deus, vou esperar mais um pouco para me recuperar do frio e vou vigiar o canalha.

Já são 3:00 da manhã no meu relógio e está mais escuro do que nunca, coloco um cobertor grosso nas costas e me apronto para o frio da noite novamente avistei um movimento na janela do alvo, uma figura alta está parada de na varando com uma vassoura tentando espantar um grupo de guaxinins, o natal é rico de ironia, escapou de tantas mortes e essa madrugada vai morrer por culpa de guaxinins, coloco meu rifle posicionado na sacada respiro fundo e volto a pôr meu dedo no gatilho, está tudo preparado e o momento fica cada vez mais próxima, o idiota está balançando aquela vassoura e eu preciso ter paciência quero um tiro limpo, rápido e certeiro a distância não ajuda, mas me sinto com sorte hoje o vento está ao meu favor mas a calma é precisa nessa hora, ele está cansando e diminuindo a velocidade frenética dos movimentos, está cada vez mais lento e quase parando eu continuo mantendo o ritmo da minha respiração e para o azar dele meus pulmões estão prontos para fazer o disparo e ele está parado recuperando meu fôlego, refaço a trajetória e calibro minha luneta, deslizo o meu dedo para o gatilho, eu respiro e depois prendo a minha respiração, contraio meus músculos e começo a apertar o gatinho suavemente até ouvir um click e uma fração de segundos meu rifle ruge e explode o coice atinge meu ombro e é amortecido, a cápsula fumegante salta da câmara e pela luneta vejo meu alvo ser jogado para dentro do chalé com metade do corpo pra dentro e as pernas para fora, vejo as pernas sacudindo e depois suavemente param, Fagner está morto, luzes se acendem na casa e gritos desesperados ecoam por todo o lugar, a mulher desesperada tenta arrastar o marido mas cai inconsciente, ela com certeza não suportou a visão do estrago que uma bala de calibre 50 pode fazer com um rosto, ela ainda vai vomitar um pouco quando acordar, fico mais um pouco olhando pela luneta, não sinto nada ao ver a cena lá embaixo, meu trabalho está feito, ninguém vai vir ajudar a pobre alma o próximo chalé fica a pelo menos uns 4 km de distância, não há mais nada a se fazer aqui.

Recolho meu rifle e o desmonto para colocar de volta na mochila, ainda está um pouco quente, ele fez seu trabalho perfeitamente bem como das últimas vezes, apesar de seu tamanho absurdo é minha arma de escolha para caçar, acendo um outro cigarro e mais uma dose de whisky, estou pronto para ir embora e sair desse inferno congelante, já empacotei tudo e não vai haver rastros de que estive aqui, vão dizer que Fagner morreu por um fantasma, o bicho papão atacou de novo ou coisa parecida, ao menos o corpo ficará conservado para o velório, já fiz a ligação que eu precisava e já consegui meu transporte, vesti meu casaco e já estou levando meu rifle na mochila e vou sair do país e vou imaginar aonde será minha próxima caçada.


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⏰ Last updated: May 21, 2019 ⏰

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Logan Orvell: O caçador de NazistasWhere stories live. Discover now