O embarque

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                                                                            Lauren Stwart

Não me considero uma pessoa digamos " linda ", tenho cabelos negros lisos em um corte asa-delta, o corpo um pouco atlético devido aos exercícios de treinamento, meus olhos são cor de âmbar e tenho uma pele bronzeada apesar de não pegar muito sol, não tenho muitos amigos atualmente, na verdade não tenho nenhum, nasci em Nova York, porém, me mudei há alguns anos para província de Fukui no Japão, um belo lugar com lindas cerejeiras que só florescem uma vez ao ano, adoro participar dos Hanami (ver as flores ) , uns festivais bem legais na época de seu florescimento, são realizadas festas ao ar livre, debaixo das cerejeiras em flor, apesar do meu Japonês ser péssimo eu adoro ir com os meus avós.

-Lauren vamos, você vai perder o vôo - A voz de minha avó ecoava até chegar em meu quarto .

-Estou indo Oobāsan - (Vovó em japonês) Gritei. Fechei minha grande mala e corri em direção a porta de correr de madeira, parei quando toquei nos bolsos e não senti meu ipod, o avistei em cima da cabeceira, pronunciei a palavra kaze (ar), ergui minha palma em direção ao ipod, um pequeno circulo branco nublado pairou em frente a minha mão com algumas escrituras e símbolos antigos em volta, (não me pergunte, pois não sei nada sobre símbolos, matei muito essas aulas e na maioria das vezes usava o ar para tapar os ouvidos), senti a brisa me atravessar bem rápido e quase que instantaneamente ele voou sob o quarto e parou na minha mão. Sim sou anormal, minha família faz parte de um clã de gerações chamado Chikara Shizen, as pessoas com o sangue puro conseguem despertar os poderes de manipular e conjurar os elementos e durante esses anos tenho passado por um árduo treinamento aqui no Japão com os meus avós, os mais experientes de meu clã não precisam conjurar as palavras, porém sou um dos poucos que restaram, pois com os avanços tecnológicos, muitos deixaram a linhagem de lado e não conseguiram despertar os seus poderes, enfim, desci correndo as escadas, vovó me esperava com um grande sorriso.

- Sabe como seu avô é - Falou

- Vai ficar uma fera - completou

- Eu sei Oobāsan, mas sabe, não estou preparado para uma vida nova tão rapidamente . - eu disse com uma expressão cansada e triste, eu tinha apenas 16 anos, não estava preparado para tal mudança, não terminei meu ensino fundamental na escola e nunca cursei o ensino médio, eu tinha aulas particulares e sempre treinei, estudei e pratiquei meus poderes, (apesar de eu odiar esses dons e ser péssimo) com os meus avós, depois que os meus pais morreram, ou melhor foram assassinados por mim. Depois disso me tornei uma pessoa completamente anti-social.

- Eu sei meu querido, mas devemos deixar o passado de lado e seguir em frente - Disse ela com um tom gentil em sua voz como se pudesse ler meus pensamentos

- Como seguir ? Matei meus pais, e viverei com essa culpa pelo resto da vida - Eu disse terminando de amarrar meu all star quadriculado azul e cinza e ajeitando minhas meias.

- Não foi culpa sua, e você sabe disso, aprenda a controlar seus dons, confio em ti amado, e tenha auto confiança também, agora vamos meu doce - Falou logo em seguida beijando minha testa.

- Não sou nenhum " doce " Oobāsan, já tenho 16 anos, então por favor, não me trate como se eu fosse uma criança -

- Tudo bem querido, agora vamos -

Eu me tornei uma pessoa fria após o acidente (ou pelo menos tentava ser). Há 6 anos atrás eu vivia uma vida, digamos " normal ", apesar das constantes brigas de meus pais eu era feliz, tinha amigos, Jack meu melhor amigo sabia que eu tinha um dom, mas jurou manter segredo, ele descobriu quando estávamos andando na rua em um dia de forte chuva voltando da escola, passou um carro em alta velocidade sobre uma poça d'agua que voou em nós, porém ele reparou que eu estava completamente seco, apesar de termos recebido bastante água, ele estranhou, então resolvi contar, ele tinha um certo medo de mim, mas isso nunca o impediu de brincar comigo, as vezes achava irado a maneira que eram nossas guerras de bexiga, quando eu lançava e acertava todos os times inimigos com um só lance, então em uma tarde voltando da escola, me despedi de Jack e fui para casa, ansioso pois minha mãe faria cookies com gotas de chocolate dos quais eu adorava, entrei em casa e vi minha mãe com as duas mãos no rosto, reconheci que estava chorando pelos soluços, minha mãe era linda, tinha longos cabelos pretos como uma noite de lua nova, apenas o lindo e sombrio céu negro, usava um avental manchado de algo marrom que indicava ser chocolate , e apesar dos cabelos desgrenhados por causa do forno, seu sorriso era o mais lindo do mundo, os dentes branquinhos, lábios bem vermelhos e aquele calor agradável de mãe, pele branca como a neve, apesar de ser quente e aconchegante, os seus olhos azuis piscina costumavam cintilar, mas não hoje, hoje estavam tristes, longes, como se tivesse perdido totalmente a felicidade e o brilho que costumam ter, logo em seguida vi meu pai, em pé a sua frente com as mãos na cintura, papai era sério, tinha uma expressão muito rude e um longo bigode, cabelos pretos quase grisalhos, e na maioria do tempo vivia de terno pois quase nunca ficava em casa devido ao trabalho.

The Chronicle of the ThreeWhere stories live. Discover now