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Muralha.

Eu nunca havia desabafado com ninguém, só com LL, e porra vocês têm noção de como isso é constrangedor? Eu confiava na Manu, eu tenho certeza que tudo que ela está fazendo é pro meu bem e o bem do nosso filho. Puta merda cara, porque ela mexe tanto comigo Deus?

Com ela eu podia ser o Thiago que meus pais tinham e não o Muralha que os outros conheciam, eu me sentia a vontade pra ser que eu realmente sou. Pela a primeira vez depois de muitos anos eu consegui sorri, eu sorri pra ela. Puta que pariu essa mulher tá me deixando maluco.

Já fazia um tempo que a gente estava abraçados e calados, era bom ter ela assim, sentir sua barriga na minha e saber que junto com ela tem um grande pedaço meu em forma de pessoinha, era bom tê-la ao meu lado e saber que ela e meu filho estão bem, era bom sentir o calor do seu corpo ao meu.

- Muralha? - A voz doce da Manu quebra o silêncio que havia entre nós

- Hm - murmuro

- Qual a maior lembrança que você tem com os seus pais? - pergunta olhando pra mim.

Saiu do seu abraço e me sento no sofá colando as mãos sobre o joelho e pensando no meu tempo de criança com meus pais.

- Natal - respondo com um sorriso. Eu  ja estava sorrindo pro vento se brincar.

Ela se senta do meu lado e começa a me encarar como se dissesse "Vai continua" palavras que geralmente eu escuto na hora do sexo

- Meu pai decorava toda a casa com uma árvore meio velhinha sabe, piscas piscas quase todos queimados e alguns enfeites de Natal, a maioria era reciclado que eu mesmo fazia. Na ceia minha mãe fazia várias comidas gostosas que nem a sua, nos reuniamos nós três, e comíamos como se não houvesse amanhã. Mesmo com pouca coisas a gente conseguia ter uma alegria imensa no Natal, e eu guardo isso comigo sempre, junto com o sorrio dos meus pais.

Manu sempre prestava atenção, não tirava o foco de mim, nem por um segundo.

- Antes da minha mãe morrer o Natal era a melhor data da minha vida, se juntava eu e minha mãe, a família da Lu e a da Nanda e fazíamos uma ceia maravilhosa. Quando minha mãe morreu, ainda continuamos fazendo as mesmas coisas, mas nada era igual sem ela, nada mesmo - ela abaixa a cabeça.

Deito sua cabeça em meu peito e começo a fazer uma espécie de carinho, bem eu estava tentando, eu não sei lidar muito bem com essas coisas não.

- Quando os meus pais morreram, eu exclui o Natal da minha vida, nunca mais comemorei essa data, era como se ela fosse um dia qualquer pra mim - confesso e ela me encara confusa.

- Ue por quê?

- Porque no começo eu não tinha ninguém pra comemorar tal data comigo, depois quando fiz minhas amizades com aqueles viados, eu nunca quis comemorar Natal com eles, embora eles sempre insistiram, mas, eu não queria porquê se eu fosse comemorar, eu iria lembrar dos meus pais, e todo sofrimento ia voltar novamente, não que ele já tivesse ido embora sabe? Mas ele iria vim mais forte dessa vez.

- Eu te entendo Thiago - ela diz e eu encaro ela, pelo o fato dela ter me chamado pelo o nome e não pelo o vulgo.

- Desculpa foi sem querer.

- Não precisa se desculpar ruiva, eu gostei de ver tu me chamando pelo o meu nome verdadeiro, se quiser pode continuar chamando por ele. - coloco uma mexa do seu cabelo atrás da sua orelha.

- Você não pensa em comemorar novamente? - pergunta mudando o assunto.

- O que? Tu chamando meu nome? Pra que comemorar isso - Dou uma de desentendido pra irritar ela.

- Aí Thiago claro que não, eu tô falando do Natal seu chato - Dou um sorriso, gosto de quando ela me chama pelo o nome.

Não tô dizendo tô feito viadinho sorrindo pro nada.

- Na verdade eu não sei, tanta coisa mudou ultimamente, coisas que eu não queria, por exemplo ter um filho, se tornaram coisas que eu mais quero nesse mundo. Então eu não sei responder sua pergunta. - Ela assente uma vez com a cabeça.

- Eu tô com sono - resmunga.

- Eu também tô ruiva, e amanhã tenho que acordar cedo, vou passar o dia todo na boca.

- Hm - reclama.

- Fica assim não, quando eu voltar eu trago sua surpresa.

- Já tinha me esquecido - sorri. Esse sorriso dessa mulher é muito lindo. 

- Eu... posso dormir com você hoje? - Pergunto meio que tímido.

- Eu não sei senhor Thiago, vou pensar no seu caso - fala em tom sarcástico

- Deixa de ser chata Manu - Bagunço seu cabelo.

- É assim? Então não vai dormir comigo hoje - cruza os braços.

- Eu vou sim

- Eu só vou deixar, porquê eu querendo ou não tu vai do mesmo jeito não é mesmo? - ela fala arqueando a sombracelha

- É isso aí, vou mesmo.

- Então vamos logo que eu tô morta de sono.

Ela se levanta do sofá e vai subindo as escadas, e eu simplesmente acompanho ela até chegar em seu quarto.

- Já tá bom de tu dormir comigo né? - Pergunto fechando a porta.

- Tudo tem seu tempo

- Mas vai que acontece alguma coisa e tu não consegui gritar por ajuda.

- Depois a gente resolve isso. - fala retirando a coberta da cama e colocando os travesseiros.

- Depois quando? - falo insistente.

- Aí eu não sei Muralha, amanhã talvez, eu não sei - diz um pouco irritada e se deita na cama.

- Vai dormir sem tomar banho né porquinha - tiro a blusa e short e me deito ao seu lado.

- Já tomei banho meu amor, tô limpinha, vou nem colocar pijama, já que essa roupa é de ficar em casa. - fala olhando pro seu corpo, como se tivesse pedindo aprovação pra ela mesma.

- Tá, tá vamos dormir né? - falo pegando o controle onde apaga as luzes.

- Boa noite ruiva

- Boa noite Thi - era uma sensação tão boa vendo ela me chamar desse jeito.

Desligo as luzes e coloco meus braços em sua cintura, envolvendo a gente em um abraço.

- Thiago? - Manu pergunta.

- Hm? - sussurro.

- Você acha que seus pais teriam gostando de mim? - ela pergunta com um certo receio.

- Meus pais era desse mesmo jeito que você, principalmente minha mãe, eles gostava de ajudar os outros, vivia sempre com um sorriso estampado no rosto e fazia de tudo pra vê os outros bem, então si, eles teria adorado conhecer você, pena que não conseguiram te conhecer.

- Fico feliz em ouvir isso - Dou um beijo em sua cabeça e logo em seguida sinto sua respiração pesada e depois pego lentamente no sono

Desejo de posse (Morro) {Concluída}Onde as histórias ganham vida. Descobre agora