Aika - O Tabuleiro do Oráculo (A Saga Aika #2) [degustação]

Prólogo

Esta é uma amostra do segundo livro da Saga Aika. Leia Aika - A Canção dos Cinco e o especial Quando Nasceu a Amizade antes de começar esta amostra ao som de BabyMetal.

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Uma fila colorida dava voltas no quarteirão de um prestigiado colégio na Tijuca, Zona Norte do Rio de Janeiro. Os moradores que passavam por ela arregalavam olhos e bocas, principalmente as crianças, pois metade dos presentes estava fantasiada de personagens de animes e filmes: vestiam capas coloridas, uniformes japoneses, armaduras feitas dos mais diversos materiais, maquiagens que iam do rosto aos pés, grandes espadas e armas de fogo confeccionadas com um cuidado quase cinematográfico. A outra metade não fantasiada fazia questão de exibir blusas com personagens de grandes olhos coloridos, toucas com orelhas de raposa, dragão ou monstrinhos que nem se sabia o nome no Brasil, além de colares, anéis e correntinhas de metal com os mais diversos símbolos. Era a fila para entrar em uma das maiores convenções de Anime da cidade.

Logo no começo dela, três figuras entraram quase aos tropeços, mal conseguindo manter os pulsos estáticos para receberem suas pulseirinhas de papel. Já podiam ouvir as primeiras vozes tentando vencer o concurso de karaokê com temas de animes – e que já sabiam quem não venceria pelo falsete. Do outro lado da entrada, as marcações da quadra de esportes desapareciam sob uma série de barracas e estandes salpicados de produtos, roupas e acessórios em promoção. Enquanto que, dentro do colégio, salas temáticas já começavam a encher com atrações específicas para cada nicho, como torneios de card-games, grupos de debates e aulas de mangá.

Uma pessoa comum se sentiria perdida em um lugar como aquele, o que não acontecia com Aika. No auge de seus onze anos, sorria de orelha a orelha enquanto caminhava, deixando para trás do portão sua rotina de quem estudava ouvindo o quanto aquilo era "coisa de criança" ou "do demônio". Ali dentro não havia ninguém para chamá-la de esquisita ou boba, para zombar de seus desenhos, para impedi-la de ser quem era. Estava em casa.

Respirou fundo para tentar apagar o fogo no estômago de quem ia ao seu terceiro evento, porém pela primeira vez como cosplayer. A fantasia de Kinryuu transformava a pequena menina de cabelos rebeldes e olhar brilhante em uma miniatura do herói que marcava aquela década: manta roxa, calças brancas e botas pretas. Seus cabelos negros alisados por horas de chapinha balançavam contra o vento e eram presos pela característica bandana roxa que levantava sua franja. O tamanho diminuto da jovem tornava aquele cosplay quase uma comédia, o que virou uma sensação. Vários fãs iam e vinham fotografá-la, alguns gritando "que fofinha!", "que gracinha", "um mini-Kinryuu" (esta última, sempre acompanhada de exclamações ao notarem que era uma menina).

Toda aquela atenção era nova para Aika, mas ela não se intimidou. Fazia caras e poses imitando o herói, a timidez dando lugar à confiança do que se tornaria seu futuro hobby. Sua parte preferida era quando algum outro cosplayer de Kinryuu se unia a ela para as fotos ou para conversar, embora, alguns deles arrancassem suspiros da menina que se derretia por um cabelo comprido. O último cosplayer de Kinryuu ainda deixou um selinho em sua bochecha durante a última foto e ela quase se desmanchou ali. Se seus pais soubessem...

– Aika, Aika... – ouviu Lis sussurrando em seu ouvido –, guarde esse sorriso antes que o Shinta perceba.

– Mas ele era tão... gatinho! Aiai, queria ter sua idade! não pega esse para você?

– Eu não! Não tenho tempo para isso!

– Certo, senhora universitária!

– Engraçadinha... – Lis, a mais velha entre os três fazia cosplay de Rie: vestia uma espécie de uniforme ninja preto de ombros descobertos, luvas grossas e calças tipo balão, com alguns bordados de flores em tons de rosa e prateado, além de lentes de contato verdes. O cabelo cacheado havia sido amarrado no coque-trança característico da heroína, mas sem ser alisado.