O sonho

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Lauren Stwart

-Lauren se aproxime, não tenha medo de mim – uma voz escoava por um corredor
escuro, tochas iluminavam o pequeno túnel que se estendia até uma grande grade,
havia água no chão, paredes antigas de pequenos tijolos parecidos com os que tem
em castelos, musgo verde escorria das paredes, hesitando fui me aproximando
cada vez mais do fim do corredor onde havia uma grande grade, dali que sairá a
voz.
- Quem está ai ? - minhas palavras saíram trêmulas e muito baixa.
- Um amigo – A voz respondeu suavemente.
- Não tenho amigos, muito menos me interesso em fazer- respondi um pouco mais
tranquilo, essa voz me parecia muito familiar, mas não conseguia me lembrar de
onde à conhecia.
- Posso te dar poder garoto ingênuo, te tornar mais forte, o mais forte elementalista
de seu clã, o que me diz ? – A voz disse em um tom impaciente.
A proposta parecia tentadora, imagina, ser o elementalista mais forte de todo o clã,
ter poderes inimagináveis, não precisar mais passar por esses árduos treinamentos,
a proposta me parecia boa.
E o que eu devo fazer ? – Falei
Basta invocar os 4 elementos nessas pilastras que me libertará dessas grades – Falou a voz que parecia estar bastante excitada, eu não o via mas dava para sentir
a excitação em sua voz.
Não sei se devo confiar em você – retruquei.
Faça e verá – a voz respondeu
Olhei para as 4 colunas de pedra posicionadas em frente a grade, uma do lado da
outra, não eram tão altas, na verdade chegavam na minha cintura, me aproximei e
percebi que em cima de cada uma delas havia um circulo com símbolos
desconhecidos, mas bem parecido com os que eu costumo invocar, me preparei
para invocar a palavra Kaze quando de repente.
-Espera um minuto – Falei bem mais confiante
Me lembro de você, essa sensação... essa voz... – Quando foi que me dei conta de
que era a voz que cochichava em meu interior, a mesma voz que fez com que eu
matasse os meus pais, lagrimas começaram a escorrer dos meus olhos cerrados de
ódio.
Nunca te perdoarei, desgraçado ... Eu vou ... Eu irei ... Irei acabar com a sua
existência, graças a você me tornei a pessoa mais infeliz do mundo – Falava entre
soluços e lágrimas, com os punhos serrados, tomado pelo ódio.
-Acabar comigo ? Ha! Ha! Ha! Ha! – Sua risada maligna ecoou dentro do túnel, mas
não me fez intimidar.
KAZE ! – Gritei entre lágrimas, dor e raiva.
Estiquei meus braços para o lado e dois círculos grandes giravam devagar em frente
a palma de ambas as mãos, senti um vento me tomar como a força de um tornado
e nesse mesmo vento, carregava meus sentimentos de dor, solidão, ódio, medo...
Não sentia mais as águas em meus pés quando me dei conta de que estava a 1
metro do chão, o vento intenso sustentava meu corpo no ar, apontei minhas
palmas em direção a grande grade e no momento que iria lançar uma rajada de
vento para jogar tudo pelos ares fui surpreendido por um grande rosnado que me
fez parar, com as palmas ainda apontada para a grade observei em direção daquela grade escura, vi um vulto se movendo quando de repente uma fera saltou e bateu
na grade porém, foi jogado longe, ele se levantou novamente e pôs as garras entre
as grades na tentativa faliu de me agarrar.
-Venha, se aproxime para que eu possa te estrangular, destroçar seus pequenos
ossos criança – O grande animal falava furioso, senti a mesma sensação de 6 anos
atrás, uma sensação inquietante de trevas, quando olhei para o animal
movimentando as garras percebi o quanto ele era medonho e lindo, ele era
enorme, parecia ter uns 10 metros de altura, seu corpo estava em chamas, porém,
negras, filamentos negros saiam de seu corpo, ele parecia um lobo, desistindo de
tentar me pegar ele me encarou silenciosamente, como se algo em mim chamasse
atenção dele, aqueles grandes olhos vermelho sangue com as pupilas lindas e
negras como as de um gato, fiquei tão fascinado com a criatura que havia me
