Caída do Céu

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Lauren mantinha seus olhos esmeralda atentos e singelos. Seu olhar maternal era direcionado à sua pequena, sua maior fonte de amor do mundo. A menina dos cabelos castanho claro lhe pedia, tomada de manha em sua voz, para que Lauren a acompanhasse na patinação que estava prestes a fazer, assim que seu pai chegasse em casa para buscá-la. Hoje era o dia do Brad ficar com a pequenina. Não demorou muito para que a voz do jovem ecoasse pelas escadas da casa e a criança se agitasse no colo da mãe.  

— Mamãe, você não pode vir com a gente? Por favor, por favorzinho... — A voz manhosa da filha fazia o coração de Lauren se estreitar, mas ela sabia que era melhor não participar desses programas quando envolviam a presença de Brad.

— Raio de sol, cheguei! — A voz do homem anunciou ao adentrar o quarto e retirar o seu chapéu. A pequena correu para os seus braços, pulando em seu colo.

— Papai, eu queria que a mamãe viesse junto com a gente... — Ela pediu outra vez.

— Você chegou cedo hoje. — Lauren lhe disse sem calor algum nas palavras. Brad a olhou e retirou de seu paletó um pequeno compilado de cartas que havia pego na entrada da casa.

— O correio passou. — Disse ao depositar as cartas sobre a cama de Lauren. 

Os três desceram as escadas silenciosamente e foram para a sala. Brad fez questão de chegar mais cedo na casa somente para ter alguns minutos da atenção de Lauren, antes que saísse com a sua filha para patinar. O jovem não perdeu tempo em abordá-la, enquanto a criança brincava de colorir desenhos com giz de cera.

— A Jessie perguntou sobre você. Ela adoraria que você pudesse, sabe, estar presente conosco no Natal. 

— É mesmo? Bem, mande um abraço meu para ela. Eu sempre gostei muito da Jessie. — Brad não parecia satisfeito com a resposta dela, e tentou investir mais uma vez, reformulando sua frase.

Eu adoraria que você fosse, Lauren.

— Me desculpe, Brad. Eu já tenho outros planos. — Lauren evitava o contato visual com o rapaz. Era difícil aturar a sua presença e a sua conversa.

— A mamãe têm presentes para dar à tia Lucy. — A pequena disse, tomada de inocência. Brad tensionou a sua expressão facial, contrariado.

— Você tem visto muito a tia Lucy ultimamente, não é, meu raio de sol? — A criança assentiu com sinceridade, e Lauren já se controlava para não revirar os olhos ali mesmo, já prevendo a insinuação do jovem. — Você tem visto a tia Lucy com a mamãe, não é? — A pequena assentiu outra vez e Brad olhava para Lauren com desgosto. E lá se foi. A impaciência de Lauren diante da situação a tornava desesperada para acender um cigarro naquele momento.



— X —


Na Frankenberg's, Camila atendia a uma mulher que finalizava a compra de uma boneca em seu balcão. Era fim de expediente e ela estava cansada, mas precisava ignorar isso para que pudesse vender mais. Durante todo o dia, Camila pensou na entrega do trem elétrico que deveria ter chegado na casa de Lauren, preocupada se as luvas também teriam chegado na mesma tarde. Ela chegou a ir no setor das encomendas e entregas e conversou com Greg, um senhor que já trabalhava ali há alguns bons anos e que lhe garantiu que a entrega havia sido feita naquela tarde. Entretanto, por algum motivo, o assunto ainda deixava Camila inquieta. Ela terminava de fechar a compra de sua cliente no piloto automático, e estava tão aérea que demorou a ouvir a voz de sua chefe lhe chamando impaciente.

Flung Out Of SpaceWhere stories live. Discover now