CAPÍTULO VINTE E TRÊS

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— Ótimo jeito de começar o dia — ela disse.

Eu concordei.

Tomo meu chá em grandes goles.

Está uma delícia.

Dois copos de chá e oito bolachas depois, termino meu café da manhã. Ah, meu pai acordou, mas eu ainda não tinha visto minha mãe.

— Querem carona para à escola? — papai perguntou enquanto zanzava tateando os bolsos, a procura das chaves do seu Dodge verde.

— Eu vim com o Besouro Sr.Y. — Disse Kim jogando seu braço sobre meus ombros. — Posso levar a Izza.

Assim que Kim fechou a boca, meu pai encontrou sua chave no armário. Ele a pegou com um sorriso vitorioso, depois pegou sua pasta e virou-se para mim.

— Izza, vai mesmo com ela? — ele perguntou preocupado.

Confirmo com a cabeça.

Papai me olhou cético por alguns segundos. E virou-se para a porta.

Mas ele parou e acrescentou:

— Sem alcunhas Kimberly. E dirija com cuidado.

Alcunhas é a palavra do dia. Meu pai detesta que coloquem apelidos nele, e a palavra do dia realmente veio a calhar dessa vez.

Eu sorri bobamente enquanto ele saía de casa. Eram 6h e 53 min. Preciso me preparar para o longo dia que viria. Pego minhas muletas apoiadas no balcão, e meu casaco com capuz verde no cabide ao lado da porta.

— Pelo amor de Deus, Izza! Você vai vestida assim?

Eu me encolho. Estou tão feia assim?
Eu até deixei meu cabelo solto, secando naturalmente. Poxa, obrigada Kim por alavancar meu astral tão cedo.

Suspirando Kim sacudiu a cabeça em desaprovação e saiu. Antes de arrastar meus pés preguiçosamente até o Besouro dou uma olhada na casa vizinha. O carro de Harry não estava mais lá, provavelmente ele havia acordado tão cedo quanto eu.

O exercício de Domingo foi algo admirável. Tocava Sinfonia n° 40 em Sol Menor de Mozart, no fundo da sala. Eu fui incumbida de filmar a aula a pedido da Sra. Benson. Eu sempre quis assistir as aulas de fora, pois eu estava esperando a magia do teatro acontecer. O curso de teatro havia se tornado mais do que uma distração ou um feito para constar no anuário. Entre essas paredes eu me sentia em outra época. E a genialidade de Mozart é inquestionável, acalmava até às dores da alma.

Os alunos se transformaram em elegantes cavaleiros e damas prontos para o baile. O ano era 1750. O líder do grupo era Harry, e ele incentivava os alunos feito um furacão, colocando tudo no lugar.

A turma foi dividida em dois grupos e a tarefa deles era marcar seus respectivos territórios (não era permitido falar, tudo o que deviam fazer era explorar o corpo com movimentos). Quando chegou o momento dos grupos entrarem em conflito, eles se afastaram e esperaram a Sra. Benson se pronunciar sobre o que viria a seguir.

Eu estava feliz por ter ficado de fora. Alguns movimentos eram ridículos. Kim se jogou e até Emma entrou no embalo da sequência de gestos que sempre que acabavam deveriam ser repetidos, tornando-se um ciclo interminável.

Ainda assim era fascinante.

A tarde mamãe trouxe uma tigela com frutas para comermos no meu quarto. Ela sentou de frente para mim, estava diferente, eu pude perceber. Parecia exausta. Nem mesmo se deu o trabalho de pentear os cabelos.

— Então — comecei devagar enquanto brincava com um pedaço de maçã. — Aconteceu algo?

Eu tentei parecer casual enquanto colocava o pedaço de maçã na boca.

Perseguindo Estrelas Where stories live. Discover now