esquecido que ainda flutuava e em meus punhos rodeavam ventos, então a
criatura, no que parecia ser um sorriso malicioso disse...
-Nos veremos em breve Lauren –
Então todo aquele cenário foi desaparecendo rapidamente, tão rápido que não
podia acompanhar com os olhos, eu estava sendo puxado por uma força
gravitacional enorme, então tudo escureceu.
Arregalei meus olhos ofegante, encostei na poltrona do avião e fiquei um tempo
tentando distinguir o rosto que me encarava, estava embaçado e meus olhos
ardiam, então aos poucos percebi que era meu avô.
Algum problema ? – Perguntava me encarando preocupado
Nada, nada, apenas um pesadelo – respondi tentando soar o mais normal possível,
estava muito tenso apesar de minha visão estar voltando ao normal.
-Com seus pais ? – perguntou confuso
-Não vô relaxa, não foi nada, esquece – respondi tentando fugir do assunto, não
queria comentar com meu avô aquela experiência por enquanto, não acho o
momento propicio para isso.
Meu avô me encarava sério, como se soubesse o que estava acontecendo, em
seguida dei de ombros e me reenconstei na poltrona, peguei no sono novamente
e segui o resto da viagem tendo um sonho estranhamente agradável.
Senhores passageiros acomodem-se em suas poltronas, pousaremos em instantes
– O piloto anunciava.
Bom depois das náuseas, desembarcamos em Londres no aeroporto Heathrow, um
aeroporto enorme cheio de luzes e lojas, comi um lanche comprei uns biscoitos
para levar, um óculos Ray-Ban que meu avô insistiu em comprar, então escolhi o
melhor modelo, apesar da chuva tive que usá-los a mando do meu avô, ele não me
disse o motivo, apenas mandou eu usá-los, demos uma volta pelo aeroporto,
compramos umas lembrancinhas para a vovó, o que me fez sorrir, e já que não
podíamos sair do aeroporto embarcamos novamente.
Vou cochilar um pouco antes de decolarmos- disse meu avô entre um bocejo e
outro, fiz que sim com a cabeça e me virei para a janela, chovia bastante lá fora e a
chuva sempre me acalmava apesar de não saber invocar a água muito bem, fiquei
olhando as gotas escorrendo enquanto aquele sonho martelava em minha mente,
real demais para ser um simples sonho, investigarei isso a fundo quando chegar à
Nova York, para me distrair daquilo tudo invoquei a palavra Mizu, um pequeno
círculo azul pairando e girando na ponta de meus dedos, eles são bastante
brilhantes e bonitos, mas quanto menor for a invocação, menor é o tempo em que
os circulos duram, assim que eu o invoco ele some quando eu manipulo o
elemento, fiquei mexendo as gotas de um lado para o outro, quando senti que
alguém me observava, olhei para o lado e vi uma menina de pé me encarando,
apesar de eu estar de óculos ela percebeu que eu olhei diretamente para ela, então
a mesma se virou sem graça e foi a passos largos em direção ao banheiro, dei de
ombros, estava com problemas demais para me importar se uma garota viu ou não
eu invocando algum elemento, além do mais, quem acreditaria ? Ainda bem que o
meu avô esta no décimo sono pois se ele ver uma cena dessas me estrangula,
enfim, voltei para a janela e meu corpo tremeu, vi o rosto daquele lobo alguns
instantes em meio as nuvens, esfreguei meus olhos e parece que o rosto sumirá,
ignorei, peguei o meu ipod, encostei da maneira mais confortável possível na poltrona, coloquei meus fones e pus a musica Radio/Vídeo - System Of a Down no
ultimo volume sem me importar com nada, fechei meus olhos e tentei cochilar,
veremos como será essa nova vida, pois vejo que terei muito trabalho pela frente,
bastante treinamento, e assuntos a tratar com aquela criatura, seja lá o que ela for,
preciso encontrar algumas respostas pois eu pretendo me vingar, ah com certeza
me vingarei, nem que eu tenha que passar por cima de tudo e de todos -sorri - e
logo em seguido soltei um longo e cansado bocejo, em meio aqueles turbilhões de
pensamentos peguei no sono e apaguei.

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