Capítulo III

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Escrito por: 1lleg1rl
Revisado por: poesiadasflores
Capa: poesiadasflores

c a p í t u l o  I I I

            CINCO DIAS HAVIAM se passado desde o encontro ao acaso entre Yun e Jin no terraço de um dos edifícios da sede. De um lado, Chaeyun se sentia prestes a desmaiar diante da tamanha pressão – que poderia tranquilamente chamar de tortura – psicológica que seu pai lançava sobre seus ombros. A sensação de estarem pondo chumbo sobre sua consciência a acompanhou dia após dia, nas horas de trabalho útil, onde não deveria pensar em qualquer outra coisa senão naquilo; quando tentava encontrar alguma forma de adentrar a sala do presidente ou até mesmo em seus sonhos. Mas todo aquele amontoado de negatividade de certa forma se aliviava sempre que conversava com SeokJin, mesmo o conhecendo fizesse tão pouco tempo, ela sentia em alguns momentos que o conhecera a vida inteira, e então, contrariando sua honra, ela estava sendo malditamente traíra com uma das pessoas mais incríveis que conhecera durante toda a sua vida. Se aquilo não era a definição extensa de inferno, não sabia como chamar.

Por outro ângulo, um mais bonito, deve-se acrescentar, SeokJin se achava encantado. Todos os momentos em que flagrava-se pensando em Chaeyun – o que não ocorrera pouco – ao invés de sentir a necessidade compulsiva de afastar tais devaneios, queria senti-los mais. Ele não sabia explicar. Mesmo havendo algo na Kang que o avisasse constantemente para manter-se longe, não conseguia. Nem se quisesse conseguiria! E além de tudo, recentemente, na última conversa que tivera com a repórter, percebeu mais uma característica marcante.

— Estava aqui pensando.... — ele dissera cortando o silêncio instalado, estavam no terraço, em mais um anoitecer. Aquilo de forma inconsciente se tornara rapidamente uma rotina — Você não me disse o porquê estava aqui quando te encontrei, uns dias atrás.

Ela demorou uns segundos para compreender a que ele se referia.

— Você não me perguntou. — deu de ombros.

— Justo. — admitiu — Então me diga, Yunnie — a garota ainda não entendia de onde ele havia tirado tamanha intimidade para chama-la daquela forma, mas preferiu não contestar, afinal, curiosamente, gostava do som saindo da boca do Kim — Se venho aqui para refletir, o que vem fazer aqui?

A jovem suspirou, perdendo-se brevemente no horizonte, onde parecia tão pleno e calmo apesar do inverno de frio cortante.

— Fugir. — limitou-se a dizer mais, ao que Jin entendeu como uma onda de melancolia, cuja desejou afastá-la da garota de aura brilhante.

— Então você ainda é uma jovem que não aceitou sua realidade? — quis soar extrovertido, visto que ela parecia tão dona de si.

— Sim. Tampouco tive muito poder para escolhe-la.

Jin percebeu pois, naquele instante, que Chaeyun era, além de profissional, confiante, tagarela – em alguns casos –, elegante e muito simpática, um pássaro preso numa gaiola, crescido o suficiente para alçar voo mundo a fora, porém, recluso demais para fazê-lo. Ele viu no brilho de seus olhos que ela era mais, muito mais do que mostrava ser. Yun era em algum lugar, indomável, espirituosa e principalmente dona de si. Mas por algum motivo, todas aquelas fortes qualidades se encontravam prisioneiras no seu coração ardente de desejo pela explosão flamejante da descoberta. Notou então, que o maior desejo dela era fugir daquela realidade para que pudesse criar a sua.

Haviam tantos pontos que adoraria sentar e pensar sobre a Kang, porém, em dados momentos, como aquele, não podia se dar ao luxo. Não quando seu pai falava alguma coisa sobre finanças, números, planilhas e outra lista de coisas que o davam sono. Todavia, estava difícil se obrigar a prestar atenção, quando as coisas que sua mente lhe dizia pareciam bem mais convidativas do que qualquer coisa cuja pudesse ser proferida pela boca de seu velho pai. A não ser que fosse o um determinado nome.

Fome de PoderWhere stories live. Discover now